Ed Sheeran aterrissou no Brasil para mais uma turnê e toca em quatro cidades: São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Belo Horizonte. Em 2015, primeira vinda do cantor ao país, seus shows haviam sido mais intimistas, mas desta vez, se apresentando em grandes estádios, o músico mostra já ter a segurança de agregar um enorme público nas capitais. Isso foi o que aconteceu em São Paulo, no último domingo (28/05), com o Allianz Parque lotado de fãs ansiosos pela sua chegada.
A abertura ficou a cargo de Antonio Lulic que, apesar do nome familiar aos latino-americanos, é nascido no norte da Inglaterra. Grande amigo de Ed, o conheceu em Londres no começo de carreira, quando o ruivo ainda cantava em bares e dormia nos sofás de seus colegas. Antonio surpreendeu aqueles que não conheciam seu trabalho e conquistou com facilidade a plateia já afeita ao estilo voz e violão, uma característica também de Ed Sheeran.
A canção Castle on the Hill iniciou a noite e empolgou o público que agitava balões azuis em homenagem ao disco do qual faz parte, “Divide” (2017), que também intitula a atual turnê. Ed já começa a apresentação fazendo uso de seu pedal de loop, equipamento que grava e reproduz sons em looping, essencial para dar corpo a suas músicas, criando várias camadas melódicas.
A utilização de tal recurso foi inspirada nos concertos de Damien Rice, um dos ídolos de Sheeran, citado na letra da canção seguinte, Eraser, também do novo álbum: “ posso ter crescido, mas espero que Damien esteja orgulhoso”.
Sucessos de álbuns passados também tiveram o seu espaço e foram entoados pelos fãs com o mesmo entusiasmo. A exemplo de The A Team, “Plus” (2010), responsável por desacelerar e emocionar a plateia por conta de seu estilo acústico e pelo fato de sua letra contar o sofrimento de uma dependente química que tenta sobreviver como garota de programa.
Assim como a interpretação de músicas de diversos estilos, passando por rap e baladas românticas, a execução de Thinking Out Loud, “Multiply” (2014), em guitarra também foi responsável por manter o dinamismo do show. Os desenhos coloridos do instrumento compõem perfeitamente com as tatuagens do artista britânico e são parte da formação de uma identidade visual que tanto se atenta a detalhes, como os símbolos dos álbuns estampados nos violões, quanto se mostra grandiosa, com a aplicação de efeitos simbólicos às imagens ao vivo, de cada música, nos telões.
Além de suas próprias composições, Ed também interpretou Feeling Good, “I Put a Spell On You” (1965), célebre canção de Nina Simone. Ela fez parte de um dos mashups do dia, mesclada com I See Fire, “Multiply – Deluxe Edition” (2014), uma das grandes responsáveis pela popularização do cantor, já que fez parte da trilha sonora do filme O Hobbit: A Desolação de Smaug (2013).
Chegando ao final, Ed se ausentou brevemente do palco e retornou vestindo a camisa da Seleção Brasileira de futebol. O show, de 1h50min, terminou com o “bis” de duas músicas. Shape of You , de seu mais novo álbum, e You Need Me, I Don’t Need You, pertencente ao seu disco de estreia. O público convidado várias vezes pelo músico para o acompanhar cantando o mais alto possível, encerrou o dia sem decepcioná-lo, entregando toda a sua energia ao momento e aproveitando o final de um domingo como se ainda fosse sexta-feira.
Por Letícia Vieira Santos
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