Às quartas-feiras, elas não usam rosa. E esse não chega nem perto de ser o pior dos problemas do filme: Meninas Malvadas 2 (Mean Girls 2, 2011) entrou para a lista das sequências que não conseguem satisfazer o espectador por não chegar aos pés do original. O filme é divertido, mas não consegue atingir o nível de expectativa criada por aqueles que ficaram marcados por Regina George e suas fiéis súditas.
O longa conta a história de Jo Mitchell (Meaghan Martin), uma menina que dá início a seu ano escolar na North Shore, a mesma escola que os personagens do primeiro filme frequentavam. Lá, três meninas formam um grupo de patricinhas responsável por ridicularizar o resto dos alunos: Mandi Weatherly (Maiara Walsh), Chastity Meyer (Claire Holt) e Hope Plotkin (Nicole Anderson), também conhecidas como “as plásticas”. Assim, Jo precisa lidar com a realidade de uma escola totalmente nova, onde a humilhação é rotina.
Talvez uma das principais diferenças esteja na construção do par romântico em Meninas Malvadas 2. No primeiro filme, Cady desenvolve uma paixonite por Aaron Samuels (Jonathan Bennett), ex-namorado de Regina George, que compartilha com ela as mesmas aulas de matemática. No longa mais recente, o meio-irmão de Mandi Weatherly, Tyler Adams (Diego Boneta), é o menino por quem Jo se apaixona. Até aí, muito semelhante — ambos desenvolvem pares românticos de Ensino Médio. O que difere os dois filmes, no entanto, é o modo com o qual os relacionamentos são construídos. Enquanto Cady e Aaron se aproximam aos poucos, o pontapé inicial de Jo e Tyler é muito forçado, já que o casal sai junto uma vez e já cria muita intimidade. Todavia, é necessário reconhecer que existe muita química entre o par romântico de Meninas Malvadas 2, o que acaba sendo um ponto positivo para o filme.
Outra distinção se encontra no relacionamento das protagonistas com as plásticas. No primeiro filme, Cady se aproxima muito do trio, usando a falsa amizade como desculpa para acabar com o reinado de Regina, Karen e Gretchen. No entanto, a continuação caminha para o lado oposto: em momento algum, Jo se torna amiga das plásticas. Durante todo o tempo do longa, a rivalidade entre Jo, Mandi, Chastity e Hope fica muito evidente, gerando até um grupo “anti-plásticas”, formado por meninas que sofreram com as humilhações do trio.
Infelizmente, os spoilers são necessários para completar a comparação. O final de Meninas Malvadas 2 é, para se dizer o mínimo, forçado demais. Ambos, o original e a sequência, possuem cenas do baile de formatura e envolvem a temática da escolha de um rei e uma rainha no evento. No entanto, no segundo, Mandi aparece no palco perdendo o controle após não ser escolhida, ação que nunca poderia ser tomada por Regina George, que, mesmo estando com a coluna fraturada, não perde a compostura em momento algum durante o final do longa.
A crítica ao filme mais recente deriva apenas de grandes falhas no roteiro e não tem influência de aspectos técnicos. Isso porque ele e o anterior são muito semelhantes quanto ao posicionamento de câmeras, set de filmagem e figurino, por exemplo. Ambos abordam uma temática colegial muito presente na história do cinema e, por isso, poderiam ser facilmente negligenciados, não fosse pela capacidade de Meninas Malvadas (Mean Girls, 2004) de transformar diálogos superficiais em citações icônicas. É como se o primeiro filme dissesse para o segundo: “você não pode sentar com a gente!”.
Nada de burn book ou jingle bell rock. Meninas Malvadas 2 poderia ser considerado bom se não fosse uma sequência que carrega o nome do filme mais marcante em que Lindsay Lohan já atuou. Filmar uma continuação de Meninas Malvadas teria sido muito melhor do que formular uma história totalmente nova, sobre a qual foi depositada muita expectativa devido ao sucesso da primeira. Enquanto o original marcou uma geração, a continuação surge apenas como mais um passatempo que entretém, porém é esquecido algumas horas após os créditos rolarem.
por Gabriela Bonin
gabibonin@usp.br
eu tive essa sensação mas não conseguiria explicar tão bem como vc!! legal