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System of a Down gera desordem em show apoteótico

Sinalizadores e focos de mosh marcam a volta da banda após dez anos longe do Brasil
Imagem do show da banda System of a Down em São Paulo, na perspectiva do palco para o público.
Por Heloisa Falaschi (heloisafalaschi@usp.br)

Em maio, a banda de nu metal (subgênero do heavy metal) armênio-americana, System of a Down — também chamada de SOAD  — realizou cinco shows no Brasil. A excelência técnica do grupo e a lotação dos estádios causaram efeito catártico no público. Os shows pertencem à turnê WAKE UP! South America Stadium Tour e alucinaram os admiradores da banda, que não pisava em solo brasileiro desde 2015.

São Paulo recebeu três apresentações do SOAD, na qual uma delas foi o encerramento da turnê, ocorrida no autódromo de Interlagos. Com todos os concertos esgotados, a banda não repetiu a setlist em nenhuma das noites, que se destacou pelo número extenso de músicas.

O Sala 33 esteve na apresentação do dia 11/05 (domingo), no Allianz Park, e conferiu os principais momentos da noite.

Fila para o show do System of a Down em São Paulo.
Roupas que faziam referência a várias fases da banda podiam ser vistas nas filas que contornaram quarteirões [Imagem: Heloisa Falaschi/Acervo pessoal]

Riffs que marcaram a abertura

Ego Kill Talent foi a banda escolhida para abrir apresentações do System of a Down no Brasil. O grupo de origem paulistana é conhecido pela sua constante presença nas aberturas de  bandas internacionais como Linkin Park e Foo Fighters.

A apresentação durou aproximadamente uma hora e contou com a presença de Jéssica Falchi 一 ex-guitarrista da banda Crypta 一, que foi convidada para tocar duas músicas. O entusiasmo da musicista exposto em seus riffs contagiou até o público mais ávido pelo concerto principal.

Com a saída de Ego Kill Talent, o entusiasmo dos fãs para a entrada do SOAD foi marcado por focos de mosh e sinalizadores 一 esses, eram itens proibidos 一 que transformaram o estádio em um verdadeiro mar revolto de luzes.

Banda Ego Kill Talent
A banda Ego Kill Talent foi fundada em 2014, em São Paulo, e conta com cinco integrantes
[Imagem: Reprodução/Instagram/@egokilltalent]

“E esse é o nosso estilo de rock’n roll”

Ao serem recepcionados pela multidão que gritava em coro “System! System! System!”, o SOAD fez sua entrada costumeira, sem rodeios. A apresentação foi iniciada com um rulo protagonizado pelo baterista John Dolmayan e acompanhado pelo baixista Shavo Odadjian, que abriu espaço para a entrada da banda no palco.

Show do System of a DOwn. Na imagem aparece o público de costas, o telão e o palco.
A platéia se organizou para homenagear a banda formando com luzes a bandeira da Armênia, país de descendência do grupo, nas arquibancadas
[Imagem: Heloisa Falaschi/Acervo pessoal]

X”, do álbum Toxicity (2001), deu início ao setlist da noite e convidou os espectadores a aumentar ainda mais a agitação. Daron Malakian, guitarrista e membro que mais interage com a plateia, apresentou o grupo no final da música.

“Nós somos o System of a Down e esse é o nosso estilo de rock in roll!”
Daron Malakian

O show continuou com Suite-Pee, do primeiro álbum de estúdio homônimo de System of a Down, seguida de Prison Song. Ainda sem pausas, Aerials dominou o estádio com seu ritmo menos explosivo, que exaltou a potência do vocalista Serj Tankian e abafou boatos de que sua voz não estaria apta para o show.

Pessoa fazendo símbolo de rock na plateia.
I-E-A-I-A-I-O, 36, Pictures e Highway Song, assim como em Steal This Album! (2002), quinto disco da banda, dispensaram pausas e foram tocadas em sequência
[Imagem: Heloisa Falaschi/Acervo pessoal]

O show não foi apenas euforia

Mais uma interação feita por Daron convocou o público a sair do chão com Needles e Deer Dance, faixas respectivas em Toxicity, primeiro disco do SOAD a atingir o topo da parada Billboard 200. Com o início Soldier Side (Intro) e Soldier Side os pulos foram substituídos pelo canto sincronizado e lanternas de celulares que invocavam as notas melancólicas das músicas.

O  breve momento de mansidão do público antecedeu uma das músicas mais agitadas da noite: B.Y.O.B.!. A segunda faixa do álbum Mezmerize (2005) carrega em seu título a sigla de “bring your own bombs” 一 “traga suas próprias bombas”, traduzido para o português. A composição carrega tom irônico e possui sonoridade rica e recheada de mudanças rítmicas, o que a configura como uma das músicas mais marcantes nos shows.

No clima eufórico deixado pela faixa anterior, Radio/Video, que mistura diversos estilos musicais, colocou todos para dançar, inclusive Serj Tankian. Com os braços pro alto e movimentos saltitantes, o vocalista do grupo exibiu seu balanceio, que foi recebido de forma descontraída pelos fãs. ATWA 一 sigla de Air, Trees, Water, Animals, em português, ar, árvores, água e animais 一  marcou o início da segunda metade do show.

Vocalista do System of a Down canta de olhos fechados, sob uma luz mais escura.
Com o breakdown de Dreaming e as faixas completas Hypnotize e Peephole, a banda explorou as composições menos explosivas [Imagem: Heloisa Falaschi/Acervo pessoal]

O humor tomou o estádio

Com uma interação inesperada, Daron Malakian aproveitou a mudança de clima para ter um momento engraçado. Every Breath You Take, uma música de soft rock, em contraste, introduz Bounce. O estádio foi novamente incendiado por focos de mosh e uso intenso de sinalizadores.

Suggestions e Psycho antecedem um dos maiores sucessos da banda: Chop Suey. “Wake-up!” 一 “acorde!” em português — é a frase que inicia a música tão emblemática que nomeou a turnê. Enquanto a faixa foi tocada, apenas uma função foi dada ao público: “Batam suas palmas”.

Mais um momento cômico ocorreu no final de Lost in Hollywood. Ao tocar parte de Careless Whisper, de George Michael, Daron causou riso generalizado na plateia e puxou a melodia de Lonely Day.

Rodas e desordem

Com o show encaminhado para o fim, Mind, Spiders e Forest marcaram presença antes da peculiar homenagem ao dia das mães. Cigaro, que tem letra considerada explícita em plataformas de streaming por fazer referência direta às genitálias e cigarros, foi sarcasticamente dedicada às mães.

Fã é visto com a mão levantada em primeiro palno. Ao fundo, há um clarão vermelho, típico dos sinalizadores.
O momento conhecido em que Daron Malakian chama os fãs para “spinning around”, ou rodarem em torno de grandes círculos, é um momento tradicional em shows do SOAD [Imagem: Heloisa Falaschi/Acervo pessoal]

O tom calmo de Roulette contrastou com o alvoroço formado pelo público na música seguinte. O momento “spinning around em Toxicity” já é conhecido pelos admiradores da banda como o momento mais caótico da apresentação. O mar de sinalizadores, junto com os focos de mosh, ampliaram o momento mais emblemático da noite.

Sugar encerrou a apresentação, que teve quase duas horas de duração. Antes de se despedirem da plateia, os integrantes do SOAD trocaram abraços entre si, momento significativo para admiradores da banda que acompanham os atritos 一 majoritariamente políticos — entre os membros.

Integrantes da banda se abraçam.
Incertezas quanto ao retorno ao Brasil transformaram o final do show em um momento emocionante para apreciadores da banda [Imagem: Heloisa Falaschi/Acervo Pessoal]

*[Imagem de capa:  Reprodução/X/@serjtankian (creditada para @audiomassacre)]

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