Por Maria Luiza Negrão (marialuizacnegrao@usp.br)
A menos de um mês da cerimônia do Oscar, chega hoje (13) aos cinemas brasileiros Sing Sing (2023), que concorre a três categorias da premiação. Baseado em uma história real, a trama, indicada ao prêmio de Melhor Roteiro Adaptado, aborda a importância de um grupo de teatro para detentos da prisão de Sing Sing, em Nova Iorque.
Em um cenário improvisado, o protagonista Divine G (Colman Domingo) é apresentado ao espectador com uma performance fenomenal de um monólogo de Sonho de Uma Noite de Verão, de Shakespeare. Divine G, preso injustamente por um homicídio que não cometeu, construiu o grupo Rehabilitation Through Art (RTA, “Reabilitação Pela Arte”, em português). No RTA, em meio a “gambiarras” e trabalho voluntário, os encarcerados podem se envolver com a produção de peças teatrais semestrais como forma de socialização.
Sempre crente no poder do grupo de transformar vidas, G e Mike Mike (Sean San José) convidam o aparentemente problemático Divine Eye (Clarence Maclin) para o RTA. Inicialmente agressivo e fechado, Eye propõe que o grupo, em vez de encenar uma produção mais séria e dramática, produzisse uma comédia como subterfúgio à dura realidade da vida de todos os detentos de Sing Sing.
A peça, a pedido dos detentos, faz uma mistura de De Volta Para o Futuro (Back to the Future, 1985), antigo Egito, faroeste, musical e o clássico Hamlet, cujo protagonista é interpretado por Divine Eye. Eye, então, aprende o que é ser livre de novo, ainda que dentro da penitenciária, por meio das encenações.

Após ter sido indicado em 2024 ao Oscar de Melhor Ator pelo seu papel na cinebriografia Rustin (2023), Colman Domingo surpreende por mais um ano. Sua atuação forte e envolvente como Divine G garantiu ao ator uma segunda chance de levar o prêmio em 2025. Clarence Maclin, apesar de não ter conseguido uma indicação como coadjuvante, também não fica muito atrás, com uma abordagem intrigante para o personagem Divine Eye.
Com trechos de gravações de peças encenadas pelo verdadeiro RTA e ex-membros do grupo no elenco, o longa ganha ainda mais emoção. Nos créditos, a grande maioria dos atores ganhou, junto de seu nome, o rótulo de “as himself” — “como ele mesmo”, em inglês — indicando que interpretavam suas próprias histórias com leves toques de ficção. O próprio Divine G, que inspira o papel de Domingo, aparece em uma das cenas. É a prova cabal do poder da arte e do companheirismo propiciado pelo grupo como instrumento de reinserção social de ex-detentos.

Sing Sing já está em cartaz nos cinemas brasileiros. Confira o trailer:
*Imagem da capa: Divulgação/Diamond Films