Dia 2 de novembro, Finados, a 36ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo deu vida ao clássico Nosferatu (Nosferatu, Eine Symphonie des Grauens, 1922). O filme foi transmitido ao ar livre com uma trilha sonora inédita tocada pela Orquestra Petrobras Sinfônica, sob regência do alemão Pierre Oser.
Dirigido por Friedrich Murnau, o filme foi a primeira adaptação do livro Drácula para o cinema e fez parte do movimento vanguardista chamado de Expressionismo Alemão. Ele conta a história de um homem, Hutter, que viaja para vender imóveis ao Conde Orlok, que é, inesperadamente, o vampiro Nosferatu. Este por sua vez decide se mudar pra casa em frente a de Hutter, levando com sigo a morte e o terror.
O vampiro está longe de parecer o Brad Pitt, de Entrevista com o Vampiro (Interview with the Vampire, 1994) ou o Robert Pattinson, da saga Crepúsculo (Twilight, 2008-2012). Nosferatu remonta as antigas lendas da criatura, magro, careca, orelhas e unhas compridas. Ele não é apenas a encarnação de um monstro que bebe sangue, ele é as pestes, doenças e males que ainda amendontravam uma população que vivera a gripe Espanhola e a Primeira Guerra Mundial.
Mas apesar de ter sido lançado a 90 anos atrás ele ainda prende o espectador. Ainda é possível ficar nervoso quando Nosferatu sai do caixão atrás de suas vítimas sendo que a música com certeza influencia muito no clima de suspense. Vindo de uma época na qual ainda não existia cinema falado, a música é tão importante quanto a imagem.
O clima de terror é construído por diversos aspectos. Uma das marcas do longa, assim como do expressionismo, é o jogo de luz e sombra. Aliás, uma das cenas mais impressionantes é cena em que a sombra de Nosferatu aparece subindo as escadas para atacar Ellen, a esposa de Hutter.
Outro aspecto peculiar, é que o diretor tingiu as películas de amarelo e azul para diferenciar a luminosidade das cenas preto-e-branco, do dia e da noite, do interior e do exterior. Esse recurso contribui para a construção de um clima de “pesadelo”, uma espécie de sonho macabro.
Outros recursos interessantes são os “efeitos especiais”. Tanto a carruagem quantos os caixões se movem por stop motion (clique aqui para ler mais sobre stop motion), técnica que projeta uma série de fotos sequencialmente, dando a impressão que a cena é contínua. Porém a técnica mais aparente é a sobreposição de imagens, que é ainda muito utilizada para representar seres sobrenaturais.
Enfim, Nosferatu é um clássico, pioneiro tanto no gênero do terror como nas técnicas cinematográficas. Cenas que vemos em centenas de filmes de horror surgiram aqui: portas abrindo sozinhas, cenários tranquilos, porém assustadores e sombras dos vilões aparecendo antes deles.
Para melhorar o clima (ou piorar), a fina garoa de São Paulo, os ruídos de animais do parque Ibirapuera e a música ao vivo.
Para ler mais sobre vampiros no cinema clique aqui.
Por Sophia Kraenkel
sokraenkel@gmail.com