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Festival Varilux de Cinema Francês: o cinema clássico francês se reafirmando e inovando

Para ler as resenhas do 8º Festival Varilux de Cinema Francês, clique aqui. Maior do que em todas as edições anteriores, o Festival Varilux de Cinema Francês chega ao seu 8º ano, com atividades novas no Festival + e uma seleção maior em seu catálogo – 19 produções francesas que serão exibidas entre os dias 7 e …

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Para ler as resenhas do 8º Festival Varilux de Cinema Francês, clique aqui.

Maior do que em todas as edições anteriores, o Festival Varilux de Cinema Francês chega ao seu 8º ano, com atividades novas no Festival + e uma seleção maior em seu catálogo – 19 produções francesas que serão exibidas entre os dias 7 e 21 de junho. Em 55 cidades, situadas em 21 estados e o Distrito Federal contarão com a amostra que tem uma seleção de longas que defendem a diversidade cultural e lutam contra a instabilidade que o cinema tradicional sofre no Brasil.

Com intuito de tornar o evento acessível a todos, as Sessões Educativas e Sessões Democráticas oferecem, respectivamente, exibições gratuitas para escolas e a preços populares em locais alternativos, para atingir um público maior e reavivar a experiência de se ir ao cinema, que está caindo em esquecimento no país. Desta forma, haverá 58 sessões de democratização, com 17 longas do festival e 56 sessões educativas, que exibirão apenas o documentário Amanhã (Demain, 2015) e A Viagem de Fanny (Le voyage de Fanny, 2016), obras com temas universais ideais para o público infanto-juvenil.

 

Festival +

Uma das inovações da 8º edição é a Mostra de Realidade Virtual, que teve a curadoria do “Best Of” Michel Reilhac, com 4 obras francesas em 360º  e mais 4 obras também no formato, escolhidas pelo festival, com apresentações exclusivas em São Paulo e no Rio de Janeiro. Varilux se torna pioneiro no Brasil em ter uma seleção específica para o gênero que ainda engatinha no cenário internacional.

Michel, além de curador, é diretor de Viens! (2016), produção em 360º que integra a seleção. Na coletiva de imprensa, Reilhac conta que migrou para a realidade virtual 3D, pois acredita no futuro do formato. “Apenas trabalho com isso pois me permitem mostrar que a realidade virtual é uma forma de contar histórias colocando o espectador no centro. Cria uma relação orgânica, viver essa experiência”, disse.

De fato, a experiência de assistir a uma obra no formato é incrível. As sessões funcionam assim: o espectador recebe um óculos de realidade virtual, um headphone e senta numa cadeira giratório. O combo consegue nos fazer mergulhar numa vivência totalmente nova de cinema, em que não há limites para onde nossos olhos possam ver e as emoções se intensificam, num universo que emerge para o real.

O longa Duas Garotas Românticas (Les Demoiselles de Rochefort, 1967) completou 50 anos no último 8 de março e é homenageado nesta edição do Varilux. O clássico, ao longo dos anos, tornou-se modelo e inspirou diversos diretores, como o estreante em musicais Damien Chazelle em seu premiado La La Land: Cantando Estações (La La Land, 2017) – que já disse tê-lo como principal referência, ou apenas no mote de encontros e desencontros à la Medianeras: Buenos Aires da Era do Amor Virtual (Medianeras, 2011). A data marca também o quinquagésimo aniversário da morte da atriz Françoise Dorléac, umas das protagonistas do filme, que teve uma trágica morte num acidente de carro enquanto se dirigia para a estreia, em Londres.

 

Coletiva

Nesta edição, a delegação artística contou com 10 nomes do cinema francês, dentre estes 5 atores e 5 diretores. A escolha de artistas novos paras os brasileiros, tinha como objetivo mostrar a mudança de ares que o cinema francês vem trazendo para o público. Foi ressaltado que, mesmo com a clássica resistência europeia ao moldes do cinema hollywoodiano, é possível renová-lo e adaptá-lo às novas plataformas.

Dominique Abel e Fiona Gordon, são diretores e atores de Perdidos em Paris (Paris pieds nus, 2017), produção que marca os 40 anos de trabalho da dupla. Em sua fala, o casal explica que a obra possui uma linguagem diferente do normal, fazendo um “humor físico”. A atriz referência da Nouvelle Vague, Emanuelle Riva, que faleceu aos 89 anos no início de 2017, integra o elenco, deixando o longa como último presente para o público. Fiona conta que não haviam imaginado a atriz para dar vida à personagem Marta, mas que o penúltimo trabalho da veterana, Amor (Amour, 2012) e que lhe rendeu uma indicação ao Oscar, os fizeram enxergar um outro lado dela. “Emanuelle era uma senhora alegre, rebelde. Tinha 14 anos num corpo de 88”, completa Dominique.

O Filho Uruguaio (Une Vie Ailleurs, 2017), obra de Olivier Peyon, trouxe para solo nacional seu diretor e os atores Ramzy Bedia e a argentina Maria Dupláa. Filmado no Uruguai, o filme tem o poder de aproximar o cinema francês a realidade latina. “Queremos mostrar que o cinema francês é aberto para todos”, fala o diretor. Por buscar colocar em seu elenco atores latinos, parte dos atores aprendeu francês apenas para o longa, como no caso de Maria Dupláa, que conquistou Peyon sem saber dialogar em seu idioma. “Falávamos 3 linguas diferentes no set”, explica Maria, em tom de riso.

O festival trouxe para a coletiva também a diretora Noémie Saglio e a atriz Camille Cottin, que vieram falar sobre Tal Mãe, Tal Filha (Telle Mère, Telle Fille, 2017), longa que marca o terceiro trabalho da dupla francesa – que já haviam trabalhado juntas em Connasse (2013), série para a televisão de sucesso que originou o filme Connasse, princesse des coeurs (2015). A mais recente produção fala sobre a relação familiar e a inversão de papéis. Quando questionada se sua própria mãe influenciou a criação da personagem, a diretora respondeu, “minha mãe não quer absolutamente que eu fale que ela inspirou a personagem. Mas ela é super jovem e ama festejar, o que a torna mais próxima da minha personagem”.  

“Os atores e diretores tem que aprender a lidar com imprevistos, o cinema é imprevisto”  responde Olivier, quando questionado sobre como é a preparação para um filme. Já a diretora Noémie, ressalta a importância de ouvir o que elenco, produção e co-diretores pensam, pois “só assim eu sei que está tudo bem e sigo”, completa.

Na coletiva de imprensa, foi muito discutido o crescimento da distribuição streaming em detrimento ao da ida ao cinema. Para a diretora Noémie, o que mais importa é “ser visto pelo máximo de pessoas possíveis, independente da plataforma”. E é pensando em perpetuar o cinema francês que está em construção o “Meu Cine Francês”, primeiro site VoD apenas com obras francesas lançado no mundo.

No debate, a crise dos cinemas de rua em território nacional e a homogeneidade do catálogo das grandes redes foram temas com opiniões contraditórias. “Basta deixar um espaço para a sala de cinema, e preservar essa formas de viver o cinema juntos, com união.  Hoje eu acho que o cinema americano não vive esse problema, porque Hollywood tem esse poder de levar o público primeiro para o cinema, e depois à internet. Mas o cinema independente não tem essa força, na verdade, o streaming ameaça mais o cinema independente”, disse o produtor do evento, Christian Boudier. Já para o diretor Oliver Peyon, de O Filho Uruguaio,  um meio não irá ocupar o lugar do outro. “A ida ao cinema é o prazer de voltar à tradição, um prazer vintage. E por esse prazer, não acredito que um dia terá fim, não anula o ato de ver na Netflix. São múltiplas realidades.”

 

O festival acontece entre os dias 07 e 21 de junho, e a programação do festival e da Mostra de Realidade Virtual, você pode conferir no site do festival: http://variluxcinefrances.com/2017/

 

Link da vinheta: 

por Larissa Santos
larissasantos.c@usp.br

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