por Bruna Nobrega
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1951. Dungatar. Aquela típica cidade do interior com os mesmos moradores fechados, que não aceitam bem pessoas de fora e que conhecem tudo da vida uns dos outros ao mesmo tempo em que são traumatizados por um acontecimento do passado. No caso de A Vingança Está na Moda (The Dressmaker, 2015), a morte do menino de dez anos, Stewart Pettyman. Apesar do cenário usual, o filme não cai no clichê.
Vinte cinco anos após a morte do menino, motivo pelo qual teve que ir embora, Tilly Dunnage (Kate Winslet) volta à cidade onde nasceu para buscar respostas em relação àquele dia, do qual não se lembra. Entretanto, é recebida por uma mãe aparentemente doente, com problemas mentais e uma população ainda ressentida por acreditarem ser ela a culpada pelo acontecido. Tilly, assim, precisa cuidar da mãe e fazer a população esquecer o passado para ser aceita.
A partir de então, inicia-se uma divertida história: Tilly utiliza o talento aprendido nos anos em que passou fora para criar e costurar roupas incríveis para as mulheres da cidade. Conforme sua clientela aumenta, a protagonista tenta melhorar sua relação com a mãe, fato que proporciona ao filme suas cenas mais engraçadas, principalmente graças à ótima química entre Judy Davis e Kate Winslet, que interpretam mãe e filha.
Essa boa química, no entanto, não é vista na relação entre Tilly e Teddy McSwiney (Liam Hemsworth). Ainda que a atuação de ambos seja boa, a diferença de idade entre eles (14 anos) atrapalha na construção do casal – colocado como tendo a mesma idade – , apesar do grande e aparente esforço da produção em fazer Hemsworth parecer mais velho e Winslet, mais nova.
Mesmo com essa falha, ainda pode-se destacar a direção artística de Lucinda Thomson. Os figurinos, maquiagem e locação do filme são muito bem criados e usados em harmonia com o ambiente do filme. Bem como a trilha sonora, perfeitamente trabalhada para conduzir o espectador à reação adequada em cada cena.
Além do foco em Winslet, outros papéis também se sobressaem, principalmente o de Hugo Weaving, o Sargento Farrat, um dos únicos que acredita em Tilly desde o começo e que oferece leveza ao filme, em contraposição a toda dramaticidade trazida pelos outros personagens.
O longa, que estreia dia 19 de maio, se desenvolve misturando comédia e drama em níveis proporcionais e leva a um final inesperado e surpreendente.
Confira o trailer:
https://www.youtube.com/watch?v=qQZZ4MqWoa0
Acho que, depois desta análise, fiquei interessada em assistir este filme. Parabéns Bruna pelo trabalho.