Jornalismo Júnior

logo da Jornalismo Júnior
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

‘Misery’ explora a dimensão do fanatismo em nova versão brasileira

Peça baseada em obra de Stephen King leva tensão e suspense aos palcos do TUCA
Por Mirela Costa (mirelacosta@usp.br) e Sarah Kelly (sarahkelly@usp.br)

Já imaginou se a vida do seu ídolo estivesse em suas mãos? É o que acontece com a enfermeira Annie Wilkes (Mel Lisboa), quando resgata seu autor favorito após um acidente de carro. Autointitulada a maior fã de Paul Sheldon (Marcello Airoldi), Annie abriga o escritor em sua casa e o ajuda com primeiros socorros. O rumo da relação de Annie e Paul muda, porém, quando a enfermeira descobre o desfecho trágico de Misery Chastain, sua personagem predileta dos livros do escritor. A partir de então, o que parece um encontro ocasionado pelo destino entre uma fã e seu ídolo, se torna uma série de ameaças e torturas comandas por Annie. 

Este é o enredo de Misery, uma adaptação teatral do romance Misery – Louca Obsessão (Editora Francisco Alves, 1991), de Stephen King. De volta a São Paulo para mais uma temporada, a peça traz ao público um enredo carregado de suspense e fica em cartaz no Teatro TUCA até 31 de março. As sessões de sexta acontecem às 20h30, aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 17h. Os ingressos variam entre R$60, a meia entrada e R$120, a inteira. 

Autenticidade da nova adaptação

“Estamos colocando no palco uma peça de suspense, gênero pouco montado no Brasil. É um estilo teatral que oferece uma experiência muito rica a quem assiste”, afirma Alexandre Galindo ao Sala33. O ator, que interpreta Xerife Buster, diz que a peça tem atraído principalmente um público jovem, leitor de Stephen King e que nunca havia ido ao teatro antes. 

Misery é uma aula de como contemporizar uma história sem tirar sua essência [Imagem: Divulgação/WB Produções/Leekyung Kim]

O roteiro de Misery já ganhou outras adaptações de sucesso, como o filme Louca Obsessão (1990), vencedor do Oscar e do Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz em 1991. Além disso, em 2005, Marisa Orth e Luís Gustavo também deram vida a Anne e Paul nos palcos. No entanto, a versão dirigida por Eric Lenate explora de forma mais complexa a relação entre a enfermeira e o escritor, desta vez representados como personagens mais desenvolvidos e menos superficiais. 

Para Mel Lisboa, Annie abandona os estereótipos relacionados à loucura feminina e expõe melhor o seu lado humano. “Há um olhar contemporâneo que tira os elementos mais misóginos e dá mais ambiguidade para a personagem”, explica a atriz. Embora a protagonista ainda tenha uma obsessão clara e ações que merecem repressão, a Annie interpretada por Mel consegue ganhar mais empatia do público. A atriz conta que essa aproximação acontece “na medida em que ela sofre com a solidão, também quando mostra que é uma mulher divertida”. 

Além da mudança dos personagens, a peça também se caracteriza pelo bom aproveitamento de recursos audiovisuais e luzes. Juntos, esses elementos criam uma tensão nos espectadores da tragicomédia, o que é fundamental para tornar a trama ainda mais cativante. Durante as duas horas e meia de espetáculo, é difícil não se envolver e se perguntar, do início ao fim, qual será o destino de Paul Sheldon.

Annie aparece em vídeo projetado em uma das cenas mais assustadoras de Misery [Imagem: Divulgação/WB Produções/Leekyung Kim]

Embora tenha um elenco reduzido, com apenas três atores, Misery é, sem dúvidas, uma produção grandiosa. Prender a atenção do público em uma história que se passa unicamente em uma casa não parece uma tarefa fácil, mas com figuras carismáticas e um cenário rotativo, a peça consegue cumprir o objetivo com maestria.  “É um mecanismo teatral absolutamente lindo de se ver,  feito sempre em função de contar essa história que é tão importante e intrigante”, opina Marcello Airoldi em entrevista para o Sala33.

Atualmente Misery está em São Paulo pela terceira vez e, nesta temporada, a peça não contou com patrocínios. Com isso, a adesão do público é essencial para que o espetáculo volte a ser encenado, o que não deve ser problema para a produção que já foi vista por mais de 45 mil pessoas. Adaptações internacionais de suspense não são frequentes nos palcos brasileiros e, por isso, assistir Misery é uma oportunidade única.

*Imagem de capa: Divulgação/WB Produções/Leekyung Kim

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima