Depois do atentado de 11 de setembro nos Estados Unidos, foi declarada guerra contra o Afeganistão. Nem um mês depois, tropas já estavam sendo enviadas ao território para liderar ações em conjunto com países como Inglaterra, Austrália e Canadá. O objetivo do conjunto era tirar o Talibã do poder — grupo criado no contexto de guerra civil do Afeganistão, em 1994, e que tomou controle do país.
Os Estados Unidos se juntou à Aliança do Norte e ordenou uma sequência de invasões e bombardeios nos núcleos de organização do Talibã. Durante meses, o Afeganistão foi invadido e atacado inúmeras vezes, o que trouxe devastação do território e milhares de mortes.
O filme 12 Heróis (12 Strong, 2017) segue a trajetória dos 12 militares das Forças Especiais dos Estados Unidos que foram enviados ao Afeganistão para serem um dos primeiros grupos a invadir o país. O grupo liderado por Mitch Nelson (Chris Hemsworth) tem que se juntar a Aliança do Norte para tirar o Talibã e a Al Qaeda do poder.
Durante o longa, o batalhão tem que atravessar um vasto território, enfrentando dificuldades como abastecimento de suprimentos, clima, falta de informações geográficas e relevo inóspito. Para piorar a situação dos soldados, os guerreiros do general Dostum (da Aliança do Norte) usam técnicas rudimentares para as batalhas, como cavalos e espadas, contrastando com as bombas e suprimentos bélicos muito tecnológicos trazidos pelos EUA.
Por ser uma superprodução norte-americana, já é esperado que o filme seja muito bem acabado e com efeitos especiais de tirar o fôlego. E são. A parte técnica da obra é surpreendente e parece muito fiel na questão de cenários, a aparência das explosões e do que deve parecer um real campo de batalha naqueles territórios.
A problemática, dessa vez, não fica para as questões de montagem do filme, e sim de roteiro. É possível sair do cinema suspirando pelos atores bonitos e feliz pelo bem que os Estados Unidos fez pela humanidade ao salvar o país dos terroristas. Porém, essa é claramente uma visão dos vitoriosos das batalhas.
Em todas as cenas de tiroteios e explosões, os militares parecem estar felizes, e não preocupados com todas as vidas inocentes que estavam sendo perdidas e as cidades que foram totalmente destruídas por efeitos das bombas. Até quando os mísseis atingiam coordenadas erradas, os estadunidenses reagiam com tranquilidade ao problema. Muitas vezes até riam das situações que estavam enfrentando.
Também há um problema de representação dos Afegãos no filme. Em nenhum momento os membros do Talibã e da Al Qaeda são personificados e colocados como pessoas que também estavam lutando pelo seu território e suas ideias. Do jeito que a guerra é representada, fica evidente que as forças dos EUA e da Aliança do Norte viam os inimigos como um conjunto de homens-bomba e fundamentalistas irracionais, o que aconteceu tanto nos eventos reais, quanto no retrato do filme.
É muito possível toda essa problematização passar despercebida aos olhos do espectador, que (em sua maior parte) aprende um lado único da história e esquece de pensar que nessa invasão, direitos humanos foram desrespeitados.
O filme chega aos cinemas no dia 15 de março. Confira o trailer:
por Giovana Christ
giovanachrist@usp.br