Jornalismo Júnior

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As várias faces de Johnny

por Amanda Manara apmanara@gmail.com Johnny Depp tem sido cada vez mais associado a papéis excêntricos. E isso tem colocado em cheque seu talento e versatilidade, já que os personagens por ele interpretados são, na maioria das vezes, considerados “iguais” por serem semelhantes na estranheza. Porém versatilidade e talento é o que não faltam para o …

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por Amanda Manara
apmanara@gmail.com

Johnny Depp tem sido cada vez mais associado a papéis excêntricos. E isso tem colocado em cheque seu talento e versatilidade, já que os personagens por ele interpretados são, na maioria das vezes, considerados “iguais” por serem semelhantes na estranheza. Porém versatilidade e talento é o que não faltam para o ator que também é músico, produtor e diretor de cinema.

Sua carreira teve início em Los Angeles, quando conheceu através de sua mulher, na época a maquiadora Lori Anne Allison, o ator Nicolas Cage, que lhe conseguiu testes para seu primeiro filme, A Hora do Pesadelo (A Nightmare on Elm Street, 1984). Entre 1987 e 1990 o sucesso e a fama de símbolo sexual se consolidou ao fazer parte da série de televisão 21 Jump Street (Anjos da Lei).

Mas o reconhecimento pelo talento e não só pelo rostinho bonito veio após sua belíssima atuação em  Edward Mãos de Tesoura  (Edward Scissorhands, 1990), seu primeiro filme com aquele que é hoje seu maior parceiro em produções, Tim Burton. Após esse, Johnny fez parte de mais 7 filmes do diretor, nos quais estão a maior parte dos papeis excêntricos.

Cena de Edward Mãos de Tesoura, filme que trouxe reconhecimento a Johnny.

Sua estreia como diretor foi em O Bravo (The Brave, 1997), onde além de trabalhar ao lado de seu irmão, Daniel P. Depp, que escreveu o roteiro, Johnny atuou ao lado de Marlon Brando. Ele viveu um índio Cherokee que sofre com o alcoolismo e não consegue sustentar sua mulher e dois filhos. Assim, aceita um trabalho onde supostamente teria que apanhar até a morte na filmagem de um filme. Como recebe parte do pagamento antes, ainda tem tempo de proporcionar alguma alegria para a família e seu ato de bravura acaba nos emocionando.

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Johnny ao lado de Marlon Brando, no longa O Bravo.

Outro filme em que Depp nos emociona é O Aprendiz de Sonhador (What’s Eating Gilbert Grape, 1993). No longa, ele vive um adolescente, Gilbert Grape, que após a morte do pai, é o responsável por sustentar sua família. A mãe, após a perda do marido, entrou em depressão e não parou de comer até se tornar obesa e não conseguir nem se levantar. Assim, os cuidados do irmão mais novo, que é autista (interpretado lindamente pelo pequeno Leonardo Dicaprio) também recaem sobre Gilbert. E é conhecendo uma forasteira por quem ele se apaixona que sua vida se transforma. O filme é lindo e delicado nos detalhes, nas relações e na forma como o amor é retratado e descoberto pelos personagens.

Johnny e o pequeno Leonardo Dicaprio, em cena do emocionante O Aprendiz de Sonhador.

Em 1999 surgiu um novo trabalho em parceria com Tim Burton. Trata-se de A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça (Sleepy  Hollow, 1999), adaptação vagamente baseada no conto de 1820 de Washington Irving. Nesse mesmo ano, Johnny Depp participa, interpretando Jack Kerouac, no documentário A Fonte (The Source, 1999), sobre o movimento literário beatnik. Na produção, que serviu como inspiração para a contracultura e o movimento hippie dos anos 60,  é retratada a amizade entre Jack Kerouac, William Burroughs e Allen Ginsberg, suas viagens e suas criações literárias. Os atores Johnny Depp, Dennis Hopper e John Turturro interpretam trechos de suas obras.

Johnny ainda participou de alguns filmes baseados em obras famosas. Em um deles, Do Inferno (From Hell, 2001), ele vive um inspetor que se envolve na investigação do caso do famoso serial killer inglês Jack, o Estripador. O filme é baseado na história em quadrinhos homônima de Alan Moore. O outro, A Janela Secreta (Secret Window, 2004), é baseado no suspense de Stephen King. Depp interpreta um escritor, Mort Rainey, que tem sua tranquilidade acabada por um estranho homem que o acusa de plágio. No mesmo ano também é lançado Em busca da Terra do Nunca (Finding Neverland, 2004), um drama biográfico sobre James Matthew Barry, autor do livro Peter Pan. Pela interpretação do escritor, Johnny Depp recebeu sua segunda indicação ao Oscar de Melhor Ator.

A primeira indicação veio um ano antes, pela interpretação de Jack Sparrow, em Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra (Pirates of Caribbean: The Curse of Black Pearl, 2003) . O pirata, que é um dos papéis mais exóticos do ator, também é o que concentra grande parte de seu sucesso. A franquia Piratas do Caribe, que conta com 4 filmes até agora, possui vários fãs pelo mundo, ansiosos pela quinta parte da saga, que tem estreia prevista para 2015.

Como seu mais famoso personagem, Jack Sparrow, em Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra.

Outros personagens “diferentes” que são atualmente associados ao ator, e todos dos filmes de  Tim Burton, são Willy Wonka, na refilmagem de A Fantástica Fábrica de Chocolate (Charlie and the Chocolate Factory, 2005), O Chapeleiro Maluco, em Alice no País das Maravilhas (Alice in Wonderland, 2010), e o barbeiro Sweeney Todd, em Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet (Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street, 2007). Esse último também lhe rendeu uma indicação ao Oscar, mas apesar de ser indicado três vezes, o ator nunca venceu.

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Da esquerda para a direita: Willy Wonka, Sweeney Todd, O Chapeleiro Maluco e Barnabas Collins, alguns dos personagens de Johnny.

Entre seus filmes mais recentes, estão Diário de um Jornalista Bêbado (The Rum Diary, 2011), Sombras da Noite (Dark Shadows, 2012), a mais nova parceria com Tim Burton, e O Cavaleiro Solitário (The Lone Ranger, 2013), pelo qual recebeu muitas críticas e inclusive uma indicação ao Framboesa de Ouro, troféu que destaca os fracassos cinematográficos do ano. O próximo filme a ser lançado é Transcendence, onde ele vive um pesquisador de inteligência artificial.  Sobre seu “retorno” a papeis mais comuns, Johnny, em entrevista, afirmou que é um desafio: “Sempre é mais difícil interpretar um personagem que é mais próximo de você fisicamente. Sempre tento me esconder porque não suporto minha imagem.”

Música

Aos 12 anos Johnny ganhou de sua mãe, Betty Sue, sua primeira guitarra. Desde então, sua paixão pela música só aumentou, e aos 15, montou sua primeira banda, The Flames. Após a mudança do nome para The Kids, eles se mudaram para Los Angeles, onde cresceram e chegaram até a abrir um show do Iggy Pop. Quando iniciou a carreira de ator, Depp abandonou a banda para estudar interpretação, mas a música continuou em sua vida e sua carreira. Além de participar de um solo de guitarra na música Fade-in-Out, do Oasis, participar de uma banda com Steve Jones (ex-Sex Pistols) e Flea (Red Hot Chilli Peppers) ter dado uma guitarra, frequentemente usada, a Noel Gallagher, e ter tocado com nomes como Marilyn Manson, Eddie Vedder e Aerosmith, Johnny ainda conseguiu conciliar a música à sua carreira de ator.

Johnny como guitarrista, em show com Aerosmith.

Ele toca The Minor Swing e Caravan, músicas da trilha sonora de Chocolate, filme do qual também está no elenco, e escreveu em parceria uma das músicas para seu personagem em Era uma Vez no México, além de cantar no musical Sweeney Todd. E a música ainda lhe rendeu alguns de seus melhores amigos. Iggy Pop, por exemplo está sempre presente em sua vida, já fez até participações em seus filmes, como O Bravo. Ano passado Depp o chamou para participar de um disco com canções de piratas que ele estaria produzindo. Além de Iggy, a produção contaria com Keith Richards, Tom Waits, Nick Cave e Courtney Love. Já deu pra perceber que as relações de Johnny no mundo da música não são poucas.

Ele também pode ser encontrado dividindo o palco com outro de seus melhores amigos, Marilyn Manson. Este, além de estar ao seu lado na música, também é seu parceiro de tatuagens. Eles já fizeram algumas juntos para simbolizar sua amizade. Aliás, esta é outra marca de Johnny Depp. Ele, que possui mais de 30 tatuagens, gosta de fazê-las como uma forma de registrar sua vida e sua carreira. “Sempre entendi a tatuagem como uma forma de arte e todas as vezes a fiz com essa intenção, como um registro daquilo que sou, uma espécie de diário. O corpo da gente é nosso diário.”

Tatuagens

Sua primeira tatuagem, no bíceps direito, é um índio Cherokee, tributo aos seus ancestrais, feita antes mesmo de interpretar um índio dessa tribo em O Bravo. Esse longa, no entanto,  rendeu outro desenho: o símbolo Bravo, com um ponto de interrogação, que aparece em várias cenas do filme, está também registrado no antebraço de Depp. Ele ainda tem o mesmo ponto de interrogação usado nesse desenho, tatuado na perna.

Algumas tatuagens foram feitas em homenagem à família ou em conjunto com amigos. A frase NO REASON, pode ser encontrada tanto no pulso de Johnny, como no de Marilyn Manson. Já a caveira com ossos cruzados de sua perna, com a frase DEATH IS CERTAIN vem de sua “gangue”, que possuía esse nome nos anos 90. Entre os integrantes da gangue está Iggy Pop. Os desenhos que homenageiam a família são vários. Há um no braço com o nome de sua mãe, Beth Sue, o nome de sua filha, Lily-Rose, no peito, e três corações no braço, que simbolizam Lily-Rose, seu outro filho Jack e Vanessa, mãe das crianças. Johnny também já fez uma tatuagem em homenagem a Winona Ryder, na época em que namoravam. Após o fim do relacionamento, a frase “Winona Forever” se transformou em “Wino Forever” (Bêbado para sempre).

Para viver seu personagem mais famoso, Jack Sparrow, Johnny fez um desenho no braço, de uma andorinha, com a assinatura de Jack em baixo. Após o primeiro filme ser concluído, a pintura se transformou em uma tatuagem real, com uma pequena alteração. Nela, a andorinha voa na sua direção, e não pra longe dele. Isso porque Jack também é o nome de seu filho. “Você tem que tê-lo voando em sua direção. Ele tem que sempre voar de volta pra você.”, conta Depp, em entrevista.

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Algumas das tatuagens de Johnny, que marcam os personagens de sua vida e carreira.

Polêmico, talentoso, versátil. Esse é John Christopher Depp II, ator, músico e diretor, de 50 anos. Sua vida e sua carreira são marcadas por tantas passagens, histórias e amizades que é difícil tentar fazer uma retrospectiva de sua vida em apenas um texto. Em cada filme achamos curiosidades, em cada banda achamos polêmicas e em cada relacionamento amoroso uma novidade. Mas não podemos negar que ele, de certa forma, já tem sua marca na história do cinema, mesmo que por muitas vezes seja criticado por seus papeis “regulares”. Muita gente desconhece o talento escondido por trás do cara tímido, que frequentemente usa cabelos longos pra se esconder.

”Minha imagem de mim mesmo ainda não é certa. Não importa o quão famoso eu seja, não importa quantas pessoas vão ver meus filmes, eu ainda tenho a ideia de que sou aquele cara pálido e sem esperanças que eu estava acostumado a ser. Um cara pálido e sem esperanças que aconteceu de dar um pouco de sorte agora. Amanhã tudo isso vai acabar e terei que voltar a vender canetas.” – Johnny Depp

 

 

 

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