Na última terça (3), ocorreu mais uma edição do USP Talks. O programa é um projeto da Pró-Reitoria de Pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) em parceria com o Jornal da USP e aborda temas variados, com o objetivo de aproximar pesquisas acadêmicas da população. A edição de tema DNA do Brasil: Origens e características genéticas da população brasileira ocorreu em transmissão ao vivo pelo Canal USP do YouTube, como tem sido desde maio, devido à pandemia. Mediado por Herton Escobar, jornalista científico e repórter do Jornal da USP, o programa contou com palestrantes do Instituto de Biologia (IB) da Universidade de São Paulo.
Lygia começou explicando o que é genoma, gene e DNA. Simplificadamente, o genoma é a receita que instrui o funcionamento de nossa células e do nosso corpo, o DNA é o que compõe o genoma e o gene são as instruções específicas, como “produzir determinada proteína”. Uma coisa interessante apontada por ela é que o genoma dos humanos são 99,9% iguais e que o restante é responsável por nossas características e por tornar-nos diferentes. A biofísica acrescentou que a importância de sequenciar o genoma é justamente descobrir qual é essa parte variante e como cada pedaço desse 0,1% pode predispor certas doenças. Com isso, é possível desenvolver tratamentos mais adequados e precisos.
Passada a palavra Tábita, a bióloga explicou como o sequenciamento do genoma brasileiro pode contribuir para além dos benefícios médicos. Ela contou um pouco da chegada dos muitos povos que formaram a população brasileira e como eles contribuíram para miscigenação. Ela pontuou que, muitas vezes, essas populações foram silenciadas, apagadas e extintas, e como o sequenciamento genético pode auxiliar na recuperação dessa história.
Em seguida, foi aberta a sessão de perguntas, e o primeiro questionamento foi sobre o testes de DNA que “rastreiam” as origens, se são seguros e se podem indicar doenças. Lygia respondeu que para descobrir ancestralidade o teste é eficaz, mas que não pode ser usado para descobrir predisposições a doenças. O DNA avaliado nesses testes é um apenas um pedaço que não representa todo o genoma, e, além disso, decodificá-lo e entendê-lo é um desafio que ainda está distante de ser realizado.
Lygia ainda comentou sobre o andamento do projeto DNA do Brasil, sobre como tem sido a procura por voluntários para a pesquisa e como elas têm contado com o apoio da iniciativa privada. Ela também fala que, pelos genomas já sequenciados, foi possível concluir as hipóteses sobre as variantes que compõem o DNA brasileiro, tanto as já conhecidas e esperadas quanto novas variantes. Tábita contou sobre algumas descobertas que já podem ser vistas durante o andamento do projeto e quais os próximos passos a serem dados.
A transmissão continua disponível no YouTube e você pode encontrá-la na íntegra pelo link.