Ricky Hiraoka
É difícil compreender porque os americanos gostam de perpetuar os estereótipos que permeiam o imaginário estrangeiro no que tange a cultura adolescente dos Estados Unidos. Preguiça ou falta de criatividade? Desde a cinessérie Porky’s, que fez relativo sucesso nos anos 1980, os jovens americanos são retratados como estúpidos que possuem um vocabulário pouco extenso, cujas principais palavras não costumam ser publicadas, e que só pensam em sexo e bebidas alcoólicas.
Filmes como Porky’s, American Pie e mais recentemente, Colegiais em Apuros fomentam essa e outra idéia: a divisão dos adolescentes em castas. De um lado estão os populares bonitões, porém obtusos, de outro estão os loosers que, apesar da inteligência e do bom caráter, são constantemente humilhados. Essas produções representam uma inversão de valores. Não me refiro aqui a valores morais, éticos ou religiosos. Uma inversão sobre o que é divertido ou não. Por que sempre apelar para o escatológico e para o sexual? Não que isso deva ser banido das películas, mas não é necessário ser usado em excesso.
O que incomoda não é tanto escatológico, mas, sim, a falta de imaginação e o comodismo do qual sofre produtores, roteiristas e diretores. Eles preferem apostar em uma fórmula, mesmo que já tenha sido explorada a exaustão. Poucos são os filmes que retratam a complexidade e os anseios dos jovens e dos adolescentes. Na recente cena cinematográfica, merecem destaque A Estranha Família de Igby, Aos Treze, Elefante e Paranoid Park. Colegiais em Apuros é o exato oposto dos filmes citados anteriormente. O enredo em nenhum momento, surpreende.
No filme, três estudantes do ensino médio decidem passar um final de semana em um campus com o objetivo de conhecer as maravilhas da vida universitária. Segue- se uma seqüência de gosto duvidoso de cenas de sexo e situações pra lá de nojentas. Colegiais em Apuros é mais um filme dispensável produzido para atrair uma audiência tola e sedenta por mais do mesmo.