A minissérie Maid, que estreou em outubro na Netflix, narra a história de Alex (Margaret Qualley) que, após fugir com sua filha Maddy da casa em que morava com o namorado abusivo Sean (Nick Robinson), enfrenta dificuldades para se estabelecer financeiramente e manter a guarda de sua filha. Com produção de John Wells e Margot Robbie, a série é inspirada no best-seller Maid: Hard Work, Low Pay, and a Mother’s Will to Survive — livro de memórias da autora Stephanie Land, que foi traduzido para o Brasil como Superação: Trabalho Duro, Salário Baixo e o Dever de Uma Mãe Solo (Alta Life, 2020).
Ao fugir da casa em que morava, Alex tem o seu carro como o único lar possível até aceitar viver em um abrigo para vítimas de violência doméstica. A personagem não acreditava que poderia viver lá, pois não entendia que tinha sofrido violência, afinal o ex-namorado não bateu nela e ela não está fisicamente ferida. Assim, a série aborda os diversos tipos de agressão que muitas vezes são minimizados pela sociedade e, consequentemente, pelas vítimas.
Sem dinheiro, Alex precisa da assistência do governo, mas é tudo muito burocrático, o que fica evidente durante toda a narrativa. Sem emprego, ela não consegue ter acesso a algumas dessas ajudas. Mesmo quando começa a trabalhar como faxineira, as dificuldades continuam: as condições de trabalho são ruins e o salário é muito baixo — insuficiente para as necessidades de mãe e filha. Para aproximar o telespectador da angústia pela dificuldade do sustento, a série mostra o dinheiro sendo descontado a cada gasto na tela.
A atuação de Margaret Qualley contribui para todas essas sensações. Ela consegue transparecer muito bem as angústias da personagem, desde a apatia(nos momentos em que se vê sem rumo) e crises de pânico até o amor e carinho que nutre por Maddy.
Isso tudo prende o telespectador que quer descobrir se enfim as personagens conseguirão alcançar a tranquilidade e felicidade. Porém, ao mesmo tempo, é difícil maratonar a série de uma vez só. Os momentos em que tudo parece estar caminhando para dar certo e que nos causam alívio rapidamente são interrompidos por novos problemas — que, em sua maioria, estão relacionados com atitudes de Sean, o que demonstra como é difícil se livrar de um abusador.
A dificuldade de superar os diversos tipos de abuso também é enfatizada pela história de Paula e das mulheres que vivem no abrigo, em especial Danielle (Aimee Carrero), que se torna amiga de Alex no início da trama.
Maid é uma série perturbadora, mas que consegue mostrar de forma emocionante como os sonhos e o amor materno são importantes para guiar alguém quando os desafios insistem em se prolongar.
*Imagem de capa: Divulgação/Netflix