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Copa do Mundo de Clubes | Borussia Dortmund pratica o que há de mais ofensivo no futebol europeu

Em primeira temporada sem Reus, Borussia Dortmund assusta, mas encerra bem o ano e chega com gás à Copa do Mundo de Clubes

Por Arthur Souza (thursouzs07@usp.br)

Adversário do Fluminense na fase de grupos, o Borussia Dortmund é presença confirmada nas arenas dos Estados Unidos, onde disputará a Copa do Mundo de Clubes da FIFA. Em uma intercalação de temporadas boas e turbulentas, o aurinegro enfileirou atuações consistentes na UEFA Champions League e assegurou uma vaga para a competição mundial, via ranking europeu. 

O BVB disputa pela segunda vez em sua história uma competição de dimensões globais. A primeira ocasião foi na temporada 1996/97, quando conquistou seu primeiro e único título mundial, a antiga Copa Intercontinental, ao vencer o Cruzeiro de Dida e Bebeto por 2 a 0. 

O “Super Mundial” pode ser uma oportunidade para a equipe alemã honrar o desempenho vacilante na temporada 2024/25, mas o retrospecto recente aponta para dificuldades no mata-mata diante de clubes mais qualificados. A reformulação de elenco, a despedida conturbada do ídolo máximo do clube e os resultados do time de Dortmund nas principais competições nacionais e continentais levantam incertezas sobre a participação da equipe no maior torneio intercontinental de clubes.

Anos de frustração para a Muralha Amarela

Por dez anos consecutivos os torcedores do Borussia Dortmund tiveram que assistir ao principal rival, o Bayern de Munique, ser campeão nacional com sobras. Nem mesmo a passagem de estrelas do passado, do presente e do futuro pelo time foi suficiente para que o Dortmund desafiasse a soberania dos bávaros, que se consolidaram como uma das equipes mais constantes da Europa e raptaram a competitividade do campeonato alemão. Aubameyang, Jaden Sancho, um ainda jovem Ousmane Dembélé, Mario Götze, Kagawa, Jude Bellingham e Erling Haaland: todos breves companheiros do eterno Marco Reus, vieram e partiram, mas pouco fizeram pelo clube.

A Muralha Amarela é considerada uma das torcidas mais apaixonadas da Europa e conhecida por seus mosaicos, bandeirões e sinalizadores [Imagem: Reprodução/Instagram/@bvb09]

Se na liga nacional, a Bundesliga, o Bayern reinava absoluto, o aurinegro de Dortmund teve algumas poucas glórias na copa alemã. A equipe conquistou o torneio de mata-mata em duas ocasiões, nas temporadas 2016/17 e 2020/21, e deu à sua torcida motivos para sorrir, após anos sôfregos. 

À princípio, o Bayern parecia se encaminhar para seu décimo primeiro título consecutivo de Bundesliga na temporada 2022/23, mas alguns deslizes nas últimas rodadas levaram o Dortmund à liderança do campeonato. Com dois pontos de vantagem para o segundo colocado e apenas um jogo a ser disputado, o Borussia Dortmund encerraria a década de hegemonia do clube rival caso vencesse o Mainz. Na partida derradeira, o aurinegro sofreu dois gols ainda na primeira etapa e, mesmo com o empate arrancado nos acréscimos, amargou o vice-campeonato, devido à vitória do Bayern por 2 a 1 sobre o FC Köln. 

Apesar dos resultados desanimadores, o Borussia Dortmund surpreendeu e chegou à final da Champions League na temporada seguinte, após eliminar fortes equipes como PSG e Atlético de Madrid. A decisão contra o gigante Real Madrid seria a última partida de Marco Reus, que, aos 35 anos, não teve seu contrato renovado. O ídolo do Dortmund já acumulava jogos no banco durante o ano e, fora do time escalado para disputar a final, só pisou no gramado ao fim da segunda etapa e pouco pôde fazer. 

Pela segunda temporada consecutiva, o clube deixou escapar um grande título e, dessa vez, a taça de campeão europeu, que não levantava desde 1997, quando venceram sua primeira e única Champions League. Ao final da temporada 2023/24, a maior dor para a torcida aurinegra certamente foi ter de se despedir de Marco Reus. A saída foi acertada entre clube e jogador, mas o desfecho não fez jus à história e paixão do meia pela equipe alemã, em que fez sua base e pela qual jogou profissionalmente por 12 anos.

Ao centro, capitão Marco Reus ergue a taça da DFB Pokal após conceder duas assistências em goleada por 4 a 1 sobre o RB Leipzig, em 2021 [Imagem: Reprodução/Instagram/@marcinho11]

Diferentemente das anteriores, a atual temporada não foi marcada por disputas por títulos. Ainda em 2024, a eliminação diante do Wolfsburg na segunda rodada da copa alemã evidenciaria o patamar da equipe para o restante do ano. Por outro lado, no novo modelo da Liga dos Campeões, o aurinegro foi regular durante a primeira fase: somou 15 pontos em oito jogos. Entretanto, um deslize contra o Bologna na penúltima rodada ceifou as chances de classificação direta para o mata-mata e culminou na demissão do técnico turco Nuri Sahin. 

Liderado pelo goleador franco-guineano Serhou Guirassy, o Dortmund passou tranquilamente pelo Sporting, mas sofreu para superar o Lille nas oitavas de final pelo placar agregado de 3 a 2. Pelas quartas de final, o time alemão teve o desprazer de enfrentar o Barcelona, tido por muitos como o favorito ao título. O hat-trick de Guirassy no jogo de volta não foi o bastante para salvar a equipe, que havia sido goleada por 4 a 0 em solo espanhol. Apesar da eliminação na Champions League, a partida contra o Barcelona em Dortmund foi um dos raros momentos em que a equipe demonstrou objetividade durante a temporada.

Contra o Barcelona, Guirassy bateu pênalti de cavadinha frente a Sczesny e depois marcou outros dois gols [Imagem: Reprodução/Instagram/@guirassy19off]

Sob o comando do croata Niko Kovac, o Dortmund manteve-se oscilante no campeonato alemão e não conseguiu reverter os resultados ruins emplacados pelo antigo treinador. Após derrota por 2 a 0 para o RB Leipzig, o Borussia Dortmund amargou a décima primeira colocação na tabela da Bundesliga.

Com apenas oito rodadas restantes, uma remontada parecia insustentável e, pela primeira vez em muitos anos, o Borussia Dortmund não participaria de uma competição continental. Para o alívio da Muralha Amarela, o clube enfileirou uma sequência de sete vitórias e um empate e foi promovido à quarta posição, a última com vaga para a Champions League. Muito embora a recuperação tenha sido brilhante e seja fruto da consolidação do bom trabalho de Kovac, a equipe aurinegra realizou sua pior campanha na Bundesliga desde 2018, com 57 pontos.

Esquema tático e estilo de jogo do Dortmund

Uma análise mais aprofundada sobre o esquema tático armado por Niko Kovac evidencia as principais qualidades e fraquezas do Borussia Dortmund. Taticamente, o técnico croata pauta um jogo impositivo, cuja ofensividade se reflete nos estilos individuais dos jogadores. 

Armado em um 3-4-2-1, o time de Dortmund atua com alas velozes, que  avançam em profundidade, uma dupla de volantes com liberdade para subir ao ataque, dois meias armadores de bom refinamento técnico e um camisa nove tradicional, preso à área. 

O grande fruto do casamento entre elenco e estilo tático é a eficiência ofensiva: durante os 20 jogos sob o comando do novo treinador, o time acumulou uma média de pouco mais de dois gols por partida. No entanto, a defesa tem deixado a desejar, especialmente após a lesão do principal zagueiro aurinegro Nico Schlotterbeck, desfalque para a Copa do Mundo de Clubes.

 Desde que Kovac assumiu o cargo, a equipe sofreu 24 gols nas mesmas 20 partidas, uma média de 1,2 gols por jogo. A diferença entre a assertividade de ataque e defesa rendeu ao croata 12 vitórias, três empates e cinco derrotas, um aproveitamento de 65%. 

Escalação do Borussia Dortmund em vitória por 3 a 0 sobre o Holstein Kiel, última partida dos aurinegros antes do “Super Mundial” [Imagem: Reprodução/Sofascore]

Individualmente, o clube conta com talentos que valem a menção. Debaixo das traves, o goleiro Kobel tem enfileirado atuações decisivas há algumas temporadas, que o colocaram entre os melhores goleiros do campeonato alemão. 

No setor defensivo, o principal nome é Waldemar Anton, zagueiro que conquistou a titularidade após a contusão de Schlotterbeck e é grata surpresa em meio à insegura zaga aurinegra.

Na zona intermediária, o meio-campista Felix Nmecha, de apenas 24 anos, demonstra notável versatilidade e, muitas vezes, é responsável por determinar o ritmo de jogo da equipe, motivos pelos quais tem ganhado oportunidades pela seleção alemã. Ao seu lado, no miolo das quatro linhas, destacam-se também Marcel Sabitzer e Pascal Groß.

Gregor Kobel e Karim Adeyemi comemoram vitória sobre o Union Berlin pelo placar de 6 a 0 ante a sua torcida no Signal Iduna Park [Imagem: Reprodução/Instagram/@gregorkobel]

 À frente, Julian Brandt e Karim Adeyemi contrastam experiência e vigor: o primeiro, sucessor de Reus, em breve completará seis anos em Dortmund e é um camisa 10 forte fisicamente e técnico; o segundo, de somente 23 anos, rápido e com apetite por gol, foi destaque da campanha na Champions League 2023/24 e vislumbra um futuro brilhante pelo clube aurinegro. 

Guirassy é o nome do BVB na atual temporada. O centroavante deixou o Stuttgart e chegou a Dortmund em julho de 2024, com 18 milhões de euros envolvidos em sua transferência. Depois de se recuperar da lesão que carregava desde junho, o homem-gol não demorou a fazer valer o investimento e foi essencial para o êxito ofensivo da equipe.

 Vice-artilheiro da Bundesliga e artilheiro da Champions League, Serhou Guirassy realizou um ano mágico, uma vez que o guineano anotou 34 gols e seis assistências em 45 partidas disputadas. Com o campeonato intercontinental pela frente, seus números só tendem a aumentar, bem como a sua identificação com o clube e com a torcida. 

No banco de reservas, Kovac dispõe de bons substitutos, tais quais o lateral e ala Yan Couto, que já vestiu a camisa da seleção brasileira, e os meias-ofensivos Giovanni Reyna e Maximilian Beier, ambos jovens e promissores. Para a disputa da Copa do Mundo de Clubes, os aurinegros acertaram a contratação de Jobe Bellingham, irmão caçula do astro do Real Madrid e ex-Dortmund. O inglês de 19 anos rendeu ao Sunderland cerca de 30 milhões de euros, clube pelo qual jogou nos últimos dois anos, mas não se destacou. O Borussia Dortmund enxergou nele um bom meio-campista, versátil e polivalente, e decidiu dar-lhe a mesma oportunidade que proporcionou ao seu irmão. 

Expectativas para os EUA

Em meio à turbulência da atual temporada e às incertezas para o segundo semestre, o time alemão encontra um suspiro em seu grupo da Copa do Mundo de Clubes. O BVB divide o Grupo F da Copa do Mundo de Clubes com o Ulsan Hyundai, do Japão, o sul-africano Mamelodi Sundowns e o Fluminense, campeão da Copa Libertadores de 2023. 

Ao contrário dos desafios que disputou durante a temporada regular, o Borussia Dortmund não deve enfrentar grandes dificuldades na primeira fase, uma vez que tem potencial para apanhar os 9 pontos e liderar o grupo. O aurinegro faz sua estreia na competição contra o Fluminense, jogo que promete ser o mais desafiador para o Dortmund na primeira fase. Na sequência, o time de Niko Kovac encara Mamelodi Sundowns e Ulsan Hyundai, presas que dificilmente surpreenderão o esquadrão amarelo e negro. 

Nas oitavas de final, o Borussia Dortmund pode se esquivar de confronto contra clube europeu: a expectativa é que um dos times latino-americanos, Monterrey ou River Plate, ocupe a segunda colocação do Grupo E e seja adversário dos aurinegros na fase inaugural do mata-mata. De certo as partidas serão competitivas, mas a qualificação superior do elenco e o chaveamento favorável levam a crer que o Dortmund chegará, ao menos, às quartas de final. 

Imagem de capa: Reprodução/Instagram/@bvb09

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