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Meia-noite ela te conta: o novo álbum de Taylor Swift

Lançado no último dia 21 de outubro, Midnights é uma retomada ao Pop e aos velhos hábitos de Taylor, dessa vez mais maduros e melhor executados

Taylor Swift, talvez mais do que cantora, é uma contadora de histórias. Com suas letras, ela transforma sentimentos em contos, momentos, ambientes, e pessoas. Você sente que está ali. Você sente que é personagem daquilo. Talvez porque desde o início você já sentisse e já estivesse vivendo tudo o que ela narra, e Taylor canta como se aquela música fosse particularmente inspirada em você. 

Não é arriscado dizer que seu novo álbum, Midnights, consagra a cantora como uma das, ou talvez a maior, artista dessa geração. A única que foi capaz de colocar 10 músicas de um mesmo disco no topo da Billboard Hot 100. Se alguém ainda tinha dúvidas da potência de Swift, ela provou mais uma vez a sua capacidade ao trazer uma nova alteração nos rumos de sua trajetória que lembram as mudanças drásticas que já fez em sua carreira e posicionamento artístico em 2014, com o 1989, e em 2020, com o folklore. Ambas com sucesso tamanho a ponto de ganhar a categoria “álbum do ano” na maior premiação de música do mundo: o Grammy.

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Midnights é um dos trabalhos mais colaborativos de Swift até hoje. Acostumada a escrever todas as suas músicas sozinha ou com a ajuda de raros colaboradores, seu décimo álbum de estúdio conta com seis compositores além da artista. Apesar dos nomes novos, como Zoë Kravitz e Lana del Rey, alguns já são “figuras carimbadas” nos trabalhos de Taylor, como o produtor Jack Antonoff e Willian Bowery, pseudônimo de Joe Alwyn, ator e namorado da cantora. 

Midnights também é mais um trabalho em que Swift demonstra um amadurecimento musical e pessoal. Músicas como Maroom e Would’ve, Could’ve, Should’ve ajudam a construir referências mais imagéticas disso: Maroom é a palavra em inglês que significa um vermelho mais escuro e profundo, ou seja, uma cor mais sóbria do que o tom brilhante que ela cantou em Red, de 2012. Já Would’ve, Could’ve, Should’ve faz possíveis referências ao relacionamento que teve em 2009 com o cantor John Meyer, quando ele tinha 32 anos e ela, 19. Nessa canção, Taylor parece retomar o que escreveu em Dear John, 13 anos atrás, dessa vez mais ressentida sobre a diferença de idade e as consequências psicológicas que ela deixou, do que sobre o término em si ou sobre Meyer ter sido mais um homem que “partiu seu coração”.

Saindo do universo etéreo e fantasioso das irmãs folklore e evermore, o novo álbum de estúdio de Swift traz de volta sua intimidade característica, tão prezada pelos fãs. Temas da própria vida da artista, seus relacionamentos, desafetos e inseguranças retomam à narrativa. Da mesma forma, as melodias Pop voltam à sonoridade, ainda que algumas modulações flertem com o Alternativo.

Alguns destaques:

Lavender Haze. Uma das músicas com o maior número de colaboradores da carreira de Taylor, é a canção que abre o disco. Com cinco compositores creditados além da própria cantora, traz algumas referências ao R&B e uma sensualidade mais amadurecida, que em alguns momentos chega a lembrar I Think He Knows, do álbum Lover.

https://twitter.com/updateswiftbr/status/1588675005386461184?t=xn-6x8nl7gyS1O50MT7 ZrA&s=09

Anti-Hero. Lead single do disco, apesar de ter sido lançado simultaneamente, uma estratégia que Taylor já tem usado desde o folklore. A melodia Pop divertida engana os ouvidos menos atentos à letra, irônica e triste, sobre inseguranças pessoais. É também uma abertura para o humor millennial, por vezes caricato, de Taylor. O verso em que ela conta imaginar ser assassinada por sua nora para ficar com a herança é um dos mais espirituosos da canção, como se ela deixasse o ouvinte entrar na sua cabeça e assistir aos seus pensamentos. Toda a letra de Anti- Hero é um pouco disso: um desabafo, como quem conversa com um amigo ou um terapeuta, sem filtro, sem pensar muito nas palavras. 

Snow On The Beach. Talvez a mais aguardada pelos fãs da loirinha e pelo público em geral. A união de Taylor e Lana del Rey já era um sonho para ambas as fanbases desde a divulgação de fotos das duas cantoras juntas, em abril deste ano. Todavia, grandes expectativas também podem resultar em grandes decepções e, de fato, esse foi o caso para a maioria. Anunciada como um featuring, a música mais se tratou de uma harmonia entre as duas vozes do que um dueto, apesar dos créditos de del Rey na composição. Ainda sim, vale a ressalva de que Taylor Swift já é conhecida por fazer colaborações com mulheres nesse mesmo estilo, tendo em vista No Body, No Crime, com a banda HAIM, e Soon You’ll Get Better, com as The Chicks. 

https://www.instagram.com/p/CjmXQ8dLsyo/

Midnight Rain e Vigilante Shit. Para os swifties mais antigos, acostumados com a criação de teorias sobre os significados e o contexto por trás das letras de Taylor, as duas músicas são um prato cheio. Enquanto a primeira tem sido associada aos relacionamentos que Swift teve com Taylor Lautner e Tom Hiddleston, a segunda é alegadamente sobre os principais desafetos públicos de Swift: Scooter Braun e Kanye West. No Twitter e TikTok, os fãs têm apresentado seus argumentos a favor de suas narrativas, dignas de Masterminds, apesar de Taylor em nenhum momento confirmar sobre quem canta. 

@costarenato3

Taylor Swift assumindo que se vingou do Scooter Braun provando pra esposa da traição dele! #swifttok

♬ Vigilante Shit – Taylor Swift

Midnights também traz de volta os easter eggs pelos quais a cantora é conhecida, mas que foram deixados um pouco de lado durante a era Folkmore: Question…?, usa como sample, uma harmonização que Taylor fez com os fãs durante a turnê do álbum 1989. Além disso, entre os amigos que comemoram ao fundo no verso “but fifteen seconds later they were clapping too” está Dylan O’Brien, que estrelou o curta de All Too Well, produzido por Swift em 2022. Outro exemplo é Labyrinth, que faz referência ao discurso que Taylor fez ao ganhar o título de doutora honoris causa pela NYU: “Breathe in, breathe through, breathe deep, breathe out”. O destaque ainda pode ser dado ao clipe de Bejeweled, que dá várias dicas da próxima regravação de Taylor: um dos álbuns queridinhos dos fãs, Speak Now.

A produção de Midnights ficou nas mãos de Jack Antonoff, um dos maiores nomes da música Pop na atualidade. Amigo íntimo de Taylor, o produtor trabalha com a artista desde 2012 e foi responsável pelos aclamados Reputation, Lover, folklore, evermore e algumas músicas inéditas divulgadas nas regravações em que a cantora tem se dedicado nos últimos anos. O novo álbum de Swift também revela uma versão mais madura da parceria da dupla, com alguns elementos que até chegam a lembrar trabalhos anteriores, mas, desa vez melhor executados, como os traços de Synth Pop em Midnight Rain, também característicos no álbum Reputation, e a própria sonoridade e temática de Bejewled, que lembram ME!, do álbum Lover, agora esperta e boa.

Taylor Swift é artista e novamente prova isso. Não importa se as vozes em sua mente dizem que ela envelhece, mas não fica mais sábia, o seu trabalho prova o exato oposto disso: em cada um deles ela tenta, tenta e tenta cautelosamente ser melhor do que no anterior. O resultado é uma obra que reúne toda a vida e carreira de maneira refinada e amadurecida. Midnights é um álbum pelo qual vale a pena perder o sono ou passar a noite em claro.

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