Jornalismo Júnior

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Crítica: Mães de Verdade

O impacto que um filho causa em uma vida, seja ele biológico ou adotivo

Mães de Verdade (Asa Ga Kuru, 2020) é um filme japonês da diretora Naomi Kawase, baseado no romance de 2015 de Mizuki Tsujimura. A temática central é a adoção de crianças, vista de diferentes pontos de vista, mas rodeando uma mesma família. Primeiro conhecemos Satoko e Kiyokazu Kurihara (Hiromi Nagasaku e Arata Iura), os pais de Asato (Reo Sato). Em seguida, temos conhecimento sobre todo o processo que os levou a  adotar Asato e, por fim, nos aprofundamos na história da sua mãe biológica, Hikari Katakura, e os motivos do porquê ela acabou decidindo entregar o filho para a adoção.

Essas três linhas narrativas vão se intercalando em diversos flashbacks, de modo que é impossível destacar um único protagonista do filme. Por um lado, temos o drama de um casal estéril que sonha em ter um filho e encontra na adoção a solução dos seus problemas, e, por outro, uma adolescente que engravida e tem sua vida completamente transformada, mesmo depois do filho biológico ir para outra família.

O casal Kurihara, interpretado por Arata Iura e Hiromi Nagasaku, em Mães de Verdade. Na cena, os dois aparecem abraçados, consolando um ao outro.
O casal Kurihara, que se apoia como casal e como pais. [Imagem: Divulgação/Haut et Court]
É uma história muito delicada e o diretor tem o cuidado de tratá-la como tal. Mesmo no ponto culminante em que há um embate entre as mães, é possível ver o reflexo da trajetória de ambas emergindo. É nesse momento também que percebemos como o recurso de flashbacks foi muito bem utilizado no decorrer de Mães de Verdade. Eles são longos e praticamente dividem o filme em atos, dando tempo para o espectador compreender o que está acontecendo, quem são os envolvidos e de que modo isso afeta a cena no “futuro” que foi vista.

No fim, são histórias que emocionariam como são, mas que nos são apresentados em uma ordem que otimiza esse sentimento, porque cada narrativa, ainda que intrínseca uma na outra, também recebe seu tempo de destaque para ser absorvida sozinha. Desse modo, a relação do espectador com cada personagem vai sendo construída lentamente e, quando eles se encontram, é perceptível o quanto você já os reconhece em suas ações e reações.

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