Na nova série da Netflix, Emily em Paris, descobrimos a cidade luz através dos olhos de Emily Cooper, uma jovem executiva de marketing interpretada por Lily Collins, que se muda de Chicago, nos Estados Unidos, para a capital da França após receber uma promoção inesperada em seu trabalho.
Logo no início, a série dá indícios do tom de sua narrativa: ao se mudar para Paris em busca de experiência e oportunidades profissionais, a personagem de Lily Collins rende décadas de protagonistas femininas que sacrificaram suas carreiras em nome de preservar seus interesses românticos. A produção indica uma reviravolta na representação das mulheres na ficção, que é mais condizente com a atualidade, e sustentada ao longo de toda a série.
![Emily em Paris [Imagem: Divulgação/Netflix]](http://jornalismojunior.com.br/wp-content/uploads/2020/10/emilyemparis1.png)
Nesse contexto, por meio dos cenários, comidas típicas, pontos turísticos e figurinos, Paris assume o posto de personagem, atribuindo sentido e direção à trama.
Apesar da moda não ser o ponto principal da narrativa, os visuais são essenciais para complementar o tom da série. Eles reforçam a imagem de forasteira de Emily, através da implementação de um guarda-roupa colorido e vibrante para a personagem principal, em contraste com visuais de tons neutros utilizados pelos franceses. A produção honra o título de capital da moda atribuído a Paris, com figurinos que mesclam peças de marcas tradicionais, como Chanel, com peças de brechó, além de alusões a momentos marcantes da história da moda, como por exemplo o lendário vestido preto de Audrey Hepburn.
Comprometida com uma abordagem atual do “emprego dos sonhos”, as redes sociais são um ponto de destaque na série e são incorporadas na narrativa através da profissão de Emily e, posteriormente, pela forma de registrar suas experiências na cidade.
Emily em Paris homenageia clássicos do gênero, como O Diabo Veste Prada (2006), Gossip Girl (2007-2012) e Sex and the City (1998-2004) (série do mesmo criador) com o mesmo culto aos visuais e à cidade. Entretanto, a nova produção é comprometida com uma abordagem moderna de velhas temáticas, através da incorporação de tópicos como o machismo e o “politicamente correto” em suas discussões.
A narrativa é bem sucedida em reacender o legado deixado por suas referências e mantém o ritmo do começo ao fim, entregando dez episódios fiéis à proposta da série: uma comédia leve que agrada os olhos, distrai a mente, e provoca o desejo de estudar francês em qualquer discípulo de Miranda Priestly.