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Nostalgia: jogos clássicos que marcaram a história

Quando criança me lembro de passar madrugadas inteiras aos finais de semana jogando com minhas primas. A partida começava com o nosso preferido, o Super Mario World, que sempre causava uma onda de tensão toda vez que uma de nós deixava o Yoshi escapar, ou quando passávamos horas tentando derrotar o chefão. Para finalizar, o …

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Quando criança me lembro de passar madrugadas inteiras aos finais de semana jogando com minhas primas. A partida começava com o nosso preferido, o Super Mario World, que sempre causava uma onda de tensão toda vez que uma de nós deixava o Yoshi escapar, ou quando passávamos horas tentando derrotar o chefão. Para finalizar, o jogo escolhido era Street Fighter. Nossas emoções eram sintonizadas com o combate que ficava mais intenso toda vez que uma de nós não parava de apelar para os “Hadoukens” contínuos. Ia dormir pensando na revanche do dia seguinte e nas boas memórias que iriam me acompanhar. 

O ser humano mergulha no universo dos jogos há muito tempo e acompanha sua evolução a cada década. O videogame é um dos diversos formatos de jogos que existem, e pode ser dividido em múltiplas categorias, cada uma com sua peculiaridade. Um mesmo jogo pode ter diferentes expressões, regras e público-alvo associados a fatores sociais e culturais de cada país.

Os jogos intitulados como retrô ou clássicos tiveram seu apogeu na década de 1980, e ainda hoje não encerraram sua carreira e são lembrados com carinho. Na maior parte do mundo, essa década foi conturbada por inúmeras questões políticas e sociais, mas a cultura, inovação e tendência ficaram registradas e caracterizaram o período nesse âmbito. A época ficou marcada por suas roupas de cores vibrantes, corte de cabelo estilo poodle, toca-fitas e uma imensa variedade de jogos em fliperamas e consoles. Há quem diga que tudo isso é passado, mas muitos desses ícones na verdade nunca deram seu adeus.

Os games clássicos marcaram presença na vida de muitas pessoas e seu sucesso ainda é refletido e recordado pelos seus contemporâneos e pela nova geração. Segundo Mauricio Filardi, youtuber do canal de games Baú do Mau, “a nostalgia que esses jogos trazem nos leva para a infância, e eles fazem sucesso até hoje porque são bons, divertidos e de boa jogabilidade”. Além da memória afetiva que esses games trazem, seu aspecto técnico foi muito inovador para o período e serviu como base para os inúmeros títulos que viriam a seguir. Assim que vieram a público, esses jogos se popularizaram entre todas as faixas etárias e se tornaram um dos grandes meios de diversão. “Além de serem jogos incríveis, eles revolucionaram o modo de entretenimento da época”, comenta Arthur Manson, fotógrafo e proprietário de uma loja de videogames. “Na minha loja vejo pais comprando os jogos que tinham na sua época para mostrar para os seus filhos como eles se divertiam, e isso não deixa esses clássicos morrerem”, completa. 

Muitos jogos foram emblemáticos nesse período e o universo dos games está repleto de curiosidades e nostalgia. Vamos nos teletransportar para a “pontinha” do iceberg de alguns títulos clássicos e rememorar sua história.

 

Máquinas arcades

Um marco da década de 80 foram os arcades, também conhecidos como fliperama, que são as famosas máquinas de jogos. A origem do nome está relacionada com o uso do flipper, que são as palhetas de controle para bater na bola nas máquinas de pinball. Por mais que os arcades não possuíssem essa alavanca, o termo foi adotado tanto para designá-los como para denominar os estabelecimentos destinados a eles. Essas máquinas eram acionadas por moedas ou fichas de metal.

Esse modelo surgiu em 1971, quando um grupo de estudantes da Universidade de Stanford criaram o Galaxy Game, um protótipo do jogo SpaceWar. O modelo evoluiu e foi comercializado como Computer Space, o primeiro a ser lançado nos fliperamas, com a temática de guerra espacial. Mas o jogo que alavancou o sucesso dos arcades foi Pong, da Atari. Muitos títulos clássicos que marcaram a história dos videogames passaram por essas máquinas, que serviram de palco para muitas competições e diversão. Por mais que tenha sido uma febre dos anos 80, até hoje encontramos espaços destinados a esses clássicos. “Na minha rua, em dias de festa junina, ficava uma máquina de fliperama colado no muro da minha casa, então, quando ia comprar pão, gastava todo o dinheiro em fichas”, comenta Maurício. Ele explica que os fliperamas são especiais, neles os jogadores podem jogar de pé e lado a lado.

 Máquinas arcades nos fliperamas. [Imagem: Reprodução/Flickr/Hall Hex] 
Máquinas arcades nos fliperamas. [Imagem: Reprodução/Flickr/Hall Hex]
Outra clássica máquina foi a de pinball que surgiu em 1930, mas só ganhou popularidade nos anos 70. A princípio ele foi considerado um jogo de azar e foi banido dos estabelecimentos, pois na época não possuía suas alavancas. Nele, o jogador apertava um botão que fazia a bola do jogo ir para qualquer direção. Em 1947, foi lançada a primeira mesa de pinball com os flippers. Também possuía placar e bumpers, que se parecem com cogumelos e servem para repelir a bola. Esses mecanismos mudaram sua dinâmica e se tornaram característicos do jogo, e até hoje fazem sucesso. 

Máquina de pinball. [Imagem: Reprodução/Giphy]
Máquina de pinball. [Imagem: Reprodução/Giphy]

 

Primeiros lançamentos de destaque

Um dos primeiros jogos da história surgiu em 1958 e recebeu o nome de Tennis Programming, ou Tennis for Two. Criado pelo físico nuclear Willy Higinbotham para a exibição anual do Laboratório Nacional de Brookhaven nos Estados Unidos. Nele se usava um osciloscópio como tela, dois controles e um computador analógico como processador. O jogo simulava uma partida de tênis e cada jogador tinha que rebater a bola com uma raquete invisível.

Jogo Tennis for Two. [Imagem: Reprodução/Gfycat]
Jogo Tennis for Two. [Imagem: Reprodução/Gfycat]
Na temática guerra espacial o jogo Spacewar, foi criado em 1961, no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), foi um dos primeiros jogos para computadores da história dos videogames. E simulava a força gravitacional de uma estrela. O jogador controlava uma espaçonave com o objetivo de enfrentar as naves inimigas. 

Outro sucesso do gênero foi Space Invaders, lançado para os arcades do Japão em 1978, desenvolvido por Tomohiro Nishikado e produzido pela Taito Corporation. Foi um dos primeiros jogos de tiro a possuir um gráfico bidimensional. Nele, o jogador controla uma nave espacial e seu objetivo era impedir uma invasão alienígena. O título foi um fenômeno em popularidade e seu sucesso foi tanto que o governo japonês notou que as moedas de 100 ienes que eram utilizadas como fichas nas máquinas do game estavam escassas no país. Pois todas estavam estocadas dentro das máquinas.

Jogo Space Invaders. [Imagem: Reprodução/MakeAGIF] 
Jogo Space Invaders. [Imagem: Reprodução/MakeAGIF]
Na categoria de esportes, Pong foi o primeiro jogo criado pela Atari, em 1972. Considerado o pioneiro da história a ser lucrativo. Lançado para as máquinas arcades, ele representava uma partida de pingue-pongue e sua jogabilidade era bem simples. Era composto por dois retângulos brancos sobre um fundo preto e um pequeno quadrado também branco que representava uma bolinha. O jogador usava uma raquete virtual para rebater e o objetivo era fazer mais pontos que seu adversário.  

Jogo Pong, da Atari, para as máquinas arcades. [Imagem: Reprodução/YouTube] 
Jogo Pong, da Atari, para as máquinas arcades. [Imagem: Reprodução/YouTube]

 

Games de luta

A série Street Fighter surgiu nos fliperamas e acompanhou a evolução dos games e dos consoles. Sua origem foi em 1987 com o primeiro jogo da franquia nas máquinas arcades do Japão. Nele, o jogador controla o personagem Ryu, que viajava pelo mundo enfrentando os melhores lutadores de cada país em sua busca pelo mais forte. Ele também promovia a disputa “mano a mano” entre dois jogadores e colocava o segundo player no comando do personagem americano Ken, cujas habilidades se assemelhavam ao lutador Ryu. O jogo tinha tudo para ser um sucesso e despertou muita curiosidade, mas sua jogabilidade era muito complexa se comparada aos outros games de luta da época.

Já em 1991, foi lançado o Street Fighter II, que adotou o modelo de animação por sprites, formado por um conjunto de imagens que promovem a ideia de movimento aos personagens. Nessa segunda versão, a jogabilidade evoluiu e ele foi disponibilizado para todos os consoles. O jogo revolucionou o gênero de luta e influenciou muitos outros títulos.

Lutadores Ryu e Ken do jogo Street Fighter, um dos jogos clássicos mais famosos. [Imagem: Reprodução/YouTube]
Lutadores Ryu e Ken do jogo Street Fighter. [Imagem: Reprodução/YouTube]
Em 1992, a Midway Games lançou a série Mortal Kombat para plataforma arcade, que se tornou um sucesso nos fliperamas. O jogo emocionou e chocou o mundo com seus combates violentos e seus inesquecíveis fatalities (golpes finais) . Possuía uma boa jogabilidade e personagens marcantes como Sub-Zero, Scorpion e Kitana. Seu visual chamou a atenção, pois usava o modelo de animação por captura de movimentos, ou seja, as imagens foram digitalizadas e animadas a partir de atores, o que conferia a ideia de realismo aos personagens. Ainda hoje, Mortal Kombat está entre os jogos de luta mais populares e seus gráficos e séries continuam evoluindo, além de se expandir dos consoles e ganhar as telonas do cinema e as páginas das histórias em quadrinhos. 

Jogo Mortal Kombat, da Midway Games, um dos jogos clássicos mais famosos. [Imagem: Reprodução/Tenor]
Jogo Mortal Kombat, da Midway Games. [Imagem: Reprodução/Tenor]

 

Os queridinhos

Na década de 1980, a empresa japonesa Nintendo marcou a história com o jogo Super Mario Bros. Seu criador foi Shigeru Miyamoto, que a princípio desenvolveu o game Donkey Kong, e foi através dele que o popular Mario Bros. nasceu. No enredo de Kong, o herói Jumpman tenta resgatar sua namorada Pauline do gorila. Nos Estados Unidos, os funcionários da Nintendo notaram que o personagem se parecia com o dono de uma empresa que alugava galpões para eles, chamado Mario Segale, e assim o nome serviu de inspiração para o protagonista do jogo.  

O jogo fez um tremendo sucesso e acrescentou novos personagens ao seu enredo, como seu irmão Luigi, além de ampliar os vilões e incrementar poderes. Ele também possui alguns spin-offs que fizeram muito sucesso, como por exemplo Mario Kart. O game se tornou o principal símbolo da Nintendo, além de ultrapassar gerações e ser um dos jogos retrô mais queridos do mundo. Arthur Manson conta que é apaixonado por Mario Bros, e ao menos três vezes por semana passa horas jogando. 

“Considero o jogo Super Mario World o melhor de todos da franquia, creio que o personagem marcou a época. Quando penso em jogos retrô, o primeiro que me vem é ele”, comenta Maurício. “Meu pai me presenteou com o Mario Bros, e foi só felicidade. Ele é o personagem que marcou a minha infância”, completa. 

Jogo Mario Bros. da Nintendo, um dos jogos clássicos mais famosos. [Imagem: Reprodução/Tenor] 
Jogo Mario Bros. da Nintendo. [Imagem: Reprodução/Tenor] 
Desde sua estreia nos fliperamas, Pac-Man conquistou uma legião de fãs pelo mundo e hoje é considerado um dos clássicos, reconhecido até por quem nunca o jogou. Lançado em 1980, pela Namco, e dirigido pelo designer de jogos Toru Iwatani, ele foi desenvolvido para as máquinas arcades, mas também foi adaptado na época para o Atari 2600.

No jogo, Pac-Man está em um labirinto fugindo de seus inimigos representados por fantasmas. Seu objetivo é comer todas as pastilhas energéticas que o levam ao power-up, ou seja, recebe uma habilidade que o permite devorar seus adversários por um tempo determinado. Foi também o primeiro jogo a ter um personagem feminino como principal, conhecido como Sra. Pac-Man. A franquia rendeu mais de 30 continuações além de o personagem fazer aparições em outros jogos, como por exemplo o game de luta Super Smash Bros, em que o jogador pode selecionar o Pac-Man como seu lutador.

Jogo Pac-Man, da Namco, um dos jogos clássicos mais aclamados. [Imagem: Reprodução/Giphy] 
Jogo Pac-Man, da Namco. [Imagem: Reprodução/Giphy] 
Maurício conta que muitas pessoas preferem jogar esses games clássicos do que os mais novos. “Eu jogo até hoje, porque é uma paixão que ficou na minha vida”, completa. Para os amantes dos games retrô e para os que têm curiosidade de conhecer, a internet facilitou esse contato, e hoje diversos sites proporcionam esses jogos on-line. Para a experiência se aproximar do que era em seu primórdio, a grande maioria desses games estão disponíveis para download em seu visual original. Jogar nas máquinas arcades, adquirir os consoles antigos ou ir a um fliperama se tornou uma boa opção para reviver esses tempos. “Cartuchos de jogos que antes eram vendidos como sucata hoje são itens valiosos. Também existe uma maior facilidade em montar seu próprio fliperama”, explica Arthur. 

O universo dos jogos clássicos de videogames é imenso, e sua nostalgia, simbologia e importância ainda estão presentes. Mergulhar naquele recorte do passado que traz muitas recordações e ter a possibilidade de sentir a energia que circulava na atmosfera faz com que esses jogos continuem vivos. Seja para reviver momentos, infância ou se divertir. Eles marcaram a história dos games e de seus jogadores. Sua origem pode estar no passado, mas eles estão bem longe de chegar ao seu “game over”.

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