Por Rafael Dourador (rafa.dourador@usp.br)
Na manhã da última sexta-feira (8), a seleção brasileira feminina de voleibol foi derrotada pela equipe norte-americana após cinco sets de muita emoção na semifinal das Olimpíadas de Paris 2024. Até esta partida, o Brasil, que vinha como grande favorito para a conquista da medalha de ouro, estava invicto e não tinha perdido nenhum set.
A eliminação para um adversário que costuma ser uma pedra no sapato da Seleção foi recebida com muita tristeza pela bicampeã olímpica Thaísa, que sonhava com o terceiro ouro olímpico da carreira: “Pra mim, é muito pouco. Vou dar o meu melhor para estar no pódio, porque esse time merece. Querendo ou não, é uma medalha olímpica. Mas eu acho que a gente merecia estar na final, merecia o ouro demais”, disse ao GE.
Contudo, a equipe ainda tem chance de conquistar o bronze e garantir seu lugar no pódio de Paris. A partida está marcada para o sábado (10) às 12h e será contra a Turquia — campeã da Liga das Nações em 2023.
O jogo
Para enfrentar os EUA, Zé Roberto Guimarães preferiu confiar na tática que tinha funcionado até o momento e entrou em quadra com sua equipe titular desta edição dos Jogos Olímpicos: Rosamaria, Gabi, Carol, Thaisa, Roberta e Ana Cristina.
As americanas começaram a todo vapor e abriram cinco pontos de vantagem logo no início do jogo. O Brasil estava sofrendo muito com o bloqueio das centrais adversárias, até que o técnico brasileiro pediu tempo para acalmar o time e esfriar os EUA. A estratégia funcionou e, momentaneamente, o Brasil melhorou seu desempenho, especialmente com as entradas de Macris e Tainara no lugar de Roberta e Rosamaria.
Contudo, no melhor momento das brasileiras no set, Karch Kiraly, técnico dos Estados Unidos, pediu tempo e a equipe se reorganizou. Mesmo com toda a pressão e volume de jogo do Brasil, que chegou a ficar na frente do placar, as americanas souberam lidar melhor com a tensão e tomaram as rédeas da parcial até fechar o set.
O segundo set iniciou com pontos alternados e muita vontade das duas equipes. Desta vez, o Brasil foi quem ficou à frente do placar logo de cara e não deu chances para as adversárias. Quando os EUA ensaiaram uma melhora, Zé Roberto inteligentemente pediu tempo técnico para eliminar qualquer chance de reação. Ana Cristina tomou conta do set e marcou 11 pontos. Foi a própria ponteira que fechou a parcial de 25 a 18, mantendo o Brasil vivo na partida.
Ana Cristina foi medalhista de prata em sua estreia nas Olimpíadas de Tóquio, aos 17 anos [Reprodução/Instagram:@cbvolei]
Diferentemente do segundo set, o terceiro foi de claro domínio norte-americano. Apesar do início equilibrado, com pontos para cada lado, não demorou muito para os Estados Unidos encontrarem o seu jogo e o Brasil viu o placar ficando cada vez mais elástico. Com a confiança sendo o fator primordial — como em qualquer decisão — a equipe que estava menos à vontade passou a errar mais e os EUA fizeram 2 a 1 nos sets, após uma decepcionante parcial de 25 a 15.
O quarto set era decisivo para o Brasil, e por isso, foi muito disputado até o fim: se perdesse, estaria fora da disputa para a final, se vencesse, teria uma chance no tie break — como é chamado o quinto set no vôlei. As brasileiras lutaram conforme o momento exigia e não se deixaram abater. Acostumada a chamar a responsabilidade, Gabi conduziu a Seleção para a vitória no quarto set. Com sete pontos, ela foi a maior pontuadora da parcial, juntamente com Andrea Drews, dos Estados Unidos. No último ponto, o árbitro marcou uma invasão de Ogbogu, Karch Kiraly desafiou — como é chamado o pedido de revisão de um lance — mas não foi bem sucedido, terminando a parcial por 25 a 23 para o Brasil.
O tie break tem duração mais curta que os sets anteriores, pois termina com a primeira equipe que alcançar 15 pontos — mantendo sempre dois pontos de diferença do adversário, conforme em outras parciais.
Neste caso, os erros podem ser determinantes para uma derrota. Foi o que ocorreu com o Brasil ao começar na frente e perder a confiança ao longo da disputa. Desgastadas, as brasileiras cederam cinco pontos de erros até o final do set — exatamente um terço de uma parcial. Os Estados Unidos, por outro lado, aproveitaram as chances e a ponteira Plummer, que já somava 25 bolas ao chão, explorou o bloqueio brasileiro para fechar o set e decretar a vitória norte-americana.
Ao final da partida, Rosamaria lamentou a derrota, mas exaltou o esforço da equipe: “Não faltou entrega, não faltou dedicação. É uma pena, a gente acreditava e sigo acreditando que merecemos uma medalha e a gente vai em busca dessa medalha de bronze”, disse à CazéTV.
A ponteira Kathryn Plummer foi a maior pontuadora do jogo, com 26 pontos [Reprodução/Instagram:@usavolleyball]
Imagem de capa [Reprodução/Instagram:@cbvolei]