Márcia Scapaticio
Quando a luz do sol bate, qual é o único rosto que você quer ver? Quando a noite chega, qual o único abraço que você quer ter? A resposta, ao menos no caso de 500 Dias com Ela (500 Days of Summer), resume-se a Summer, interpretada por Zooey Deschanel, numa das sessões mais concorridas da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e que agora tem estreia nacional.
O diretor Marc Weeb, faz sua estreia no formato longa metragem, pois antes só havia trabalhado com vídeo clips. Sua lista de colaborações, extensa e diversificada, vai do rapper Nely até a banda de rock alternativo Weezer.
Mesmo abordando o tema recorrente dos relacionamentos amorosos, as esperanças e as frustrações desse caminho, é evidente que as referências musicais e a metalinguagem cinematográfica dão a graça à obra. É possível ao espectador, sentado em sua poltrona, movimentar-se e testar o seu conhecimento: qual é aquela música cantada por Tom, personagem de Joseph Gordon-Levit no karaokê ou qual é a cena famosa parodiada, na qual um cupido e um cavaleiro disputam uma partida de xadrez?
São 95 minutos com Tom, rapaz que sempre imaginou encontrar uma garota especial que mudasse a sua vida, exatamente como acontecia em suas músicas preferidas, no entanto, o seu engano faz a diversão e, ao mesmo tempo, desperta a ternura em quem assiste.
É impossível evitar o suspiro em meio a cenas doces e suaves, como é difícil controlar o riso em situações constrangedoras que podem acontecer quando estamos apaixonados. A comédia romântica ganhou um ar fresco sobre o rosto e o filme de Weeb mostra que não há como prever os sentimentos organizando uma tabela formada por nossos desejos e nossas vontades.
A linguagem do vídeo clip confere uma dinâmica diferente, mostrando que é possível, ainda, renovar em gênero e forma. Por vezes, muitos filmes são encantadores em seus trailers, mas, quando assistimos, nos perguntamos se é o mesmo ou percebemos que fomos iludidos pela magia das telas. Uma das qualidades é que o único enganado e, por si mesmo, é Tom. No mais, a paixão mostrada em seu viés mais genuíno e perturbador serve de alerta para mensagens no decorrer da filmagem, pois, como é sabido, “Este não é um filme de amor”. Ah, sim, “To die by your side/Well, the pleasure and the privilege is mine…” Quem poderia imaginar.