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SPOILER ALERT: a resenha pode conter alguns spoilers das temporadas e dos últimos episódios!
Nos dias 4, 5 e 6 de junho foram lançados os três episódios finais da série The Fosters, dos criadores Peter Paige e Bradley Bredeweg, nos Estados Unidos. Seu primeiro episódio foi ao ar em 2013 e marcou o início da história de uma família que, antes de tudo, prezava pelo amor e não pelas diferenças. Stef e Lena são duas mulheres com 3 filhos: Mariana, Jesus e Brandon, sendo os dois primeiros gêmeos adotados e o último, filho biológico de Stef.
O trama tem início com Lena indo até o reformatório para receber uma jovem que precisaria de uma casa temporária, Callie. Presa por seu acusada por seu pai adotivo anterior de danos, a jovem apresenta-se como um escudo a qualquer pessoa que não conheça e sua maior prioridade é seu irmão mais novo, Jude. As temporadas passam a explorar o envolvimento dos dois com a família Foster e a história dos diferentes integrantes.
Paralelas a essa história, o seriado tenta abranger diferentes questões muito discutidas na atualidade. A principal esfera em que são pautadas essas questões é o Sistema de Adoção americano e suas várias falhas. Há muitos momentos em que vemos as dificuldades de crianças que, desde cedo, estão nesse sistema. Outros casos discutidos são a imigração e a representação LGBTI+. A série, além de entreter, busca sempre dar espaço a assuntos que são vistos como polêmicos para conscientizar seus espectadores e fazê-los refletir.
Relembrando os últimos passos das personagens
Na temporada final, acompanhamos a difícil decisão de Callie para a escolha de sua carreira. A jovem luta para entrar no programa de artes da UCSD (University of California San Diego), mas, por fim, acaba escolhendo o programa de direito, sua verdadeira vocação. Brandon Foster decide seguir com a música, mas em um caminho diferente: trilhas sonoras para filmes e televisão em geral. No episódio 19, ele ainda sofre com a perda de Grace, sua namorada, que tinha câncer, mas decide por continuar seu novo sonho. Jesus ainda estava no processo de tratamento de sua condição. Após o acidente com o prego em sua cabeça, ele passa por cirurgias que comprometem seu cérebro e fazem com que ele tenha comportamentos agressivos e até convulsões, ameaçando seu ano escolar. Felizmente, ele consegue terminar os estudos em Anchor Beach. Mariana estava focada em entrar para o MIT, junto com Emma. Stef e Lena preocupavam-se com seu relacionamento depois que todos os filhos saíssem de casa, o que causava um cenário desconfortável entre as duas.
O episódio anterior aos finais mostra, por fim, todos se formando do Ensino Médio e o anúncio de que Brandon iria se casar com sua namorada Eliza, que tinha conhecido na faculdade. Este seria o ponto de início para a continuação da trama. A série ficou em hiatus por três meses, até o seu encerramento.

O casamento e a reta final

Finalmente, os episódios finais focam no casamento de Brandon e Eliza. A família Foster, já mais velha, vai para Turks & Caicos para a cerimônia com a família da noiva. É aí que se inicia a onda de choques entre as crenças tradicionalistas dos pais de Eliza e os Fosters. Esses choques, como na maioria dos episódios antigos, são o ponto de largada para as discussões dentro da série e a reflexão do espectador a respeito do assunto. É nesse quesito que a série resguarda sua importância: a reflexão sobre como algumas ideias permanecem ocultas em diferentes lugares. O movimento LGBTI+, a adoção, o casamento pautado na ideia patriarcal, entre várias outras.
Em alguns pontos, o encerramento da série passa a ser um tanto cansativa. Dentre as várias recordações, damos de cara com uma breve — muito breve — retomada dos sentimentos que Callie e Brandon tinham um pelo outro nas primeiras temporadas. Para os que não se lembram, os dois se envolveram romanticamente no início da série, colocando em cheque todo o processo de adoção de Callie. Essa retomada mostrou-se vaga, pôde contar com flashbacks de momentos que os dois tiveram e conflitos entre Eliza e Callie, mas talvez tenha sido um pouco exagerada.
Outra retomada falha foi o relacionamento de Mariana e Matt, que desde sempre foi confusa. Separados, os dois se reencontram no casamento e os episódios tentam explorar um pouco deles — sem muito sucesso. Por outro lado, as angústias de Mariana ao tentar ressuscitar algo e sua decisão final mostram o quanto ela cresceu e evoluiu ao longo dos anos, tornando-se algo positivo. Jesus e Emma — sua namorada desde o ensino médio — também passam por muitos conflitos com suas vidas após o término da faculdade. Entre as distâncias que teriam que enfrentar, o destino do casal também mostra uma forma de evolução necessária para os dois.
Jude era o que passava por momentos mais duros em sua vida e a parte genial é que suas angústias se assemelham às emoções do próprio espectador que acompanha o seriado desde o início. O menino sofre com a saudade que tem da vida antes da faculdade, com todos unidos, aproximando-se do que os fãs sentem também: assistir, toda semana, aos momentos da família, desde as intrigas até as horas de conquista. A vida de Stef e Lena também estava passando por muitas mudanças — e muito importantes. Lena estava pensando em concorrer a um importante cargo público e, para isso, as duas teriam que se mudar da casa tão conhecida e amada por eles — e claro, por nós. No fim, ela aceita o trabalho e chega o momento de se despedir daquele lar que sempre foi tão acolhedor.
A emoção do final é acompanhada por muitas cenas de episódios anteriores, desde o dia em que Callie e Jude foram tão bem acolhidos na família Foster. O caminho que cada um deles leva no fim mostra o quanto cada personagem cresceu pessoalmente. Isso dá uma realidade maior para a série: a vida é feita de acertos e erros e é a partir deles que nos descobrimos. A série, além de tudo, ensina a amar e que família não necessariamente pressupõe o sangue, mas o envolvimento e amor, não importa raça, gênero, orientação sexual, dinheiro. O final deixa isso claro e coloca essa “lei” em nós para segui-la em nossas vidas.
Que essa série deixará saudades, não há dúvidas. Mas não desanime! A FreeForm (canal que produz The Fosters) anunciou que haverá um spin-off contando a história das vidas de Mariana e Callie alguns anos depois do casamento de Brandon. O lançamento está previsto para 2019 e o nome do seriado será “Good Trouble”. As atrizes Maia Mitchell e Cierra Ramirez (que interpretam Callie e Mariana, respectivamente) já até postaram fotos nos sets de gravação, incitando ainda mais a ansiedade pelo lançamento.
Por Mariana Cotrim
marirocot12@gmail.com