Depois da boa vitória diante da Alemanha, a Seleção Brasileira voltou a campo rumo ao seu segundo ouro olímpico. Dessa vez, o adversário foi a Costa do Marfim, que havia vencido a Arábia Saudita na primeira rodada por 2 a 1, e disputava o primeiro lugar do grupo com o Brasil.
André Jardine repetiu a escalação e formação do primeiro jogo, com Richarlison e Matheus Cunha como referências no ataque brasileiro, mas encontrou mais resistência do que o esperado.
No confronto contra a Alemanha, muito por conta da inexperiência da defesa adversária, o ataque brasileiro encontrou espaços com facilidade entre as linhas, principalmente com os avanços de Richarlison no primeiro tempo. Dessa vez, a formação marfinense prejudicou o jogo ofensivo da Seleção.
Montados numa linha de cinco jogadores na defesa, a Costa do Marfim veio com uma clara proposta de segurar o empate e o volume de jogo brasileiro, e levar a decisão da vaga para o confronto com a Alemanha. Essa ideia ficou ainda mais clara após a expulsão de Douglas Luiz, num lance conferido pelo VAR, aos 18 minutos do primeiro tempo.
Mesmo com um jogador a menos, o Brasil seguiu ditando o ritmo da partida, principalmente pelas ações ofensivas de Guilherme Arana, pelo lado esquerdo do campo, e Claudinho, com liberdade para flutuar entre as pontas e o meio.
Mas os erros nas tomadas de decisões no último terço de campo, principalmente por parte de Antony e Matheus Cunha, prejudicaram o Brasil, que não levou perigo à meta defendida por Eliezer.
Para a volta do intervalo, Jardine modificou a postura tática do time em campo ao dar mais liberdade para Daniel Alves avançar ao meio campo, na tentativa de acertar esse último passe, que faltou durante toda a primeira etapa.
Com isso, Claudinho ficou mais recuado, atuando como um volante durante as ações ofensivas da Costa do Marfim, e voltando a se abrir mais ao ataque assim que o Brasil retomasse a posse da bola. Antony, apagado nos primeiros 45 minutos, mostrou-se mais participativo no jogo, ao passo que a maior parte das jogadas de ataque no segundo período passaram pelo lado direito, região ocupada pelo ponta.
Mas a postura defensiva e reativa da seleção marfinense continuou a se mostrar um bloqueio para o Brasil, que com um jogador a menos teve dificuldades para passar pela última linha. Com isso, as investidas restringiram-se a cruzamentos — 33 durante todo o jogo — na busca pela força física de Richarlison, que funcionou no duelo contra a Alemanha.
A falta de efetividade — 9,1% de precisão — nesse tipo de jogada mais atrapalhou do que beneficiou o ataque brasileiro, servindo para devolver a bola à seleção da Costa do Marfim — com sérias dificuldades para lidar com sua posse.
Mesmo com a expulsão de Eboué, já na reta final da partida, que igualou o número de jogadores das equipes em campo, o Brasil continuava a ter dificuldades para quebrar esse último bloqueio defensivo. A entrada de Malcom e Martinelli, nos 15 minutos restantes, deu um ar a mais ao ataque, que passou a contar com a velocidade dos jovens atacantes, mas que não resultou no gol brasileiro.
Ao final, ficou o sentimento de que a Seleção Brasileira, pela expectativa e pelo desempenho do último confronto, tinha como mostrar um melhor futebol, mesmo com um jogador a menos em boa parte do jogo. O resultado de forma alguma impacta os planos da equipe na competição, que deve garantir a classificação e o primeiro lugar do grupo no duelo contra a Arábia Saudita, quarta-feira (28).
Mas ao mesmo tempo, Jardine, que já havia reconhecido deficiências da equipe durante a preparação para a Olimpíada, pode tirar de lição a necessidade de se aperfeiçoar o repertório ofensivo da equipe, principalmente para a próxima fase, em que a seleção pode enfrentar Argentina ou Espanha.
Imagem de capa: Seleção brasileira enfileirada durante a execução do hino nacional [Imagem: Reprodução/Twitter @CBF_Futebol]