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Bélgica: A Última Dança de uma geração de ouro no Catar

A seleção belga tenta espantar fantasmas e se provar de vez no Catar

Quando falamos em Bélgica, logo nos vem à mente coisas como chocolate e batata frita. Futebol, alguns anos atrás, certamente não seria muito lembrado. Apesar de estarem rodeados por nações de peso no esporte, os belgas não acompanharam seus vizinhos na produção de talentos e conquistas. 

A exceção é a geração que disputou a Copa do Mundo de 1986, que alcançou o quarto lugar no mundial e, naquele momento, foi o maior feito da história do país no futebol. Poucos anos antes, a Bélgica também alcançou a melhor campanha de sua história na Eurocopa, com o bronze na edição de 1980.

Uma possível explicação para esse cenário é a falta de unidade nacional. O país é dividido entre Flandres, onde se fala holandês, e Valônia, composta por falantes de francês, em que também há uma comunidade que fala alemão. Esse quadro resultou em problemas de ordem separatistas.

Ignorando essas questões e visando a uma mudança de patamar no esporte mais popular do mundo, a Bélgica passou a analisar os países vizinhos e reformular as categorias de base, por meio de captação de talentos com um projeto esportivo mais sólido. Os resultados surgiram, com  jogadores de nível mundial, e assim nasceu a geração de ouro do país.

Marcada por estrelas como Courtois, De Bruyne, Hazard e Lukaku — comunicando-se em inglês — a seleção entrou no mapa das principais potências do esporte bretão, e desde a Copa do Mundo de 2014 é apontada como uma das principais candidatas ao título das competições que disputa. 

Apesar de bons momentos, de lá para cá não conseguiu sequer chegar à uma final. A desconfiança e as dúvidas pairam sobre a seleção que, mesmo se provando habilidosa, não conseguiu levantar uma taça e viverá no Catar uma última chance de se sagrar campeã.

Encontro de Gerações no Elenco Belga

Os belgas chegarão à Copa do Mundo com boa parte do elenco e comissão técnica que garantiu o terceiro lugar na Rússia. A mescla entre experiência e juventude pode ser o trunfo  necessário para uma geração que, apesar de muito talentosa, pecava muito pela falta de bagagem em grandes decisões.

Roberto Martínez, desde 2016 no comando da seleção, é um dos trabalhos mais longevos entre as seleções da Copa e mantém o padrão tático que marca seu trabalho nos “Diabos Vermelhos”. Três zagueiros, alas agudos e bom repertório tático são a marca do técnico espanhol.

A posição de goleiro passa longe de ser um problema. Thibaut Courtois, eleito luva de ouro quatro anos atrás na Rússia, melhorou ainda mais e é um dos melhores arqueiros do mundo. Chega em alta após realizar milagres na conquista da Champions League 2021/22 com o Real Madrid. Casteels e Mignolet, destaques do Wolfsburg e do Club Brugge, devem fechar o trio de goleiros.

A defesa é o principal ponto de alerta para a seleção europeia. Jan Vertonghen e Toby Alderweireld ainda são os pilares defensivos, mas ambos estão em idades avançadas e retornaram ao país natal, que não proporciona um alto nível de enfrentamento. Denayer desponta como a primeira opção para ser o terceiro zagueiro, mas não passa a mesma confiança que o antecessor Vincent Kompany, aposentado desde 2020.

No meio-campo, Kevin de Bruyne, um dos melhores jogadores do mundo, continua a liderar a equipe com passes desconcertantes, visão de jogo fora de série e técnica aprimorada. Youri Tielemans é outro destaque da posição com atuações consistentes na Premier League. O volante Axel Witsel segue como um veterano remanescente de 2018, mas com um rendimento abaixo do último mundial. Vanaken também aparece como opção discreta.

Melhor jogador da geração, De Bruyne é uma esperança para os belgas [Imagem: Reprodução/Twitter]

As alas mostram outro ponto de desequilíbrio dos belgas. Pela esquerda, Yannick Carrasco vive um ótimo momento e, ainda que atue de maneira diferente no clube, cumpre bem seu papel na seleção por estar acostumado com o jogo defensivo de Simeone no Atlético de Madrid. Thorgan Hazard, que viveu ótimos momentos no ciclo, é uma boa opção e deve promover uma disputa sadia na posição. Entretanto, o lado direito apresenta uma carência de jogadores que estejam no mesmo nível do restante da seleção. Meunier e Castagne são as principais opções, mas longe de serem as ideais.

O ataque é um ponto de incógnita. Eden Hazard, tido como um dos principais jogadores dessa geração, rumou ao Real Madrid no meio desse ciclo, mas não conseguiu se firmar no clube e sofreu com problemas físicos. Ainda mostra lampejos na seleção, que se puder contar com o craque em sua melhor forma ganhará um grande reforço para o Mundial.

Romelu Lukaku, um dos melhores centroavantes da atualidade, chega ao mundial como a principal esperança de gols dos “Diabos Vermelhos”, mas chegará recém recuperado de uma lesão. Completam o ataque os jovens Charles De Ketelaere e Jérémy Doku, além do experiente Dries Mertens, que possivelmente estará na lista final.

Histórico no Ciclo e Previsões

Desde que atingiu o seu melhor resultado na história das Copas em 2018, com o terceiro lugar e eliminação do Brasil, a seleção belga viveu altos e baixos. No Ranking da Fifa, motivo de orgulho para o país, os Belgas lideraram durante boa parte do ciclo atual, mas foram desbancados recentemente pela seleção brasileira.

No período, a Bélgica também se classificou para a Euro 2020 com 100% de aproveitamento. Na principal disputa de seleções europeias, ganhou todos os jogos na fase de grupos e, nas oitavas, mostrou força ao bater Portugal de Cristiano Ronaldo, campeão em 2016. Entretanto, a geração perdeu mais uma chance de se coroar no revés para a Itália nas quartas, que se sagrou campeã da competição.

A novidade deste ciclo ficou com a Liga das Nações, nova competição do calendário europeu. Na primeira edição, a Bélgica não conseguiu se classificar para as semifinais pelo saldo de gols e viu a Suíça terminar em primeiro lugar de seu grupo – foi eliminada por Portugal nas semifinais. Na segunda edição,os belgas chegaram ao Final Four, contudo, mais uma vez, não alcançaram a final, ao sofrer uma virada após abrir dois gols de vantagem contra a França. Na mais recente edição, caiu novamente na primeira fase ao ser superada pela Holanda duas vezes.

Torcedores Belgas esperam se despedir da geração de ouro com a maior taça do esporte [Reprodução/Twitter]

Nas eliminatórias para a Copa do Mundo, garantiram a classificação de forma invicta. Às vésperas do Mundial do Catar, a Bélgica não deve figurar entre as principais favoritas ao título, mas deve dar trabalho nessa possível despedida de uma geração que fez história para o seu país. A seleção corre por fora, mas o título na primeira Copa disputada no Oriente Médio é possível.

Com um grupo com Croácia, Marrocos e Canadá, a primeira fase não deve ser um passeio como aconteceu em 2014 e 2018, mas é esperado que a seleção alcance novamente a fase eliminatória. A partir das oitavas tudo pode acontecer em jogo único – e porque não uma última dança da badalada geração belga com direito à conquista da glória máxima do futebol?

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