Falar sobre amor no cinema não é novidade. Ele é um dos temas mais recorrentes na sétima arte, ou em qualquer outra. Cabe então ao diretor expressar-se de maneira original, certo? De acordo com o novo filme de Rafael Primot, Todo Clichê do Amor (2018), não necessariamente.
Intercalando três histórias aparentemente desconexas, a trama busca — pela enésima vez nas telonas — decifrar o amor e suas complicações. Durante um velório, madrasta (Maria Luísa Mendonça) e enteada (Leticia Bassit) discutem em frente ao cadáver do seu elo comum. Numa lanchonete qualquer, um entregador (Rafael Primot) se apaixona pela garçonete comprometida (Débora Falabella). O filme tenta explorar o universo interior de seus protagonistas através de cenários comuns aos romances cinematográficos. Numa mistura desajeitada entre comédia e drama, diálogos poéticos e discussões exageradas estabelecem o clima.

Débora Falabella e Rafael Primot vivem um triângulo amoroso [Divulgação]
Com atuações uniformemente sólidas, o elenco vai, aos poucos, se desvencilhando das caricaturas iniciais e a história ganha intensidade já próxima do fim.
Infelizmente, o filme trai a si mesmo quando tenta rachar com o lugar-comum ao invés de abraçá-lo. Momentos de possível autocrítica — como quando um personagem diz sobre o monólogo de outro: “É quase cafona, mas eu gostei” — não acrescentam profundidade ao roteiro. Flashes de nudez e sexo, utilizados para quebrar a monotonia e despertar uma reação do público, destoam demais do impulso inicial de emocionar utilizando estereótipos.

Marjorie Estiano interpreta uma prostituta em crise de relacionamento [Divulgação]
Ao fim, fica a impressão de que as relações afetivas foram retratadas candidamente, mas o uso de clichês, por si só, não foi suficiente para tornar a história mais ou menos interessante do que qualquer outra representação do amor na grande tela.
Todo Clichê do Amor estreia dia 19 de abril nos cinema. Assista ao trailer abaixo:
por Hugo Reis
hugo.vaz.reis@gmail.com