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A Bela que Dorme apresenta um tema importante, mas não aprofunda

Após o seu último sucesso Vincere (Idem, 2009), Marco Bellocchio nos traz A Bela Que Dorme (Bella Addormentata, 2012), um filme que discute a questão da eutanásia. A história se divide em vários núcleos para expor o polêmico assunto na Itália. O plano de fundo é um caso real ocorrido com Eluana Englaro, uma mulher …

A Bela que Dorme apresenta um tema importante, mas não aprofunda Leia mais »

Após o seu último sucesso Vincere (Idem, 2009), Marco Bellocchio nos traz A Bela Que Dorme (Bella Addormentata, 2012), um filme que discute a questão da eutanásia. A história se divide em vários núcleos para expor o polêmico assunto na Itália. O plano de fundo é um caso real ocorrido com Eluana Englaro, uma mulher que passou 17 anos em coma e cujo pai teve que se contrapor à Igreja e à justiça para desligar os aparelhos que a mantinham viva.

São quatro núcleos. O primeiro é a história do senador Uliano Beffardi (Toni Servillo), favorável à eutánasia, que é pressionado pelo partido e por sua filha religiosa, Maria (Alba Rohrwacher), a votar contra a lei que permitiria o fim da vida de Eluana. Maria, por sua vez, compõe o segundo núcleo. Ela vai até a cidade em que está a doente para protestar e conhece um jovem (Michele Riondino) por quem se apaixona.

O terceiro é formado por uma atriz (Isabelle Huppert) cuja filha se encontra na mesma situação de Eluana. Católica fanática, ela reza o tempo todo para que as duas acordem. Assim se ausenta de todas as outras relações familiares gerando discórdias com o filho.

O último é composto por uma viciada (Maya Sansa) que quer tirar sua própria vida, porém um médico (Pier Giorgio Bellocchio) quer evitar o seu suicídio a todo custo, mantendo-a no hospital.

O diretor foca bastante na realidade italiana. Vemos a força do Vaticano tanto na política quanto na vida pessoal dos personagens. É até um pouco estranho, para nós brasileiros, a intensidade com que se trata a questão religiosa. Aliás, o filme como um todo é bastante pesado.

A construção do roteiro é bastante peculiar. O diretor não traz solução, não traz opinião, ela apenas joga a polêmica para o público refletir. Do mesmo modo as histórias também são um pouco “jogadas”, elas não são apresentadas de forma coesa, gerando uma confusão no ínicio do filme.

Ao mesmo tempo que acho corajosa a criação de um filme que procura se isentar de opinião, parece que falta alguma coisa na trama. Pessoalmente, fiquei na mesma quanto ao tema, não consegui me envolver com nenhum dos personagens e o filme me expôs dados que eu já conhecia. Talvez seja pelo afastamento da realidade italiana. Mesmo assim, acho que faltou “algo novo” que pudesse gerar uma nova reflexão.

Por exemplo, o filme A Pele que Habito (La Piel que Habito, 2011) de Pedro Almodóvar traz um certo absurdo para questão de como avanços cientificos podem modificar a natureza humana, porém justamente por essa “extrapolação” me fez pensar muito mais sobre o assunto. Não que Bellocchio deveria ter trazido um surrealismo para o seu filme, mas ter trazido um elemento enriquecedor para o debate.

Enfim, A Bela que Dorme traz um filme bem realizado cinematograficamente, porém peca quanto ao conteúdo. É um bom filme para quem ainda não conhece os dilemas que surgem quanto a eutanásia.

Por Sophia Kraenkel
sokraenkel@gmail.com


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