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Draft de 2004: 15 anos do Draft que mudou a história da NFL

Por Arhtur Nascimento e Mariana Carrara arthur.gm.nascimento@usp.br marianacarrara@usp.br   Mais um fim de abril chega e um novo Draft acontece na NFL. Todos os anos, mais de 200 jogadores vindos das universidades são selecionados para os grandes times de futebol americano, alcançando assim o status de profissionais do esporte. E uma ocasião em que esse …

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Por Arhtur Nascimento e Mariana Carrara
arthur.gm.nascimento@usp.br
marianacarrara@usp.br

 

Mais um fim de abril chega e um novo Draft acontece na NFL. Todos os anos, mais de 200 jogadores vindos das universidades são selecionados para os grandes times de futebol americano, alcançando assim o status de profissionais do esporte. E uma ocasião em que esse evento tornou-se emblemático foi em 2004.

Há exatamente 15 anos, o Madison Square Garden foi palco de um Draft que repercute no esporte até hoje. Ocorreram nesta edição coisas que não acontecem todo ano, como jogador se recusando a atuar por determinado time e a seleção de quatro quarterbacks futuramente escolhidos para o Pro Bowl – seleção de torcedores e analistas com os melhores jogadores de cada conferência.

 

A primeira escolha do Draft

A escolha número um do Draft da NFL é sempre cercada de grandes expectativas, e na edição de 2004 não foi diferente. A classe de quarterbacks desse ano era extremamente talentosa e o time detentor da primeira escolha, San Diego Chargers, tinha interesse em um jogador da posição. Com muitas opções boas, os Chargers enxergaram em Eli Manning o nome perfeito para levar a equipe às vitórias e o selecionaram nessa colocação. Entretanto, o jogador da Universidade de Mississippi não considerava o time um bom local para desenvolver seus talentos, e se recusou a atuar pela franquia da Califórnia.

Eli Manning no momento em que foi draftado pelos Chargers [Imagem: Getty Images]

A rejeição por parte de um jogador em atuar no time que o selecionou não é algo recorrente na NFL. Um caso como o de Eli Manning só se viu antes em 1983, quando John Elway, quarterback também draftado na primeira escolha geral, se recusou a se juntar ao elenco do Baltimore Colts devido a problemas com o técnico da equipe. Já os motivos sobre a decisão de Manning são incertos e levantam questionamentos até hoje.

O que mais se especula é que Manning tinha receio em atuar por uma franquia que não possuía campanhas com mais vitórias do que derrotas desde 1995. O medo era de ter um roteiro semelhante ao de Archie Manning, pai de Eli e ex-quarterback profissional, que mesmo sendo uma estrela do esporte universitário nunca alcançou um recorde positivo na NFL.

Para resolver o impasse entre o jovem atleta e a equipe de San Diego, não houve alternativa senão liberar o jogador. O New York Giants, que estava interessado em Eli Manning desde o início do processo de Draft, procurou os Chargers para realizar uma troca envolvendo escolhas na seleção de jogadores. Após uma difícil negociação, o time de Nova Iorque concretizou o acordo, cedendo Philip Rivers, a sua escolha de primeira rodada no Draft de 2004, a quarta no posicionamento geral, além de mais três escolhas.

Na época, houve questionamentos se o valor pago para ter Manning no elenco nova-iorquino fora alto demais. Para Luís Kodaira, empresário e jornalista do portal Giants Brasil, é difícil avaliar se foram cedidas escolhas valiosas demais, pois Eli Manning era considerado o melhor da posição na classe.

Atualmente, o Giants é visto como vencedor da troca. Para Henrique Bulio, jornalista do site Profootball, Rivers é um quarterback melhor, mas que “sempre foi prejudicado por times e coaching staffs bastante turbulentas em San Diego”, enquanto Eli teve mais estabilidade – o que pode explicar porque a parceria entre o jogador e os nova-iorquinos funcionou. Luís Kodaira concorda com a ideia de que a franquia de Nova Iorque fez um bom negócio, afirmando que “não mudaria de forma alguma o movimento que o Giants fez naquele ano para ter o #10 [Eli Manning]”.

 

Uma classe única de quarterbacks

O quarterback é considerado o jogador mais importante de uma equipe de futebol americano. Responsável por coordenar as ações ofensivas, realizar leituras táticas dentro do campo e, especialmente, ser preciso nos passes que lança, o jogador que ocupa essa função é fundamental para qualquer equipe alcançar as vitórias. Por isso, escolher o nome correto para a posição é algo que todas as equipes buscam.

Dada a importância de um atleta que realize todas essas atribuições com maestria, é comum que sejam escolhidos no topo do Draft. Contudo, também é recorrente que essas apostas se mostrem equivocadas ao longo das temporadas – por diversos motivos como adaptação à liga, lesões ou problemas técnicos – e decepcionem na passagem para o futebol americano profissional.

Entretanto, no Draft de 2004, as apostas nos quarterbacks foram muito bem sucedidas, tornando a classe uma das melhores na história da posição. Apesar de J.P. Losman, jogador escolhido na primeira rodada pelo Buffalo Bills, ter poucos jogos e números ruins na liga, ele é o único dos cinco primeiros draftados em 2004 a não ser selecionado para o Pro Bowl.

Essa marca dimensiona o papel dos atletas de 2004 na história da NFL. Muitos chegam a comparar esta classe até mesmo com a de 1983, ano em que o Draft possuía craques como John Elway, Ken O’Brien, Jim Kelly e Dan Marino, sendo um duelo de gerações que gera dúvidas até hoje. É fato que os quarterbacks da classe de 2004 foram mais vencedores, conquistando quatro Super Bowls no total contra dois da classe de 1983, mas isso não é algo que encerre a discussão.

Para Henrique Bulio, a comparação entre essas gerações é justa, dados os recordes que alcançaram. Entretanto, ele argumenta que Manning, Rivers e Roethlisberger tiveram a seu favor entrar na NFL em um contexto que favorece o jogo aéreo, enquanto Marino, Elway e outros não lidaram com isso. Para o analista, “os recordes conquistados numa época em que o jogo aéreo ainda estava longe de ser a principal arma de um ataque” colocam a classe de 1983 como a única na história acima da de 2004.

A primeira escolha dessa geração histórica, Eli Manning, gerou uma repercussão maior do que o normal devido à recusa em atuar pelos Chargers. Porém, deixando a polêmica de lado, hoje pode-se dizer que valeu a pena acreditar no seu potencial. Vindo de uma família de quarterbacks com seu pai Archie e seu irmão Peyton, um dos maiores nomes da história do esporte, Eli correspondeu às expectativas nele depositadas pelo New York Giants e até hoje é titular da franquia.

O camisa 10 assumiu a titularidade no próprio ano de 2004, colocando o veterano Kurt Warner no banco, e depois disso jogou todas as partidas da equipe até ser reserva de maneira contestada por um jogo em 2017. Manning é recordista em touchdowns, com 360, e jardas aéreas, com 55.981, na história da franquia nova-iorquina, além de liderar a equipe na conquista de dois Super Bowls, em 2008 e 2012, ambos diante do New England Patriots.

Eli Manning no Super Bowl XLVI [Imagem: Getty Images]

Em partidas decisivas como as finais citadas, Eli é marcado por grandiosas atuações, sendo o quarterback que mais ganhou partidas de playoffs em situações nas quais as casas de apostas colocavam seu time como favorito a perder, vencendo e quebrando expectativas sete vezes nessa situação. Além disso, foi selecionado quatro vezes para o Pro Bowl.

Selecionado pelo New York Giants na quarta escolha geral para ser enviado ao San Diego Chargers, Philip Rivers também possui uma grande carreira na NFL. Assim como Manning, Rivers é recordista de jardas aéreas e touchdowns da sua equipe, e sempre foi um jogador consistente. Apesar disso, por não possuir times tão completos ao seu redor e por confrontar equipes muito fortes em jogos de pós-temporada – como o Steelers de Roethlisberger ou o Patriots de Brady – nunca chegou a um Super Bowl.

Philip Rivers atuando pelos Chargers [Imagem: USA TODAY]

Apesar das dificuldades em playoffs, Rivers é reconhecido pela sua longevidade e solidez, garantindo a ele oito escolhas para o Pro Bowl. O camisa 17 atuou em todas as partidas da equipe desde 2006, superando até mesmo uma ruptura no ligamento do joelho e permanecendo em campo para enfrentar o New England Patriots na final de conferência em 2008.

Outro grande quarterback selecionado no Draft de 2004 é Ben Roethlisberger. Draftado na 11ª escolha geral pelo Pittsburgh Steelers, “Big Ben”, assim como Eli Manning e Philip Rivers, possui o recorde de touchdowns e jardas aéreas na sua equipe. O camisa 7 foi o líder de jardas lançadas na última temporada, um exemplo de sua longevidade, dado que é titular dos Steelers desde 2004. Ele é o quarterback mais jovem a ganhar o Super Bowl, com 23 anos e 193 dias em 2006, além de vencer outra edição três anos depois. Roethlisberger foi eleito seis vezes para o Pro Bowl e até hoje é um dos grandes nomes da liga.

Ben Roethlisberger conquistando seu primeiro Super Bowl [Imagem: Getty Images]

O último quarterback selecionado no Draft de 2004 a alcançar o Pro Bowl foi Matt Schaub. Nome menos badalado do que Manning, Rivers e Roethlisberger, Schaub se diferencia deles pelo fato de ser o único a atuar por mais de um time. Selecionado pelo Atlanta Falcons para ser reserva, ele foi para o Houston Texans e lá se estabeleceu.

Pelo time do Texas, o jogador atuou sete temporadas e alcançou alguns recordes, como mais jardas e touchdowns na história do time, além de ser selecionado para o Pro Bowl em duas oportunidades e ser o quarterback com mais jardas na temporada de 2009. Após sair dos Texans em 2013, ele nunca mais alcançou o mesmo sucesso, porém seus feitos já o colocam como um jogador de respeito e que ajuda a tornar a classe de 2004 uma das maiores de todos os tempos.

 

Outros grandes nomes que entraram na liga

O Draft de 2004 não foi bem sucedido apenas em relação a quarterbacks. Larry Fitzgerald, wide receiver, foi selecionado na terceira escolha da primeira rodada do Draft de 2004 pelo Arizona Cardinals, e fez história com uma carreira surpreendente no futebol americano. O jogador foi eleito 11 vezes para o Pro Bowl e, no ano passado, se tornou o segundo maior recebedor da história da NFL em jardas, colaborando para deixar a geração de 2004 ainda mais marcante.

Larry Fitzgerald atuando pelos Cardinals [Imagem: USA TODAY Sports]

Além de Larry, Sean Taylor foi outro grande nome que entrou no profissional naquele ano. Taylor foi draftado na quinta escolha da primeira rodada pelo Washington Redskins e, atuando como free safety, era promessa para ser um dos melhores da liga. Entretanto, Taylor não teve o mesmo tempo de Larry para conquistar números surpreendentes. Durante sua quarta temporada, o ídolo do Washington Redskins, reagindo a assalto em sua casa, levou um tiro e faleceu, tendo sua promissora carreira e vida brutalmente interrompidas em 2007.

O assassinato de Sean Taylor comoveu a todos. No jogo seguinte a sua morte, seu time alinhou a primeira jogada apenas com 10 jogadores, deixando a posição de Taylor vaga. Outra homenagem para o ídolo foi sua seleção, mesmo depois de sua morte, para o Pro Bowl daquele ano, em que Chris Cooley, Chris Samuels e Ethan Albright, usaram o número 21 em suas camisas, número utilizado pelo jogador.

Homenagem a Sean Taylor [Imagem:MCT]

Além desses dois jogadores de muito destaque, outros grandes nomes entraram na NFL através do Draft de 2004. Jogadores como o center Scott Wells, o nose tackle Vince Wilfork, o defensive end Jared Allen e o linebacker Jonathan Vilma fizeram história no futebol americano, com participações importantes em Super Bowls, seleções para o Pro Bowl ou mesmo para o All Pro First Team e até presença no hall da fama dos times em que atuaram. Eles são mais alguns craques que tornam o Draft de 2004 inesquecível e importante para a montagem de diversos times que marcaram época na NFL.

 

O Draft que mudou tudo

852 partidas, 1230 touchdowns, 4 Super Bowls e 20 Pro Bowls depois, fica claro que a classe de quarterbacks de 2004 mudou para sempre a história da NFL. E essa posição não foi a única. Desde wide receivers até safeties, essa edição do Draft trouxe grandes talentos para a NFL, candidatos para entrarem futuramente no hall da fama do futebol americano.

Para Henrique Bulio, a classe de 2004 envolve muito da mística do franchise quarterback, afinal, quatro se originaram dela. “São pocket passers, fazem o estilo que se buscou nos primeiros 15 anos desse século na liga e são alguns dos modelos de protótipo de quarterback que muito se fala”. Mas, na opinião do analista, “o maior legado está com os torcedores”.

A passagem desses jogadores na liga vai muito além de números impressionantes. Sejam por partidas épicas, jogadas inesquecíveis ou pela lealdade, os grandes nomes da classe de 2004 representam muito para as suas torcidas. As vitórias consideradas impossíveis conquistadas por Eli Manning, os títulos alcançados por Ben Roethlisberger, os sacrifícios de Philip Rivers ou mesmo o luto gerado pelo assassinato de Sean Taylor proporcionaram emoções que dificilmente serão sentidas novamente.

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