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Um amor impossível: de relações abusivas a objetificação da mulher

França, década de 1950. A datilógrafa Rachel (Virginie Efira) conhece o jovem burguês Philippe (Niels Schneider), um tradutor parisiense que trabalhava temporariamente na pequena cidade de Chateauroux. A moça sente-se atraída pela personalidade cética de Philippe e os dois passam a se encontrar diariamente, criando assim um vínculo forte que logo transforma-se em paixão, retratada …

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França, década de 1950. A datilógrafa Rachel (Virginie Efira) conhece o jovem burguês Philippe (Niels Schneider), um tradutor parisiense que trabalhava temporariamente na pequena cidade de Chateauroux. A moça sente-se atraída pela personalidade cética de Philippe e os dois passam a se encontrar diariamente, criando assim um vínculo forte que logo transforma-se em paixão, retratada no longa francês Um Amor Impossível (Un Amour Impossible, 2019). 

Philippe, figura típica do homem boêmio, faz questão de passar a maior parte do tempo tentando mostrar que é mais culto e inteligente que Rachel, enquanto a personagem, por sua vez, não faz nada além de calar-se diante das falas do rapaz, o que acaba por transmitir ao público a figura de uma mulher submissa. Realidade machista imposta a milhares de mulheres ao redor do mundo, seja na vida privada ou na profissional. 

A narrativa desenvolvida durante o filme avança de forma linear — sem grandes marcas de transição, o que dificulta a compreensão sobre a cronologia da história —  até que Rachel, estando em Chateauroux, descobre estar grávida e dá a luz a pequena Chantal, enquanto Philippe já havia retornado à Paris. 

Rachel em seu ambiente de trabalho no início da trama [Foto: Divulgação]

A menina cresce sem ser registrada no nome do pai, o que desenvolve duas ideias opostas sobre o comportamento da mãe em relação a situação: ao mesmo tempo em que Rachel deseja dividir as responsabilidades da criação da filha com o ex-companheiro, também mostra-se conformada com o cenário ao não insistir com ênfase na questão quando se encontra com Philippe. Em contrapartida, o parisiense continua enxergando Rachel como sua amante de classe baixa, a quem pode recorrer sempre que sentir vontade, apenas para suprir seus desejos sexuais, e sem grande apego a criança fruto da relação dos dois.

Philippe encontra-se com mãe e filha algumas vezes ao longo do filme e, quando finalmente resolve aproximar-se de Chantal, desencadeia uma série de  comportamentos problemáticos na garota. Comportamentos com os quais a mãe não consegue lidar, mas também não a questiona ou confronta o ex para saber os motivos de tais atitudes por parte da filha.

Rachel, Chantal e Philippe [Foto: Divulgação]

A fotografia do filme faz um trabalho notável ao despertar no espectador o encanto pelos belos cenários franceses. No entanto, a trilha sonora deixa a desejar, já que a maior parte do filme acontece no silêncio — inclusive, os personagens pouco se comunicam para entender os próprios conflitos.

O roteiro do longa aborda questões importantes sobre comportamentos e padrões estabelecidos pela sociedade classicista e hierárquica da época, além de levar o público a refletir sobre qual dos amores entre os personagens é de fato impossível. No fim, saímos com a sensação de que a falta de diálogo ergueu barreiras entre os protagonistas e que, embora bem pensada, a história peca pelo desenvolvimento incompleto de alguns pontos, fazendo necessária uma interpretação mais atenciosa por parte do público.

O longa estreia nos cinemas brasileiros em 22 de agosto e você pode conferir o trailer aqui:

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