No verão, quando o sol aparece e todos querem relaxar, um lugar que chama a atenção da maioria é a praia. Com seu protetor solar e uma espreguiçadeira, não tem lugar melhor para esquecer da vida, enterrar o pé na areia e tomar uma boa água de coco.
Entretanto, não são todas as praias em que o acesso ao mar é pela areia. Algumas nem tem tanta água de coco. Às vezes, é até possível encontrar alertas de tubarões ou de maiores correntezas. Essas sutis diferenças são melhor compreendidas quando entendemos quais são os diferentes tipos de praias e como podemos distingui-las.
De fato, as praias podem variar em declividade, largura, a presença de dunas e de um tipo específico de vegetação, por exemplo. Além disso, também é possível analisar a vulnerabilidade da praia à ação de eventos extremos ou à elevação do nível do mar. Segundo o professor e pesquisador do Instituto de Oceanografia da Universidade de São Paulo (USP) Eduardo Siegle, a importância de conhecer os diferentes tipos de praia é tanto para “entender os processos envolvidos na dinâmica costeira, como também para definir a suscetibilidade das praias a mudanças com influências externas.”
As ondas
É comum ouvir falar de praias tranquilas para tomar banho de mar ou ideais para surfar. Essas características dependem principalmente da força das ondas. “Ao longo do litoral brasileiro, por exemplo, podemos observar de forma simplificada que o nível de força de ondas que alcançam o litoral vai diminuindo de sul para norte”, comenta Siegle. As ondas são geradas a grandes distâncias e deslocam-se pelo oceano até chegarem às regiões mais rasas.
![Surfista na Praia de Pipa, RN. [Imagem: Reprodução/Pipa]](http://jornalismojunior.com.br/wp-content/uploads/2020/09/Praia-de-Pipa.png)
Surfista na Praia de Pipa, RN. [Imagem: Reprodução/ Pipa]
O sal
Algumas vezes, pessoas comentam que sentem que as águas de determinada praia é mais ou menos salgada do que as de outra. Essa diferença na concentração salina pode ocorrer em função da proximidade de rios que deságuam no mar. Ou seja, se a praia está próxima à desembocadura de um rio, sendo ele de água doce, a água vai apresentar menor salinidade.
A concentração de sal também varia em períodos chuvosos. Com muita chuva, a descarga de água doce pelos rios aumenta e a salinidade diminui. Em períodos mais secos, acontece justamente o contrário. Assim, a água realmente pode parecer mais ou menos salgada dependendo da época e da localização da praia.
Os ecossistemas marinhos
O Brasil tem uma variedade muito grande de fauna e flora dentro e fora d’água. Os ecossistemas costeiros, tanto de mares e rios, mas também estuários e manguezais variam de acordo com diversos fatores.
Jodir Pereira da Silva, biólogo marinho pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) destaca a hidrodinâmica. Ela sofre a influência direta de correntes oceânicas, vento, latitude, configuração da costa, entre outros. Somado a isso, “existe a influência da descarga de água doce de origem continental em quantidade e fluxo variáveis, assim como a constituição do substrato (base) e a turbidez da água (característica que determina a propagação de luz).”

Mergulhadores no Arraial do Cabo, RJ. [Imagem: Reprodução/ Instinto Viajante]
Segundo Jodir, as maiores variedades, tanto na fauna como na flora, estão nas regiões de menores latitudes (mais próximas à linha do Equador) do que em maiores latitudes (em direção ao sul). “Na Costa Nordeste do Brasil temos grande variedade de ambientes e grande disponibilidade de energia radiante. Espera-se maiores índices de diversidade neste tipo de ambiente.”
O óleo nas praias
Quando questionado sobre a importância de diferenciar os tipos de praia, Siegle destacou que conhecer o perfil natural de uma praia é a melhor proteção para eventos extremos e para podermos manejar da melhor forma esses ambiente, até mesmo prevendo como elas se comportarão quando sujeitas a diferentes cenários.
![Voluntários trabalhando na limpeza da praia de Carneiros, PE. [Imagem: Reprodução/ REC Aerial Media]](http://jornalismojunior.com.br/wp-content/uploads/2020/09/Carneiros.png)
Voluntários trabalhando na limpeza da praia de Carneiros, PE. [Imagem: Reprodução/ REC Aerial Media]
“Esse realmente foi um grande desastre ambiental que causou muitos impactos em ambientes costeiros que serão ainda sentidos por anos”, relembra Siegle. “Mesmo esse óleo que não estando visível, ele continua impactando o ambiente pela sua composição química”.