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Amazon Prime: ‘A Vastidão da Noite’ – o poder envolvente do suspense

A Vastidão da Noite (The Vast of Night, 2019) traz uma ficção científica que mistura suspense, mistério e nostalgia. Ambientado nos anos 1950, em uma pequena cidade chamada Cayuga, localizada no Novo México, Estados Unidos, o filme dialoga com outros longas do gênero mas inova na forma de exibir e trabalhar a trama. A história …

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A Vastidão da Noite (The Vast of Night, 2019) traz uma ficção científica que mistura suspense, mistério e nostalgia. Ambientado nos anos 1950, em uma pequena cidade chamada Cayuga, localizada no Novo México, Estados Unidos, o filme dialoga com outros longas do gênero mas inova na forma de exibir e trabalhar a trama.

A história em si não chama tanta atenção, pois poderia facilmente ter caído em clichês clássicos de filmes do tipo sci-fi que envolvem alienígenas e OVNI’s. Porém, é justamente isso que faz o filme ir além: com um roteiro simples, talvez entediante para alguns, o diretor estreante Andrew Patterson consegue envolver e cativar o telespectador em uma narrativa que explora bastante o mistério e o suspense.

Mesmo em momentos de tensão ou de pura distração, como a cena inicial em que os personagens simplesmente saem andando e conversando com pessoas nos carros, quem assiste é atraído para a narrativa. Muito disso em razão do bom trabalho de direção de arte e fotografia. Isso tudo pode ser ainda mais elogiado se levarmos em consideração o baixo orçamento do filme, que não chegou a 1 milhão de dólares.

O filme passa a maior parte do seu tempo focado nos dois personagens principais e são eles que acompanhamos durante essa noite misteriosa. Fay (Sierra McCormick) é uma adolescente de 16 anos que ajuda sua mãe trabalhando como operadora de uma central telefônica, e Everett (Jake Horowitz) é um jovem locutor da Rádio WOTW (referência à ficção científica War of The Worlds, A Guerra dos Mundos em português, de Herbert George Wells).

Everett e Fay na estação de rádio WOTW. [Imagem: Divulgação/Amazon Studios]
Quando Fay começa a escutar sons estranhos sendo emitidos do rádio e do telefone, ela liga para Everett, que está na Rádio. Ele coloca o som para ser transmitido no programa, na esperança que algum dos ouvintes tenha informações sobre o ruído.

Um homem chamado Billy afirma já ter ouvido aquele mesmo som enquanto trabalhava em missões secretas para o Exército dos Estados Unidos e a partir desse momento, a trama começa a ficar mais misteriosa.

A narrativa é construída a partir de pedaços da história que os personagens vão juntando. Na tela se misturam momentos em que se descobrem informações importantes e também diálogos banais, mas predomina o clima de tensão, que só aumenta à medida que se descobre mais e mais.

Uma parte importante do filme se passa dentro da central telefônica na qual Fay está trabalhando. É por lá que se passarão ligações importantes como a de Billy. Também é nela que se desenvolve um dos planos-sequência mais bem feitos do longa, em que Fay está sozinha e começa a ter problemas na comunicação. A atriz mantém bem a personagem, sustentando o mistério a cena inteira.

O início da trama central acontece, de fato, a partir dessa cena, pois começa a ser criado o suspense que conduzirá a história até o final. O filme é levado por um ritmo lento e, por isso, os diálogos e monólogos têm um papel muito importante ao prender a atenção e evitar que a narrativa se disperse.


Fay (Sierra McCormick) na central telefônica [Imagem: Divulgação/Amazon Studios]
A trilha sonora é sem dúvidas um dos fatores que mais colaboram com o suspense da trama, tanto nas músicas que transmitem a tensão do momento, quanto nos diálogos longos e bem interpretados por Jake Horowitz e Sierra McCormick. Existem momentos em que a tela fica totalmente preta e tudo que se escuta são as falas das personagens.

Outra coisa a ser notada são as longas sequências usadas no filme, especialmente, pois elas são bem utilizadas. Sozinha ou junto dos personagens, a câmera anda pela cidade como quem está a bisbilhotar a vida dos cidadãos da pequena Cayuga. Esse trabalho de condução auxilia inclusive na construção da ambientação e do cenário do longa-metragem, permitindo adentrar na cidade e na vastidão da noite.

“Há algo no céu”, exclamam diversas vezes os personagens ao longo do filme, mas esse algo é mostrado somente no final, com o espectador à espera de ver o que é que está nos céus naquela noite. Esse detalhe pode ser um tanto decepcionante, visto que se passa quase 1 hora e meia até a revelação ser finalmente exibida. Nesse ponto é preciso paciência, visto que a demora pode levar a uma ansiedade em relação ao desfecho.

No desenrolar do filme, sabemos o que está voando por entre as nuvens de Cayuga. Não se sabe como é, mas se sabe o que é. A câmera passa o filme inteiro perto do chão, dos personagens e somente em seus minutos finais ela se volta para cima, revelando o “algo” no céu.

Everett recebe uma ligação de Mabel Blanche, uma senhora que diz ter informações úteis sobre a situação. [Imagem: Divulgação/Amazon Studios]
A Vastidão da Noite é um longa-metragem que se destaca na ficção científica, revelando que ainda há muito a ser feito no gênero e as possibilidades a serem exploradas são grandes. Pode ser uma produção de baixo custo, mas mesmo assim consegue aproveitar de uma boa direção para fugir do lugar comum no qual poderia facilmente ter caído.

É uma narrativa simples, com personagens pouco complexos, porém bem trabalhada e o resultado final é um suspense que envolve a todo momento e que guarda o mistério até o fim.

O longa já está disponível para assinantes da Amazon Prime. Assista ao trailer:

Capa: [Imagem: Divulgação/Amazon Studios]

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