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Netflix: ‘Army of the Dead: Invasão em Las Vegas’ – a megalomania de Snyder alcança o mundo dos zumbis

Em Army of the Dead, gênero saturado tenta ganhar sobrevida com obra ousada que atira para todo o lado para agradar fãs e interessados

Ao ler pela primeira vez a premissa de Army of the Dead: Invasão em Las Vegas (Army of the Dead, 2021), uma pessoa pode considerar que a obra seria a junção de Onze Homens e Um Segredo (Ocean’s Eleven, 2001) e Madrugada dos Mortos (Dawn of the Dead, 2004), remake do clássico de George Romero e primeiro filme dirigido por Zack Snyder. No entanto, a megalomania, já vista em outras obras do diretor, faz com que sua nova empreitada tenha muitas camadas e tramas. Mas será que existe coesão entre essas narrativas, contribuindo para o todo? 

A ideia de rodar um filme em uma Las Vegas zumbificada, em que um pai tem que salvar sua filha, ao mesmo tempo que leva um grupo de mercenários para encontrar dinheiro nos cassinos da cidade, já existe há um bom tempo e ficou engavetada por mais de 15 anos. 

De acordo com o roteirista Joby Harold, em entrevista ao site Shock Till You Drop, o tema para Army of the Dead já existia desde a gravação de Madrugada dos Mortos, e estava nas mãos da Warner Bros. Acontece que a Warner tinha outros interesses para Snyder naquele momento, algo como dar base para um universo cinematográfico de super-heróis, o que impossibilitou dar andamento ao longa. 

 Army of the Dead não é uma continuação de Madrugada dos Mortos, mas uma ideia isolada de um novo mundo em que uma praga zumbi se espalha por Las Vegas. Geralmente, nesse tipo de filme, a origem do vírus é explicada explicitamente, mas aqui temos só alguns detalhes que só os mais atentos podem perceber, como, por exemplo, o local de origem do zumbi alfa. Localizado no estado de Nevada, a obra indica que o monstro veio da famosa Área 51, lugar associado a temas alienígenas. Seria essa a resposta para os zumbis desse longa agirem de forma tão diferente do usual?   

A história de Army of the Dead é focada em Scott Ward (Dave Bautista), um militar que sobrevive ao ataque zumbi. Ele une um grupo de mercenários que resgata figuras importantes que ficaram presas em Vegas no momento do surto. Ao sobreviverem a essa tarefa, a narrativa mostra que ele e seus colegas acabaram no ostracismo, vivendo uma vida comum em trabalhos ordinários. Tudo muda, quando um magnata (Hiroyuki Sanada) chega com uma proposta que pode mudar a vida de todos: um assalto a um cassino localizado no meio do surto zumbi.   

Para deixar a situação mais perigosa, o governo dos Estados Unidos decide bombardear a cidade para extinguir os zumbis, fazendo com que a equipe tenha que agir rapidamente para recuperar a grana. As coisas só tendem a piorar quando eles entram em Vegas e percebem que os zumbis estão organizados e agindo de forma inteligente.       

Em cena de Army of the Dead, Zumbi pula sobre máquinas caça níquel em cassino tomado por zumbis
A diversidade de zumbis apresentada no longa Army of the Dead certamente agradará os fãs mais ávidos do gênero [Imagem: Clay Enox/Netflix]
Não é a primeira vez que a concepção de um morto-vivo inteligente é usado em um apocalipse zumbi. O próprio mestre do gênero, George Romero, já havia introduzido esse conceito através do personagem Bub, em Dia dos Mortos (Day of the Dead, 1985) e aprimorado ainda mais a ideia em Terra dos Mortos (Land of the Dead, 2005), longa que mostra zumbis organizados e agindo racionalmente. 

Independente disso, há espaço para inovação e Snyder tenta mostrar isso em Army of the Dead. Zumbis que conseguem desviar de ataques por puro reflexo, outros que conseguem engravidar mesmo mortos, a territorialidade exibida pelos mortos-vivos, a noção de família, entre outros aspectos, são algumas das novidades trazidas pelo diretor (além de um tigre zumbi, que certamente despertará o interesse do espectador). 

Junta-se isso a características sempre notórias do diretor, como introduções de filmes estilizadas, escolhas quase sempre certeiras de músicas para sua trilha sonora, boa direção em cenas de ação e temos sequências eficientes durante a obra, como a tentativa de fuga do cassino, em que sangue, dinheiro, fichas e balas se misturam em uma rápida, mas efetiva cena de tiroteio. 

O problema principal do filme Army of the Dead se encontra em seu roteiro, que ao tentar incluir muitas tramas acaba se perdendo e o que começa bem, caminha para um final que pode desagradar muitas pessoas. Um assalto a um cassino em meio a um mundo zumbificado não é suficiente para o diretor, e o excesso de narrativas faz com que personagens tomem iniciativas burras ou tomadas de decisão incompreensíveis para o momento exibido em tela. 

Há uma química interessante entre a equipe e que funciona na maioria do tempo, apesar de uma ou outra exceção, como a filha de Scott, interpretada pela atriz Ella Purnell. No entanto, de forma geral, o grupo de mercenários lembra a formação de um Esquadrão Suicida: personagens caricatos e que, em sua maioria, estão ali para morrer, apesar de entregarem carisma.   

Cheio de easter eggs e referências, Army of the Dead serve como ponto de partida para um universo de filmes sobre zumbis, e que inclusive irá contar com um longa prequel chamado Army of Thieves, que focará no personagem Ludwig Dieter (Matthias Schweighöfer), e uma série de anime intitulada Army of the Dead: Lost Vegas. O diretor já tem ideias preparadas para uma possível continuação, que dependerá do sucesso da obra.


Army of the Dead está em exibição no canal de streaming Netflix. Confira o trailer

Imagem de capa: Imagem: Clay Enox/Netflix

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