As deslumbrantes paisagens havaianas. Esse é o pano de fundo usado por David L. Cunningham em seu novo filme Meu Amor por Grace (Running for Grace, 2018). O diretor aproveita muito bem as belezas da ilha na fotografia do longa, que se destaca pelos planos abertos com as mais diversas maravilhas naturais que o Havaí pode oferecer. Essas paisagens são fundamentais não só para compor belas imagens, mas, também, para dar veracidade à história de Jo (Ryan Potter), o protagonista.
Ambientado nos anos 1920, o filme evidencia o preconceito, bastante presente na sociedade havaiana no início do século XX. Nesse período, os japoneses migraram para as ilhas do Havaí para trabalharem nas plantações de café onde havia um racismo muito grande por parte dos americanos. As situações de preconceito no filme são muito bem retratadas e chega a ser perturbador o tamanho da subserviência que existia entre os trabalhadores em relação ao dono da plantação de café.
Jo, o personagem principal, é filho de umas dessas trabalhadoras que acaba morrendo por causa da peste. Órfão, o menino conhece Doc (Matt Dillon) e passa a ajudá-lo em suas funções como novo médico da plantação. A relação construída entre os dois é como de pai e fillho. Doc é importante para Jo ao protegê-lo do preconceito com os mestiços, também recorrente nessa sociedade. O início um pouco lento e contemplativo no filme mostra uma parte da infância de Jo e suas corridas pela ilha para pegar remédios e chamar Doc para seus atendimentos.
Ao assistir as diversas corridas de Jo em terras havaianas, é impossível não lembrar de Forrest Gump: O Contador de Histórias (Forrest Gump, 1994). Apesar das corridas do menino terem uma função diferente das de Forrest (Tom Hanks) no premiado filme de 1994, a associação é inevitável nos diversos momentos em que se dirigem e Jo e dizem “Corra, Jo, corra” – uma referência direta ao clássico “Corra, Forrest, corra”.
Para além das paisagens que se destacam na produção e do companheirismo entre Doc e Jo, o foco do enredo é a paixão proibida entre o garoto mestiço e a filha do dono da plantação de café, Grace (Olivia Ritchie). O romance segue a linha da clássica história em que o plebeu se apaixona pela princesa e enfrenta todas as dificuldades para que eles possam viver esse amor impossível. É uma fórmula que agrada os amantes de filmes românticos, mas não traz muitas quebras de expectativa e pode se tornar um pouco previsível.
Alguns acontecimentos parecem ser colocados ao longo da trama para tentar surpreender o espectador, mas acabam por gerar certa estranheza ao ocorrerem de forma abrupta. Enquanto o começo do filme se desenrola de maneira lenta, recheado de imagens da ilha, há um ritmo mais constante e rápido no decorrer da trama – sempre com a presença das paisagens havaianas.
Narrado pela tutora de Grace, Hanabusa (Rumi Oyama), e com a presença do conhecido Jim Caviezel, que interpreta o médico Reyes, e do já citado Matt Dillon, Meu Amor por Grace encanta pela beleza natural do Havaí e pela ambientação muito bem realizada no início do século XX. A tradicional história de amor – ainda que não seja apresentada de forma muito inovadora – é permeada por um preconceito marcante, algo que incomoda talvez por acontecer, mesmo que de outras formas, até hoje.
O longa estreia dia 26 de setembro nos cinemas brasileiros. Veja o trailer: