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‘Jogos Vorazes – A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes’ revive a saga de forma brilhante

Novo filme é uma aula de como fazer um prelúdio sem perder a relevância

Oito anos depois do lançamento do último filme da saga, Jogos Vorazes – A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes (Hunger Games – The Ballad of Snakes and Songbirds, 2023) expande o universo criado pela escritora Suzanne Collins, com um filme que se passa antes de todos os acontecimentos já vistos nas telas.

A direção de arte do filme utilizou elementos retrô-futuristas para construir o visual da antiga Capital. [Imagem: Divulgação/Lionsgate]

O filme apresenta uma Capital 70 anos mais nova em relação a Jogos Vorazes (Hunger Games, 2012), menos vibrante e colorida, com cidadãos menos extravagantes em suas roupas, mas com a mesma soberba de sempre. Dessa vez, a história é protagonizada pelo principal antagonista dos demais filmes, o presidente Coriolanus Snow, interpretado por Tom Blyth no novo longa. A trama o retrata ainda em sua juventude, antes de ocupar o cargo político mais alto em Panem. 

Mais do que a origem dos Jogos Vorazes, o espectador também conhece uma edição do evento menos espetacular, um contraste bem desenvolvido no enredo, que explica como ocorreu a transição para o show que se vê no restante da franquia. A história sobre poder, controle e ganância ajuda a entender melhor o personagem principal e o que culminou em todos os conflitos posteriores vistos nos demais filmes, ao evidenciar tensões até então pouco exploradas.

Rachel Zegler assume o papel de Lucy Gray Baird, tributo feminino do distrito 12 que já havia sido indiretamente mencionado nos demais filmes da saga. [Imagem: Divulgação/Lionsgate]

A grande quantidade de coisas novas apresentadas sobre o mundo fictício de Suzanne Collins é o maior acerto do filme. Nos outros longas, existe a noção de que os jogos são uma punição pela guerra, mas pouco se fala sobre o acontecimento em si, algo que é um pouco mais aprofundado nesse prelúdio. Além disso, apesar da Capital ainda ser o foco da trama, novas paisagens no distrito 12 também são apresentadas. Ainda que as intenções da autora a respeito de lançar mais livros ou filmes não estejam claras, esse tipo de enriquecimento do cenário expande essa possibilidade, não tem grandes erros de continuidade e reaviva o engajamento dos antigos fãs.

Viola Davis, que interpreta a Dra. Volumnia Gaul, membro do alto escalão da Capital, é o grande destaque na atuação. A personagem mescla o inteligente e o perturbador e, apesar de ser categorizada como antagonista, causa tanto fascínio em certos momentos que supera qualquer categoria de heroísmo ou vilania. A performance da atriz é essencial para a construção dessa imagem e a maquiagem também tem um papel crucial. Já Peter Dinklage dá vida a Casca Highbottom, um personagem frio e enigmático cujas nuances foram muito bem captadas pelo ator.

A atriz Hunter Schafer, estrela de Euphoria (2019), também compõe o elenco como Tigris Snow, prima do protagonista. [Imagem: Divulgação/Lionsgate]

Os diálogos e conflitos ditam um tom mais macabro que os longas anteriores, que condiz com a cronologia da saga por se passar em uma época em que eventos sombrios da história de Panem ainda eram recentes. A fotografia, que usou muito bem as sombras como recurso dramático, termina de compor esse resultado tenebroso que caracteriza o lançamento como a parte da saga mais próxima de um filme de terror, sem deixar de lado a ação e as tensões políticas que sempre marcam presença em Jogos Vorazes
Jogos Vorazes – A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes é um lançamento à altura da saga a qual pertence, sem ser mais do mesmo. Apesar de um terceiro ato um pouco confuso e de um ritmo narrativo com algumas transições bruscas de clima, o longa não tem grandes defeitos e respeita o legado da franquia.

O filme já está em cartaz nos cinemas. Confira o trailer:

*Imagem da capa: [Divulgação/Lionsgate]

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