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FLIPOP 2021: Dias 1 e 2

Com grandes nomes da literatura para jovens adultos, festival apostou em plataforma interativa e na diversidade de formatos literários para discutir representatividade na adolescência

O Festival de Literatura POP (FLIPOP) chega a sua quinta edição, organizado pela editora Seguinte — selo jovem da Companhia das Letras — em parceria com várias outras editoras. Seguindo o modelo do ano passado em decorrência da pandemia de Covid-19, a FLIPOP 2021 foi realizada de forma totalmente online e gratuita, ao longo de quatro dias (22 a 25 de julho). O diferencial deste ano foi a plataforma exclusiva utilizada nas transmissões ao vivo, que contou com simulação de ambiente e espaços para interação.

Além da participação em sessões de autógrafos mediante compras de livros, o público pôde acompanhar bate-papos com autores nacionais e estrangeiros e discutir leitura e escrita na juventude, bem como representatividade em seus mais diversos aspectos. Confira o que rolou nos dois primeiros dias do festival.

Dia 22/07, quinta-feira

Por Equipe Sala33

 

FLIPOP 2021: simulação de espaço físico representando um grande saguão com painéis azuis nas laterais e, no centro, um balcão cinza acima do qual se l6e FLIPOP 2021 em azul
[Imagem: Reprodução/FLIPOP/Editora Seguinte]

O primeiro dia de FLIPOP 2021 foi aberto com a mesa “YA ontem e hoje”, que trouxe uma perspectiva do mercado de livros para o público jovem adulto (young adult, do inglês) nos últimos anos, tanto em termos de perfil de autores e leitores quanto de características do mercado editorial. Para falar sobre o assunto, a escritora, editora e colunista literária Frini Georgakopoulos mediou uma conversa entre a editora Ana Lima, o roteirista e escritor Juan Julian, autor de Querido Ex (Record, 2020), e a escritora Paula Pimenta, que tem um histórico de vinte anos de publicações YA no Brasil e no exterior.

Na sequência, a mesa “Quadrinhos para jovens” debateu o caráter clássico das histórias em quadrinhos e o crescimento do seu sucesso diante das possibilidades de divulgação das histórias pela internet. Participaram do debate a artista e ilustradora brasileira Isadora Zeferino, que ilustrou a série O Castelo Animado (Galera, 2021), Lila Cruz, que ilustrou a belíssima série Anne— releitura publicada pela Martin Claret em 2019 do clássico Anne de Green Gables, escrito por L. M. Montgomery — e Monge Han, quadrinista, animador e ilustrador. A mediação ficou por conta de Gabriela Borges, jornalista fundadora do Mina de HQ, que traz um olhar feminista para o contexto das histórias em quadrinhos.

A quinta-feira foi encerrada com um animado bate-papo em inglês (com tradução simultânea) sobre o tema “Romances em versos”. Participaram da conversa Elizabeth Acevedo, escritora e poetisa dominicano-americana, autora de Agora que ele se foi (Editora Nacional, 2021) e a dupla formada pela escritora premiada Ibi Zoboi e o ativista pela reforma carcerária Yusef Salaam. Zoboi e Salaam são autores de Socando o ar (HarperCollins Brasil, 2021), que emociona ao abordar negritude, adolescência e (in)justiça no sistema judiciário.


Dia 23/07, sexta-feira


“Histórias escritas nas estrelas”, com Leo Oliveira, Luly Trigo, Papisa e Vítor diCastro

Por Gabriela Lima

 

FLIPOP 2021: Fundo azul com cinco telas de videochamadas dispostas à esquerda e uma tela de tradução para Linguagem Brasileira de Sinais à direita
[Imagem: Reprodução/FLIPOP/Editora Seguinte]

O segundo dia da FLIPOP 2021 foi inaugurado com uma mesa dedicada à astrologia na literatura contemporânea e teve participação de Leo Oliveira, escritor de Sobre amor e estrelas (e muita intensidade) (Rocco, 2021), Luly Trigo, roteirista e autora de O Reino de Zália (Seguinte, 2018), e Vítor diCastro, autor de Inferno Astral (Outro Planeta, 2020). A conversa, que contou ainda com a participação de Papisa, especialista em astrologia que aprofundou o debate sobre o tema, foi mediada por uma das editoras da Seguinte, Gabriela Tonelli. 

Com muito alto-astral e descontração, o bate-papo começou pelo papel da astrologia na vida dos jovens. Papisa afirmou que é importante o jovem ter uma “ferramenta lúdica” para se conhecer melhor, porém a todo momento fez questão de ressaltar que a astrologia não substitui a psicologia. Apesar de fugir um pouco do âmbito literário, a discussão foi fundamental e houve muita identificação dos participantes por meio do chat da livestream.

Voltando à literatura propriamente dita, o ponto principal da mesa foram os livros que se inspiram na astrologia. Luly trouxe a discussão sobre como os escritores precisam ter cuidado para não cair nos estereótipos dos signos e comentou que precisou se aprofundar nesse assunto para seu novo livro. Vítor, que também apresenta e coordena o canal Deboche Astral, diz que, apesar de ter mergulhado nos estereótipos em Inferno Astral, procurou explorar os traços comuns mais “escondidos” de cada signo, usando da comédia para tanto.

Nos momentos finais, os três autores comentaram o processo criativo durante a pandemia e Leo lamentou a “perda de vivências”. Normalmente, o autor costuma refazer os passos dos seus personagens para dar maior autenticidade à história, porém com a pandemia isso se tornou impossível. “É como se nós estivéssemos vivendo na ficção agora”, conclui ele.

 


“Be gay do crimes whatever you want”, com Brenda Bernsau, Eric Novello e Giu Domingues

Por Diogo Bachega Paiva

 

FLIPOP 2021: fundo azul com quatro telas de videoconferência (duas mulheres em cima e um homem e uma mulher embaixo)
[Imagem: Reprodução/FLIPOP/Editora Seguinte]

A segunda mesa do dia contou com a mediação de Clara Alves, escritora de contos e do livro
Conectadas (Seguinte, 2019), e discutiu a presença de personagens LGBTQIA+ além do romance.  Participaram os escritores Eric Novello, autor de Ninguém Nasce Herói (Seguinte, 2017), Giu Domingues, autora de Luzes do Norte (que sai ano que vem pelo selo Seguinte), e Brenda Bernsau, escritora de No Cosmo, Assim Como no Coração, de publicação própria.

Durante a conversa, foi discutida a evolução da representação queer no mercado, assim como questões envolvidas em tratar ou não sobre preconceito nas narrativas fantásticas. Além disso, abordou-se a proliferação de narrativas LGBTQIA+ no mercado editorial independente, que, por ser mais autônomo, consegue dar espaço para representações menos convencionais que o mainstream ainda hesita em abarcar. 

Os convidados mantiveram o tom sincero durante a entrevista, comentando, além das limitações do mainstream, o impacto da pandemia e do cenário político atual em sua produção artística. Sem serem esquivos, citaram o bolsonarismo como um dos responsáveis pelo caos nacional. Eric Novello, em particular, comentou a semelhança macabra entre o cenário político e a narrativa de seu último livro, Ninguém Nasce Herói

A mesa foi bem mediada e soube equilibrar leveza com sinceridade, sem fugir de temas relevantes, atuais e complexos.

 

“Romances entre garotas”, com Leah Johnson e Rachel Hawkins

Por Mariana Carneiro

 

[Imagem: Reprodução/FLIPOP/Editora Seguinte]

A representatividade LGBTQIA+ continuou em pauta na última mesa do dia. Diana Kalaf, editora do portal
Sem Spoiler, mediou um bate-papo com Leah Johnson, autora de Espere até me ver de coroa (Alt, 2020), e Rachel Hawkins, autora de Sua Alteza Real (Alt, 2020), ambos livros com protagonismo sáfico. 

As duas convidadas comentaram sobre a importância de narrativas plurais na ficção, que abarquem públicos tipicamente marginalizados. Johnson revelou que diversos elementos de sua obra baseiam-se em sua experiência pessoal: “Após toda a violência que enfrentamos no ano passado, achei que as pessoas gostariam de ler um livro em que uma garota negra e queer tivesse seu final feliz. Eu escrevi o tipo de história que gostaria de ler”, declarou a autora. Hawkins compartilha do mesmo pensamento e afirmou que a grande quantidade de livros LGBTQIA+ centrados em traumas foi o que a inspirou a escrever “um romance fofo e feliz” entre garotas.

Professora de inglês, Johnson destacou também a necessidade de incluir livros LGBTQIA+ na grade curricular das escolas. Nas palavras da autora, “deveríamos ensinar aos jovens que as histórias que refletem suas próprias vivências também são válidas. Quero ter certeza de que meus alunos se sentem representados e respeitados nos livros que estudamos”. A reflexão é importante e atual, considerando as recentes tentativas do governo brasileiro em censurar obras com temáticas queer.

O público pôde participar da conversa, enviando perguntas pelo chat do evento. As questões dos espectadores promoveram um momento descontraído, no qual as escritoras revelaram curiosidades sobre seus personagens, seus clichês favoritos da literatura e a trilha sonora perfeita para uma adaptação cinematográfica de seus livros. 

A discussão se encerrou com as autoras agradecendo ao público brasileiro e indicando seus livros sáficos favoritos. Johnson teceu elogios à graphic novel Snapdragon (2020), por enquanto disponível apenas em inglês, e Hawkins recomendou os romances de época da escritora Olivia Waite: “É como Bridgerton, só que gay!”.

Confira a cobertura dos dois últimos dias da FLIPOP 2021 aqui.

 

*Imagem de capa: Reprodução/Editora Seguinte

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