Cenas de ação alucinantes, explosões em alto mar, e momentos em câmera lenta são característicos de filmes de espionagem. Mas, nos filmes de Matthew Vaughn tudo isso ganha tons e cores diferentes. O diretor de Kingsman: Serviço Secreto (Kingsman: The Secret Service, 2014) e Kick Ass – Quebrando Tudo (Kick-Ass, 2010) seguiu o caminho de fogos de artifício, música e surpresas em Argylle – O Superespião (Argylle, 2024).
No filme, o espectador é introduzido a um cenário clássico do gênero. Argylle (Henry Cavill) é um espião cheio de classe, com um penteado não tão charmoso, que se encontra em uma situação de perigo. Porém, tudo isso não passa de ficção, pelo menos é o que Elly Conway (Bryce Dallas Howard) acredita.
Elly é uma escritora famosa que escreve a série de livros de espionagem do agente Argylle. Suas palavras se tornam realidade quando ela se encontra com um espião de verdade: Aiden. Interpretado por Sam Rockwell, ele revela à autora que as suas histórias acontecem fora das páginas também. A partir desse momento, são reviravoltas atrás de reviravoltas no roteiro assinado por Jason Fuchs inspirado no livro homônimo da autora de pseudônimo Elly Conway.
Quem já assistiu outros filmes de Vaughn está acostumado com os efeitos, as roupas e lutas espetacularizadas. Mas, o novo contexto de espionagem, fora do cavalheirismo inglês de Kingsman: Serviço Secreto e da comicidade de Kick Ass, comporta mais papéis. Apesar de um número de personagens exagerado e confuso em alguns momentos, em especial cenas de lutas que transitam entre a realidade e a ficção, os protagonistas, Elly, Aiden e o gato Alfie, suportam o peso de um elenco tão estrelado. Uma breve observação é a química entre Bryce Dallas Howard e Sam Rockwell que não parece tão natural, mas cada um por si sustenta a escritora confusa e o espião caótico.
Vale ressaltar o restante do elenco coadjuvante renomado do filme: o já citado Henry Cavill, Samuel L. Jackson, Bryan Cranston, Catherine O’Hara, Ariana DeBose, Sofia Boutella, John Cena e até a cantora pop Dua Lipa. Em um filme de 2 horas e 19 minutos é difícil pensar em como encaixar tantos atores de alto escalão. E é este excesso de estrelas que pode confundir e distrair o espectador, principalmente com a retomada dos seus personagens ao longo da história de forma forçada e não dando conclusões dignas a todos eles.
O conjunto da ópera é agradável e divertido, no modo Matthew Vaughn de ser, apesar dos tantos plot twists na história de Jason Fuchs. Para quem não conhece o estilo de Vaughn pode se assustar, mas é inevitável não se entreter com as loucuras absurdas no mundo da espionagem. Para quem conhece, vale a pena conferir e ainda sentir a nostalgia com referências a outro filme do diretor na cena pós-créditos.
O filme já está em cartaz nos cinemas. Confira o trailer:
*Imagem de capa: Divulgação/Universal Pictures