“Doce Vingança” (I Spit On Your Grave) é um terror dirigido por Steven N. Monroe que apela para a tortura e a violência. E o apelo não é pequeno. Remake de A Vingança de Jennifer, produzido em 1978, o filme consegue ser ainda mais perturbador que o original. Sem um grande roteiro, atuações ruins e personagens pouco elaborados, o filme só poderia contar com uma grande dose de agressão para prender a atenção do público. Com uma hora de tortura e estupros e 40 minutos de pura vingança, é preciso ser forte para resistir até o final.
O filme conta a história de Jennifer Hills (Sarah Butler), uma escritora que procura um lugar tranquilo para escrever o seu segundo romance. Hospedada em um chalé isolado em uma cidade do interior, atrai a atenção de quatro moradores que resolvem assustá-la – um início um tanto clichê para um filme de terror. O susto, porém, avança para a tortura e a violência e como se não bastasse um xerife se junta aos quatro delinquentes, mostrando que pode ser ainda pior. O rol de estupros se inicia e quando tudo termina, Jennifer é largada à beira da morte.
Ela, então, após recuperar suas forças, retorna decidida a se vingar. Mas a vingança não é doce como propõe o título do filme em português. Ela é amarga, crescente, diabólica. O que era violência até então são cócegas ao restante do filme. É nessa parte que a pura observação passa à indagação: “Ela não está indo longe demais? Os delinquentes mereciam tudo isso?”. O interessante é que da maneira como o enredo é ordenado, todos passam a ficar do lado de Jennifer e cada ato de vingança é um grito de vitória, rendendo boas risadas à plateia.
Doce Vingança tem alguns pontos de convergência com o filme original. Ambos são produzidos com atores não muito conhecidos e têm a violência como característica principal, o que tem sido algo recorrente aos filmes atuais. Mas tal violência não se assemelha aos roteiros não-lineares e diálogos engrandecedores do “violento” Tarantino; ela escandaliza o público, mas não traz nada de novo, é presa a um roteiro fraco com um final que pode ser facilmente previsto.
Por Jéssica Stuque