O filme Casa Gucci (House of Gucci, 2021), de duas horas e quarenta minutos de duração, conta detalhadamente a história da família Gucci, que nomeia uma das maiores e mais reconhecidas marcas de luxo. A narrativa saiu do livro House of Gucci: A Sensational Story of Murder, Madness, Glamour, and Greed, mas com algumas adições, para entreter e entrelaçar a trama.
Lady Gaga, Adam Driver, Al Pacino e Jared Leto estreiam no filme. Com caracterizações fantásticas, eles passam a se assemelhar aos estereótipos italianos, contemplados no cinema como os mafiosos do Poderoso Chefão, da verdadeira Família Gucci. As roupas são bem estruturadas, com ótimos cortes e muito luxo, oferecido pelos acessórios. O figurino retrata muito bem o que você espera encontrar ao entrar no “Vaticano da Moda”, como Maurizio (Adam Driver) se refere à Gucci.
O longa tem um formato circular, ou seja, inicia-se no final da história. Logo depois, adentra os anos 1970 na Itália, contando um clichê: um casal impossível, formado pelo jovem rico e a moça de família não nobre, que lutam contra as forças familiares e se casam em meio aos desafios, porque o amor é capaz de vencer tudo. Felizmente, poucos minutos são gastos neste mais do mesmo. Em pouco tempo, eles já estão casados e a conquista por uma das maiores marcas de luxo começa.
Maurizio, que havia cogitado não possuir nada de sua família, é conquistado por seu tio e por sua esposa, que o inserem no mundo dos negócios. No início, o herdeiro parece realmente desinteressado naquela vida. Como ele mesmo diz: seu sangue Gucci havia sido diluído pela maternidade germânica. Mas não é o que acontece, Maurizio solta suas garras.
Para quem iniciou o filme cumprindo o papel de mansidão no casal, Maurizio ofereceu um belo plot twist, voltando-se contra toda sua família e abandonando seu casamento. O mais intrigante é que Patrizia (Lady Gaga), no meio da trama, é dada como “a louca” que desmanchou a família. No entanto, ela havia apenas idealizado um plano de sucesso que Maurizio rouba e ainda a culpa por tudo. A transformação da personalidade do herdeiro é traumatizante. Literalmente da água ao vinho.
Todavia, não só de Maurizio constrói-se este filme. Patrizia é essencial para manter a trama interessante e fugir do óbvio. Assim como todos os seus figurinos, a jovem resguarda toda a personalidade do longa. Sem papas na língua, ela constitui, com certeza, o estereótipo de mulher forte no cinema: explosiva, manipuladora e extremamente bonita. Não posso negar: Casa Gucci não seria Casa Gucci sem Patrizia, ou melhor, sem a Lady Gaga, ícone de singularidade.
A narrativa desfaz-se com uma perda de contraste: Maurizio perde milhões em compras supérfluas, tornando-se extremamente impulsivo e Patrizia adoece mentalmente pela rejeição do marido. O casal não é mais o mesmo, nem a Gucci, que passou a não ter nenhum membro da família como acionista. É o fim do império e da trama: Patrizia contrata um assassino de aluguel e mata Maurizio. Logo depois, ela é condenada à prisão. Em uma família com tantos estardalhaços, acredito que o final seja tamanho espalhafatoso para sustentar o sobrenome.
O filme é extremamente bem produzido e exala energia Gucci, mesmo com atores norte-americanos. Ao assistir, fica claro que o sobrenome é mais que uma marca, é praticamente uma religião: In the name of Father, Son and House of Gucci.
Casa Gucci já estreou nos cinemas brasileiros. Confira o trailer:
*Imagem de capa: Divulgação/MGM Studios