[A Árvore]
Dirigido e adaptado do livro Our Father Who Art in the Tree pela francesa Julie Bertuccelli, o premiado filme “A Árvore” (The Tree) chega aos cinemas do Brasil no dia 7 de janeiro com o prestígio de ter encerrado o Festival de Cannes de 2010 e a aprovação do público paulista, que o escolheu como a melhor produção exibida na 34ª Mostra Internacional de Cinema.
Quando Peter O’Neil (Aden Young) morre após sofrer um infarto, sua esposa e seus quatro filhos têm de lidar, cada um à sua maneira, com a perda inesperada. Dawn (Charlotte Gainsburg) sente tanto a falta do marido que inicialmente se esquece das responsabilidades que tem como mãe e acaba por delegar todos os trabalhos ao filho mais velho, Tim (Christian Byers). Dentre as outras crianças, Simone (Morgana Davies), a única menina, era a mais apegada ao pai, tanto que não consegue admitir que ele se foi para sempre.
Ela acredita poder ouvi-lo através das folhas da gigantesca árvore de seu quintal e, a partir disso, passa a considerar a planta como a própria personificação de Peter. A crença de Simone é tão forte que ela se rebela de modo surpreendente quando sua família tenta derrubar a árvore, já que esta começa a ameaçar a estrutura de sua casa e a da vizinha.
Essa sensibilidade ao tratar da dor como um sentimento extremo e que leva as pessoas aos seus limites permeia toda a produção. A bela fotografia aliada a uma trilha sonora que funciona valorizam a intensidade com que os atores interpretam seus personagens. Além disso, a natureza australiana quase que onipresente e o vislumbre de detalhes da relação familiar contribuem para a atmosfera simples do filme.
Tudo isso conflui para o que parece ser o grande mote de “A Árvore”: a dificuldade de superação de uma grande perda aliada ao surgimento de pequenos problemas do dia-a-dia. O que poderia ser facilmente resolvido, como a retirada de uma árvore, é dificultado em função da situação em que a família se encontra, sem seu pai, marido, amigo. Às vezes, é preciso recomeçar completamente do zero para se poder enfrentar o cotidiano.
Por Meire Kusumoto