Por Yasmin Andrade (yasmin.andrade1@usp.br)
O universo… bilhões de estrelas em cada galáxia… trilhões de galáxias… Eu já me perguntei qual é o início, o meio e o fim. Quem nunca se perguntou o que existia antes do Big Bang?
E quem deu a essa explosão primordial o nome de Big Bang? Que brega… Georges Lemaître, físico e padre católico belga. Nós, humanos, realmente conseguimos muita coisa com a ciência.
Voltemos no tempo, lá na Era da Pedra: nada do que conhecemos existia… prédios, videogame, tecnologia… capitalismo… tudo o que vemos ao nosso redor não existia.
Descobrimos o fogo e inventamos a escrita, então a como dominar o mundo. Os humanos começaram a se reproduzir por cada centímetro do globo, passando seus genes e sua língua. Árabe, mandarim, francês… até chegar ao nosso português brasileiro.
Começamos a nomear as coisas… uma flor, uma pedra… o Big Bang? A linguagem e a comunicação vieram antes da ciência dura, aquela repleta de experimentos sistemáticos e matemática pura como bases para obtenção de conhecimento, e a palavra “ciência” nem existiria se não pudéssemos nos comunicar. Então, por que a tal Ciências Humanas é tão ignorada?
O que seria da humanidade sem a linguagem? Não poderíamos falar nem pensar, afinal, pensamos em algum idioma, não é?
Agora pergunto: o que existia antes do universo e onde está o seu fim?
As respostas esperadas de cientistas é que não existia nada e que o universo é infinito (quão contraditório). Mas por que é infinito? E por que não existia nada antes dele, se “infinito” e “universo” são apenas duas palavras criadas pelo ser humano?
O início e o fim estão na comunicação… no caso, a humana. A comunicação humana é um processo artificial amplamente influenciado pela cultura. Ninguém nasce sabendo se comunicar como no caso de animais e plantas. Por isso, o estudo da comunicação pode ser chamado de Humanidades, ou “Ciências de espírito”, como o bom e velho filósofo alemão Wilhelm Dilthey nomeou: Geisteswissenschaften (observa-se a importância da linguagem aqui… Ah, alemães).
A artificialidade da comunicação humana cria uma “segunda natureza”, representada pela arte, filosofia, religião e até a ciência dura, que sobrepõe a “primeira natureza”, ou seja, nossos instintos. Esse é o objetivo do mundo codificado que nos circunda: que esqueçamos que ele consiste num tecido artificial, escondendo uma natureza sem significado por ele representada.
O objetivo da comunicação humana é nos fazer esquecer a brutal falta de sentido de uma vida condenada à morte – o mundo da natureza. Mesmo que tenhamos criado palavras bonitas como “ciência” ou “universo”, estamos condenados a seguir o curso natural: nascer, crescer e morrer. Ou não… morrer é só uma palavra.
Não obstante, criamos a Internet, para somar mais uma camada de artificialidade cifrada. Nós, humanos, somos mesmo carentes de sentido. O capitalismo (outra palavra desgraçada) destruiu tanto assim nosso sentido de vida?
Dinheiro é só papel e ambos são só invenções da linguagem humana, mas perceber o quanto esse pequeno objeto controla nossa vida é assustador. Assim como as horas… Uma unidade de medida fabricada, que milimetricamente calcula cada respiração, passos e lágrimas. Se você assistir ao universo, que horas são?
Você tem tempo para questionar sua humanidade? O que define o humano? Como você sabe se está sobrevivendo vivo?
Temos tecnologia e recursos para garantir a cada ser humano vivo o básico para ter uma vida digna, mas preferimos manter ⅔ da riqueza do mundo concentrada em apenas 1% da população. Temos tantas respostas científicas que nos ajudaram a desenvolver prédios, videogames e IAs, mas nem conseguimos nos comunicar direito… O que nos é escasso é humanidade.
A ciência foi capturada pelo nosso sistema quebrado, explorada e revertida em um instrumento tecnicista a favor do capital. Nós, humanos, somos mercadorias, cujo único valor é o quanto podemos produzir. Somos compradores cuja humanidade é definida pelas nossas posses. E objetos não precisam se comunicar, não é? Por isso, a Ciência Humana é tão desvalorizada: não dá lucro.
Mas enfim, não pense muito nestas coisas, porque quanto mais você pensa, menos humano você se torna.