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Olímpiadas 2024 | “Se for chorar, manda áudio”: Brasil goleia a Espanha e está em uma final após 16 anos

Deu zebra! O Brasil foi, durante todo o jogo, superior ofensiva, defensiva e taticamente, conquistando um placar de 4 a 2 contra as atuais campeãs do mundo

Por Aline Noronha (alinenoronha@usp.br)

Na última partida da fase de grupos, a seleção de futebol feminino da Espanha sorriu após vencer o Brasil por 2 a 0. Mas nesta terça-feira (06/08), as europeias choraram ao experimentar uma vingança verde e amarela: foi através de sua primeira derrota na competição, perdendo por 4 a 2 para as brasileiras, que as atuais campeãs do mundo se despediram da medalha de ouro. 

O Brasil entrou em campo com uma mudança radical de posicionamento tático. No primeiro encontro com as espanholas,  a configuração em campo foi 5-4-1, em uma tentativa de aprimoramento na defesa que não aconteceu. Já nessa nova chance, a escolha foi o 3-4-3 para pressionar as espanholas através de ataques qualificados. 

A estratégia do técnico Arthur Elias funcionou e as redes espanholas foram balançadas aos 6’, do primeiro tempo em um gol contra. Priscila pressionou a goleira Cata Coll, que tentou se livrar da bola, mas acabou atingindo Paredes, rebatendo a bola para o fundo do gol. 

O uso da máscara por parte da goleira espanhola é justificada pelo choque no rosto que teve contra a jogadora brasileira Lauren no último jogo entre as seleções na fase de grupos [Reprodução/Instagram: @jogosolimpicos]

Gols achados e perdidos

Durante a partida as brasileiras estavam atentas aos desarmes, enquanto as europeias priorizavam as trocas de passes. O time espanhol estava abaixo da média nessa partida, o que pode ser justificado, em partes, pelo intenso desgaste físico e mental das jogadoras, haja vista que, no último jogo contra a Colômbia, elas passaram por acréscimos, prorrogação e pênaltis. 

As jogadoras do Brasil, pelo contrário, alimentadas pela vitória contra a França, estavam concentradas no jogo e tiveram o melhor primeiro tempo até então nas Olimpíadas. Apesar de estarem superioras tanto defensiva quanto ofensivamente, as atletas brasileiras não poderiam se acomodar com o placar, uma vez que a Espanha tem como característica crescer e mudar resultados no fim do jogo. 

Por isso, era necessário aumentar o placar para que uma virada se tornasse improvável. Algo que, a primeiro momento, foi sofrido porque a seleção brasileira estava perdendo muitos gols em oportunidades claras. Como aos 20’ quando Ludmila demorou para finalizar e facilitou a defesa da goleira espanhola. 

Outro exemplo aconteceu aos 36’, quando Priscila ganhou uma dividida de bola que a isolou com a goleira rival, mas sua finalização foi ruim e a bola passou pelo lado esquerdo do gol. No geral, os passes brasileiros estavam bons, mas as finalizações nem tanto, sendo chutes fracos ou bolas que se chocavam contra as zagueiras espanholas.

A posse de bola no primeiro tempo foi de 36% para Brasil e 64% para Espanha. Apesar disso, as brasileiras souberam aproveitar melhor a bola quando estava em seus pés  [Reprodução/Instagram: @jogosolimpicos]

Entre chances perdidas, houveram bolas que não balançaram as redes por pouco. Aos 9’ da primeira etapa, a goleira europeia interceptou um cruzamento de Ludmila. Gabi Portilho quase marcou no rebote, obrigando Cata Coll a realizar uma difícil defesa. 

As espanholas não se deixaram subjugar facilmente e também chegaram com perigo na área brasileira. A primeira oportunidade de empate veio aos 29’ quando a camisa 10 espanhola chutou a bola em direção às redes, mas a goleira Lorena defendeu o lance com uma espalmada. 

Um dos principais erros brasileiros em relação à fase de grupos foi resolvido, e as linhas estavam mais próximas do ataque, por isso o Brasil passou a ter as melhores e mais qualificadas chances de gol em toda a partida. 

Quando os acréscimos do primeiro tempo estavam quase no fim, aos 45+4’, Portilho cravou o segundo gol brasileiro após receber uma bola vinda do lado esquerdo em um passe de Yasmin. Nesse lance, a Seleção foi direta e buscou ligações rápidas, o que possibilitou pegar a defesa espanhola desencaixada e lenta.

Volume de criação, superioridade e garra

Desde o retorno para o segundo tempo, ficou evidente que as atletas brasileiras não queriam manter o 2 a 0, mas ampliar cada vez mais o placar. No primeiro ataque do Brasil, Portilho conseguiu driblar a goleira, que estava adiantada, e passou a bola para Ludmila que, por chegar atrasada, perdeu o gol.

Aos 51’, Ludmila ainda tentou um chute de fora da área de canhota, mas a goleira espanhola mandou para escanteio. Após a cobrança, a atacante Jhennifer quase cravou um gol, mas, por questão de segundos, perdeu a oportunidade. Como resposta, aos 53’, as espanholas quase marcaram seu primeiro gol, em um lance iniciado pelo cruzamento de Athenea, mas que foi interceptado pela defesa brasileira. 

Depois disso, a seleção espanhola começou a dar mais sustos no Brasil, se aproveitando de erros de passe das brasileiras. As jogadoras, apesar da vitória, não estavam tendo calma nos lances, dando a impressão de querer “se livrar” da bola o mais rápido possível. Com isso, aos 69’, em um chute de fora da área no lado direito, Hermoso quase marcou, mas Lorena espalmou a bola para fora.

Como resposta a essa pressão, aos 72’, Adriana fez o terceiro gol brasileiro com assistência de Portilho, após a primeira tentativa ter batido na trave. Minutos depois, após mais tentativas espanholas, o primeiro gol europeu aconteceu aos 85’, após o cabeceio de Paralluelo.

Todas as finais que o Brasil já esteve nas Olimpíadas foram contra os Estados Unidos: Atenas 2004, Pequim 2008 e Paris 2024. Até o momento, a seleção não ganhou uma medalha de ouro. [Reprodução/Instagram: @fifawomenworldcup]

Após as mudanças de Arthur Elias, a defesa parecia estar mais desorganizada e com menor precisão em relação ao primeiro tempo. Logo após o gol, aos 86’, Alexis Putellas chutou a bola em direção às redes, mas Lorena defendeu a finalização e fez com que a bola batesse na trave e saísse em escanteio. 

Depois disso, no contra-ataque brasileiro, Kerolin passou para Portilho, que finalizou em direção ao gol, mas Cata Coll defendeu. Aos 91’, após a saída de bola errada da defesa espanhola, Kerolin chutou a bola entre as pernas da goleira europeia e ampliou o placar para 4 a 1.

Em mais uma partida, os acréscimos do segundo tempo foram expressivos, sendo contabilizados 15’ oficialmente e chegando aos 17’. Apesar disso, a virada espanhola era difícil, uma vez que o Brasil foi imponente do início ao fim e corrigiu de modo assertivo seus principais erros desde de sua estreia, o que diversos comentaristas interpretavam como improvável devido à pouca duração da competição.

Aos 90+12, as redes foram balançadas pela última vez com um gol que aparentou ser de Paralluelo no rebote, mas foi contabilizado como gol contra da brasileira Duda Sampaio.

O jogo hermoso brasileiro foi criticado pela camisa 10 da Espanha

Após a vitória de alto nível brasileira, a atleta espanhola Jenni Hermoso debochou da seleção brasileira em depoimento para a rádio Cope de seu país. Ela afirmou que suas adversárias “não jogaram futebol” e que, além de buscarem machucar a sua equipe, enrolavam em campo para ganhar alguns minutos em seu favor.

A resposta da torcida brasileira veio nas redes sociais da jogadora espanhola, com diversas provocações, desde bandeiras do Brasil, a letra Beijinho no Ombro, até memes do tipo “Se for chorar, manda áudio”. Alguns desses comentários alcançaram 20 mil curtidas, fazendo com que a jogadora espanhola fechasse os comentários em suas publicações mais recentes.

O nome da jogadora Hermoso, em tradução literal do espanhol, significa a palavra lindo, o que permitiu que os brasileiros fizessem muitos trocadilhos  [Reprodução/Instagram: @jennihermoso] 

Após a repercussão negativa e o linchamento on-line, Hermoso se pronunciou mais uma vez, afirmando que não faltou com respeito a ninguém, mas pediu desculpas para quem se ofendeu. “Queremos seguir curtindo o futebol, e o que acontece em campo que fique em campo, e que não haja uma guerra entre torcedores nas redes sociais, porque isso não favorece a ninguém”, afirma. 

Os internautas brasileiros descobriram o Instagram da árbitra estadunidense que deixou a bola rolar até os 19’ no jogo contra a França e comentaram coisas semelhantes em suas publicações, com referências a roubo e corrupção. 

Vem medalha aí: a seleção brasileira já garantiu um lugar no pódio

Após o apito final, as brasileiras se emocionaram e vibraram em campo ao garantir uma vaga na final das Olimpíadas de Paris, após uma quase desclassificação ainda na fase de grupos depois de uma derrota contra a mesma Espanha.

“É parabenizar muito o grupo, porque a gente se fechou, falou que ia conseguir e fez acontecer”, afirma Angelina à Globo [Reprodução/Instagram: @fifawomenworldcup]

Em entrevista à Cazé TV, a zagueira Tarciane também expressou sua alegria no momento, ressaltou que a fase de grupos foi importante para o crescimento das jogadoras na competição e que o time perdeu no momento certo. “Agora a gente tem o objetivo final, que é sermos campeãs. Tenho certeza de que estamos preparadas por tudo o que passamos”, afirma a jogadora.

A seleção brasileira, após 16 anos, está mais uma vez em uma final das Olimpíadas e, independente do resultado da próxima partida, as atletas já são medalhistas. Agora, basta saber se serão medalhas de prata ou ouro, o que será decidido no sábado (10/09) às 12h contra os Estados Unidos, no estádio Parc des Princes. 

Imagem de capa: [Reprodução/Instagram: @jogosolimpicos]

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