E finalmente a VII Semana de Fotojornalismo chegou ao seu último dia e contou com a presença especial da fotográfa Mônica Zarattini, editora-assistente de fotografia do jornal O Estado de São Paulo e vencedora de importantes prêmios como Vladimir Herzog e Embratel.
Em duas horas de palestra, a fotográfa comentou os principais momentos de sua carreira como fotojornalista, desde seus primeiros trabalhos para jornais sindicais até sua consagração ao ganhar o 23 ?Vladimir Herzog e o 3? Prêmio Embratel em 2001 pela emblemática foto “Rebelião 2”, na qual fotografou a triagem dos detentos do presídio Carandiru.
Um dos principais assuntos discutidos foram as dificuldades enfrentadas pelas mulheres na profissão, “Existem vantagens e desvantagens. Por um lado, as mulheres tem uma abordagem diferente da do homem, elas conseguem maior confiança das pessoas. A grande desvantagem é ter de disputar espaço em ambientes machistas, como em jogos de futebol e em presídios, por exemplo”, disse. “Mesmo assim, essa diferença entre fotográfos homens e mulheres é muito relativa, não existem um campo delimitado nesse sentido”, acrescentou.
Outro tema bastante questionado, diz respeito as mudanças que ocorreram no mercado do fotojornalismo dos últimos anos “Está extremamente difícil. Os jornais não estão mais contratando fotográfos. Surgiram muitas agências menores, dos quais os grandes jornais compram as fotos. Esse modelo de fotográfo contratado tende a desaparecer” e ainda acrescentou “O fotojornalismo vive um cenário de muita disputa. O fotográfo não tem mais tempo de trabalhar o material, ele precisa enviar as fotos imediatamente”. Outro ponto que foi destacado é a crescente invasão da publicidade nos espaços do jornal que deveriam ser destinados à notícias “Cada vez mais, as páginas de jornalismo investigativos tem sido substituídos por fotos de celebridades e também pela publicidade”.
Em um cenário de crise do jornal impresso, em que a chamada “grande mídia” perde espaço, Mônica apontou que ainda é precipitado avaliar que os grandes meios de comunicação perderam toda credibilidade “Os jornais ainda são amplamente compartilhados”, disse. E se manteve positiva quanto ao impacto da internet na nova geração “Essa nova forma de se informar [pela internet], é muito importante. Quebrar o monopólio das grandes redes de televisão é difícil e é isso que a internet está possibilitando”.
Mesmo assim se mostrou cética quanto à proposta de um jornalismo totalmente imparcial, que vem ganhando destaque na rede, com novas plataformas como o Mídia Ninja “Não existe jornalismo imparcial. O momento da filmagem, já é um tipo de edição. O jornalismo é o produto de um tipo de visão, mas o que busco sempre fazer, é dar ao leitor a visão mais ampla possível, mas nem sempre isso é totalmente vitorioso”.
Mônica terminou sua palestra explicando seu projeto de pesquisa para o mestrado, em que compara o uso da legenda e sua relação com a fotografia em vários jornais do mundo inteiro, ela explica “Infelizmente os jornais usam muito a fotografia como um valor de prova do texto escrito, são imagens repetidas, de fácil entendimento que já foram vistas na TV e na internet”. Ela citou o caso dos atentados de 11 de setembro e mais recentemente o caso do massacre em Realengo “Eu busquei analisar como diferentes jornais retrataram esses casos. Eu dissequei as legendas e as comparei com as fotografias publicadas na matéria”.
Por Isabelle Almeida
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