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Uma nova era do cinema nacional com O Rastro

Em meio a uma Hollywood lotada de filmes de terror, é em terras brasileiras que se encontra a novidade de O Rastro (2017), terror nacional, o qual se passa majoritariamente em um hospital prestes a ser fechado no Rio de Janeiro. A situação da saúde pública brasileira não é nenhuma novidade para quem assiste a …

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Em meio a uma Hollywood lotada de filmes de terror, é em terras brasileiras que se encontra a novidade de O Rastro (2017), terror nacional, o qual se passa majoritariamente em um hospital prestes a ser fechado no Rio de Janeiro.

A situação da saúde pública brasileira não é nenhuma novidade para quem assiste a noticiários ou lê jornais. As situações dos hospitais sem materiais, remédios, leitos e médicos é conhecida até por quem não os frequenta, tamanho o descaso de administração. Entretanto, o diretor J.C.Feyer consegue trazer o assunto sob uma ótica completamente nova, com os elementos do terror e do mistério agregados. O longa começa com o iminente fechamento do hospital São Tomé e a ferrenha resistência de alguns de seus funcionários, retratados por Jonas Bloch e Claudia Abreu.

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Nosso protagonista é João Rocha (Rafael Cardoso), médico responsável pela transferência dos pacientes para outros centros de tratamento. Casado com Leila (Leandra Leal) e prestes a ser pai, ele se depara com uma nova internação de última hora: Julia (Natalia Guedes), com falência nos rins. Aparentemente sem familiares, a menina desaparece misteriosamente na noite em que se inicia o processo de transferência e João se embrenha cada vez mais nas teias desse hospital quase abandonado e nas armações políticas do sistema público brasileiro.

Cheio de reviravoltas, o filme conta com uma iluminação típica do gênero, como falta de luz direta nas cenas e os jogos com sombras, e uma paleta de cores restrita, que, de acordo com Feyer, se deveu à vontade de trabalhar as cores frias nas cenas e à restrição de orçamento. A angulação da câmera também chama a atenção. Sob uma ótica sempre mais baixa que os personagens, a filmagem ajuda a criar o clima de opressão, também reforçado pelo constante suor dos atores. 

Além disso, outros símbolos constroem a imersão necessária para terror, são eles: a presença de gatos (animais clássicos do gênero de mistério), a respiração ofegante dos atores e os close-ups extremos de câmera.

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Mas, a atuação também não deixa a desejar. Rafael Cardoso, que interpreta João, consegue trazer à tona todo o sentimento de culpa e desespero inerentes à situação. Além dele, Leandra Leal, a qual, a partir da metade do longa, ganha mais destaque, demonstra, no início, toda a luz de uma mulher prestes a ter um filho e, no final, toda a garra e treva de quem precisa sobreviver ao atacar seu oponente na principal cena de ação.

O Rastro, com suas reviravoltas, simbolismos e até uma aparição inesperada no elenco, cumpre o que promete e traz um terror tipicamente tupiniquim, mas que ressona com problemas e temas mundiais. Isso pode ser uma ótima oportunidade para a maior produção de filmes do gênero no Brasil, já que nosso cinema foi sempre lotado de comédias.

Com todos esses atributos, o longa traz uma visão diferenciada do terror, sem excesso de sangue e matanças desnecessárias por entes sobrenaturais, característicos da cultura judaico-cristã, como demônios e fantasmas. Nas palavras de Beatriz Manela, coautora do filme: “o maior mal é o ser humano”.

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O Rastro estreia em 18 de maio. Veja abaixo o trailer.

Maria Carolina Soares
mcarolinasoares@uol.com.br

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