A minha história com o Grêmio, para ser exata, começou no meu primeiro ano de vida. Sou filha, neta e afilhada de gremistas, prima de um torcedor completamente fanático pelo tricolor gaúcho… consegue imaginar, né? A minha infância e adolescência foram marcadas por muitas mudanças para vários estados do nosso Brasil – nenhuma para o Rio Grande do Sul -, além de pouquíssimos jogos no saudoso Olímpico, devido aos numerosos quilômetros que me separavam da capital, Porto Alegre. Absolutamente nada, ninguém e nenhuma distância diminuiu tanto amor. O sentimento vai muito além da razão.
Certamente, a paixão da minha família materna pelo futebol porto-alegrense passou de geração em geração. Ouvi os inúmeros feitos na década de 90, desde pequena – das zagas de Adilson Batista e Rivarola, do “cangaceiro dos pampas” Dinho, do goleiro Danrlei e, claro, de Renato Portaluppi. Uma das primeiras coisas que aprendi foi cantar o hino do Grêmio, palavra por palavra. “Até a pé nós iremos, para o que der e vier…” e por aí vai. Desde que nasci, sou tricolor.
Infelizmente, não assisti a conquista do heptacampeonato estadual entre 56 e 68. Não vi o Grêmio ser campeão mundial em 83, bem como não presenciei o triunfo do bicampeonato da Libertadores em 95 – algumas desvantagens de ter nascido em 2002, eu diria. No entanto, em 2016, vi o Grêmio se sagrar como o único time detentor de cinco taças da Copa do Brasil e também pude acompanhar todas as partidas, sem exceção, para ver a conquista do tricolor no tri da Libertadores em 2017.
Só quem é gremista entende o significado da expressão “puro sentimento” – e digo mais, não precisei presenciar o nascimento desse timão em 1903 para vivenciar tudo isso. É sobre sentir o coração bater mais forte a cada segundo. É ver todos os pelinhos do braço arrepiarem a cada momento. Hoje, eu entendo a honra de vestir a camisa gremista. Afinal, ser tricampeão das Américas não é para qualquer um.
Nesse misto de emoções, devo dizer: foi com muita felicidade (e nervosismo) que assisti o meu tricolor ser tetracampeão gaúcho no último domingo, 23 de maio. 2018. 2019. 2020. 2021. “Tu és a alegria do meu coração. Sabe, é um sentimento. O que nós queremos é ser campeão”. E, dessa vez, não foi diferente. Uma partida repleta de emoções do começo ao fim.
Primeiro tempo
O Gre-Nal número 432, realizado na grandiosa Arena, começa equilibrado: sem muitas chances lado a lado, há faltas, quedas e atendimentos médicos.
Aos 14’, após cobrança de escanteio de Ferreirinha, camisa 11, Geromel quase abre o placar, mas a bola sai raspando pela trave direita. A resposta do Internacional vem alguns momentos depois, quando Thiago Galhardo, aos 28’, recebe o passe de Palacios e tenta o chute no canto do goleiro Brenno. Bola na linha de fundo. Fora.
Aos 37’, a rivalidade dos gaúchos vem à tona. O clima esquenta entre Rafinha e Yuri Alberto. O atacante colorado reclama de agressão e o lateral gremista rebate. Resultado? Vermelho para os dois. Após a expulsão, o técnico Tiago Nunes faz sua primeira alteração no time, aos 42’: sai Maicon e entra Vanderson.
Aos 51’, após os acréscimos e muita bola rolando… GOOOOOOOL DO GRÊMIO! Em um lance rápido de contra-ataque, Matheus Henrique aciona o centroavante Diego Souza e, assim, abre para Ferreira. O atacante corta a dupla marcação do Inter e chuta no canto esquerdo da meta colorada. Sem chance para Marcelo Lomba. Grêmio 1 a 0 Internacional.
Fim do primeiro tempo.
Segundo tempo
Com 14’ jogados, Matheus Henrique vai à linha de fundo pela direita e cruza. Lomba defende com um tapinha. É escanteio.
Aos 21’, falta para o Internacional. Geromel atinge Palacios e o árbitro, Leandro Vuaden, marca a falta. Moisés faz a cobrança pelo lado esquerdo e a bola vai para a área. O meia Rodrigo Dourado aparece livre para cabecear e é gol. Grêmio 1 a 1 Internacional. Haja coração!
O Inter tem uma chance de virar o placar aos 28’. Guerrero cobra a falta e explode na barreira. No rebote, chuta para fora. Ufa!
Dois minutos depois, Nonato passa para Palacios, que chuta com perigo, rasteiro. Brenno salva a bola (e o coração dos gremistas).
Aos 36’, o camisa 11 abre para Vanderson na direita, que invade a área com velocidade, passa pela marcação e chuta forte. Trave!
Após três minutos, Ferreira recebe a bola na meia esquerda, dribla e vem para o gol. Fica cara a cara com o goleiro, mas manda em cima de Marcelo Lomba. É escanteio.
Em seguida, o juiz dá alguns minutos de acréscimo. Ferreirinha parte para o ataque mais uma vez, invade a área e chuta. Lomba consegue defender.
Logo após, aos 47’, Pepê entra na grande área e passa para Ricardinho. O cruzamento, já na pequena área, bate na canela do jogador e sai pela linha de fundo. Já é quase fim de jogo!
51’. Finalmente.
Apita o árbitro. Final de jogo: Grêmio 1 a 1 Internacional. Vitória.
O Grêmio mantém sua invencibilidade nos clássicos Gre-Nais, na Arena. O tricolor é imortal! E eu amo essa loucura!
40 vezes Grêmio! Conquistamos nosso quadragésimo (sim, quadragésimo!) título do Campeonato Gaúcho. Levanta a taça! Dá-lhe, tricolor!
Somos puro sentimento, somos loucos apaixonados e, ainda, intensos de alma. Viemos do bairro da Azenha, bairro do Monumental. O que é certo? Nós estaremos com o Grêmio, onde o Grêmio estiver… Pronto, a torcida respira aliviada, continuamos invictos. Nós somos do Grêmio, o clube mais copeiro! Somos campeões do mundo inteiro! Pode gritar, gremistada: É TETRAAAAAA!
*Imagem da capa: Diego Souza levantando a taça do Campeonato Gaúcho [ Arquivo Pessoal]
Ótimo texto! Levantar taça em cima do rival é uma das melhores sensações no Futebol e estadual é isso, é clássico, é tradição! É a nossa história! Com o Grêmio onde o Grêmio estiver!
TEXTO MARAVILHOSO,escrita sensacional e emocionante
fez uma rival ler até a ultima palavra!!!