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O sonho está tão próximo

Por Bruno Nossig Basquete é um esporte apaixonante e em um país como os Estados Unidos, onde ele é cultural, uma grande parte das crianças já teve o sonho de jogar na maior liga do mundo, a NBA. Muitos abandonam o sonho, alguns continuam com a oportunidade até a fase do High School, mas poucos …

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Por Bruno Nossig

Basquete é um esporte apaixonante e em um país como os Estados Unidos, onde ele é cultural, uma grande parte das crianças já teve o sonho de jogar na maior liga do mundo, a NBA. Muitos abandonam o sonho, alguns continuam com a oportunidade até a fase do High School, mas poucos têm a oportunidade de se inscrever no Draft da NBA, pois apenas 60 são escolhidos para participar da liga norte-americana.

A paixão surge logo cedo, aos cinco anos, quando eles ganham a primeira bola no aniversário, ou convertem a primeira cesta da vida. E a partir desse momento surge o sonho de fazer parte da NBA, de ser o próximo Michael Jordan, Larry Bird, Magic Johnson, ou de se juntar a eles no Hall da Fama.

Tudo começa com os pequenos torneios de escola. E essas crianças já se destacam. São os MVP’s dos torneios, os melhores pontuadores, os melhores reboteiros e os melhores armadores. De início, ganham as bolsas para escolas particulares. Eles vão ficando mais velhos e o sonho vai ganhando forma. Vai se tornando mais difícil, e alguns já caem, desistem, fracassam. Ao mesmo tempo, torna-se evidente que precisam treinar mais que todo mundo. Eles passam a treinar 2, 3, 4 horas a mais que os outros companheiros. Só assim conseguirão jogar na NBA.

Começa a fase de High School e os torneios da AAU (Amateur Athletic Union). Agora é o momento para mostrarem seus talentos e adquirirem bolsas de faculdades de Division I. A quantidade de jogadores é gigante. Muitos sonhos, mas poucos conseguem atrair os olhos de treinadores das universidades. O funil começa a ficar cada vez maior, e a intensidade dos treinos aumenta. Abandonam os amigos; abandonam as festas; abandonam tudo para mais um treino. Tudo fica focado em um só objetivo. Muitos têm talento, só que o talento não basta, é necessário mais esforço e dedicação, e eles sabem disso.

Mas vale a pena. Eles conseguiram atrair os olhos dos melhores programas de basquete dos Estados Unidos, eles conseguiram as bolsas. O sonho está próximo. Eles podem realizá-lo. Na universidade o caminho é diferente. Alguns são one-and-done (ficam apenas um ano na faculdade e logo saem para entrar na NBA), outros ficam dois anos, e poucos ficam até o final da universidade para adquirir seus diplomas antes de se inscreverem no Draft.

Começa a última temporada antes da inscrição no Draft. Eles buscam ser campeões da NCAA (National Collegiate Athletic Association). Os treinos são intensos, os scouts (análises dos futuros atletas da NBA) são perceptíveis, e o sonho está próximo. O período de férias é quase inexistente, e as festas são inconcebíveis, muitas vezes ignoradas. O sonho está próximo.

A temporada acaba, mas os treinos não. É o último mês antes do Draft Combine (momento em que as diferentes habilidades dos jogadores são testadas). Agora, os times já sabem quem eles querem selecionar, mas o Draft Combine ainda pode colocar alguém no Draft Board (expressão para a tela final que mostra os selecionados para o draft). Os exercícios são basicamente físicos. Mede-se a altura, o peso, o vertical jump, a velocidade lateral, velocidade de sprint. Tudo medido meticulosamente para que os times saibam exatamente o potencial físico de cada jogador que está inscrito. Os jogadores também participam de amistosos entre si. Mas o mais importante vem depois. Os workouts com as equipes da NBA, e as entrevistas com as mesmas.

Começa o Draft. O sonho está logo na frente deles. São mais de 200 inscritos para apenas 60 vagas. Mas essa é a menor competição até agora. Eles sobreviveram a AAU, ao  college, agora falta pouco. Tudo que eles treinaram, as festas que abdicaram, os dias em que acordaram às 4h da manhã para iniciar um workout, os amigos que eles deixaram para trás para treinar; tudo resumido em um dia. A primeira rodada passa e nenhum deles é selecionado. Os mock drafts (previsões dos drafts) mostraram isso, os scouts falavam sobre isso. Eles sonhavam em ser jogadores selecionados na 1ª rodada. Eles são talentosos, mas não tinham o talento necessário. Quem sabe na segunda rodada? O sonho está tão próximo.

As vagas  diminuem, o nome não é chamado, e o nervosismo vai aumentando. Aparece Mark Tatum, mão direita do Comissário Adam Silver. Tatum vem para mais um anúncio. “With the 44th pick in the NBA draft, the New York Knicks select..”(Com a 44ª escolha no draft, o New York Knicks escolhem..) Não foram chamados, nenhum deles. A família fica mais nervosa, os amigos também. Passam-se mais escolhas, mas eles não são chamados. E surge a última esperança.

O sonho está  tão próximo. Tatum aparece pela última vez. “With the 60th pick in the NBA Draft, the Atlanta Hawks select, Alpha Kaba…”( Com a 60ª escolha no Draft, o Atlanta Hawks escolhem Alpha Kaba..). Não são chamados. Não se escuta o nome deles ecoando no gigantesco Madison Square Garden.

Não é a história dos primeiros escolhidos, muito pelo contrário. É a história de mais de 140 jogadores que não conseguem ser selecionados na NBA, que não escutam seus nomes. É a história do undrafted, daqueles que se esforçaram, abdicaram de tudo por um sonho, mas não conseguiram. É a história de excelentes esportistas que ficaram atrás de outros 60 grandes jogadores.

O sonho estava tão próximo.

 

Nomes dos jogadores do Draft 2017 selecionados na primeira rodada.Imagem: Brad Penner-USA TODAY Sports

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