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Netflix: ‘Notas de Rebeldia’ é a personalidade preta numa história universal

Elijah (Mamoudou Athie) não quer seguir os passos do pai (Courtney B. Vance). Não quer assumir a churrascaria que o avô fundou, o que não é algo fácil de dizer. Quer ser um especialista em vinhos, que é o que ama. O que não significa que ele não queira aprovação, apoio ou dar orgulho para …

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Elijah (Mamoudou Athie) não quer seguir os passos do pai (Courtney B. Vance). Não quer assumir a churrascaria que o avô fundou, o que não é algo fácil de dizer. Quer ser um especialista em vinhos, que é o que ama. O que não significa que ele não queira aprovação, apoio ou dar orgulho para a família. Notas de Rebeldia (Uncorked, 2020), da Netflix, é um filme sobre pais e filhos que, mesmo que não ganhe em originalidade do plot, conquista com muito sentimento e personalidade. 

“Esse filme é… preto”, diria Elijah o degustando e colocando a taça em contraste com o papel branco em cima da mesa. Assim, a cor é inconfundível. O grande trunfo da obra é a personalidade que se coloca numa história simples, já bastante batida do confronto da paternidade. Os protagonistas são pretos e a trilha sonora, forte e muito presente ― tinha que ser rap. Todos os quadros têm uma aparência de requinte e o vinho não sai da tela. 

Quantas histórias você já viu sobre vinho? Ele está lá, é um elemento principal na trajetória do protagonista. E é interessante ver como algo tão inusitado, tão pouco abordado, assume um papel tão forte na narrativa. É difícil ver o preto, que geralmente é retratado no simplório, no corriqueiro, se entrelaçar tanto numa história com algo que é requintado, refinado. Essa é uma surpresa muito bem-vinda. É personalidade.

 

Mamoudou Athie é uma grata surpresa, carrega muito bem o protagonismo de Notas de Rebeldia [Imagem: Copyright Marie ETCHEGOYEN]
Mamoudou Athie é uma grata surpresa, carrega muito bem o protagonismo  [Imagem: Copyright Marie ETCHEGOYEN]

 

“Em grande parte suave, sem muito tempero”. Em alguns momentos, a intensidade faz falta. A produção segue num mesmo tom suave, sem muitas variações: quando há algo triste, não é muito triste; quando é desafiante, não é muito desafiante; e quando há conflito, não há nada de muito conflituoso. Falta tempero.

“Acidez C -”. O ponto negativo do longa talvez seja o de genialidade incompreendida: o núcleo de personagens brancos é deslocado. Eles são um alívio cômico meio besta, meio vergonha alheia (o que se for intencional ganha muitos pontos, mas não dá para dizer ao certo). Enquanto isso, o humor predominante (e preto) é sarcástico, inteligente e ácido.

 

Elijah (Mamoudou Athie) e Harvard (Matt McGorry) passam a estudar vinho juntos [Imagem: Reprodução/YouTube] 
Elijah (Mamoudou Athie) e Harvard (Matt McGorry) passam a estudar vinho juntos [Imagem: Reprodução/YouTube]

 

“Esse filme é do Novo Mundo, com final achocolatado…”, Elijah sente o aroma, toma mais um gole, cospe, “Memphis, 2020”.  Ao final, o diretor de primeira viagem Prentice Penny imprime muito sentimento, fugindo do piegas. Quando o protagonista tem algo engasgado, entalado na garganta para falar para o pai, a sensação é de que todos já tivemos de passar por isso. 

O coração termina quentinho porque, no final das contas, pouco importa o vinho, o churrasco, ou o que for: essa é uma história sobre pais e filhos que tentam orgulhar. Não se identificar é muito difícil. 

Notas de Rebeldia é uma produção original Netflix, e está disponível para todos os assinantes da plataforma de streaming. Veja o trailer

 

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