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“Veneza”: a história do sonho compartilhado

Com personagens marcantes e narrativa realista fantástica, o longa envolve os espectadores

Gringa (Carmen Maura), cafetina senil e cega, refugia-se nas memórias que tem de seu amante de juventude, Giacomo (Magno Bandarz). Ela grita pelo perdão do amado e tenta fugir de casa, até conseguir com que Rita (Dira Paes) e Tonho (Eduardo Moscovis) a prometam que a levarão para Veneza, cidade onde seu amado jurou lhe esperar. É através de Gringa e dos esforços dos amigos que Veneza (2019), de Miguel Falabella, descreve a habilidade inerente do homem de sonhar.

Os primeiros minutos passam a impressão incorreta da verdadeira natureza do filme. O que é percebido como uma ambientação bruta, na verdade é uma introdução para entender as histórias e motivações dos personagens, que a cada minuto se mostram mais únicos e delicados. Por se passar em um prostíbulo, o filme conta com uma gama de personalidades muito diferentes, todas essenciais para a construção da narrativa.

A principal figura da história é a feminina, em toda sua força e desejo. Gringa é o coração; Rita, a união; Madalena (Carol Castro), sensualidade e sonho; e Jerusa (Danielle Winits) é o conformismo solidário. Ainda há a presença masculina bruta, mas ao mesmo tempo reconfortante, de Tonho e a jornada à procura de liberdade de Júlio (Caio Manhente). 

O que mais encanta no longa é que, apesar de todas as particularidades de cada personagem, em seus desejos e obstinações, todos têm um objetivo em comum: levar Gringa à Veneza.

Personagens de Veneza em uma sala com iluminação dourada, com grandes janelas que revelam uma vista cheia de plantas.
Os personagens animados com a máquina de música, logo no início do filme. [Imagem: Divulgação/Mariana Vianna]
Gravado há três anos, antes da pandemia, os atores se emocionaram ao falar de Veneza na coletiva de imprensa em que a Jornalismo Júnior foi convidada. “É difícil de falar do filme. Ele é sobre a permissão de sonhar, e parece que agora nossa consciência está voltada para a defesa de direitos básicos. O direito do sonho parece que fica longe”, diz Dira Paes.

E é sobre esse direito de sonhar que a trama trata tão delicadamente, principalmente em relação ao direito de Júlio, jovem que gosta de se travestir e planeja fugir para São Paulo com Madalena. Apesar de não ser mais aprofundada, a história desse personagem é capaz de tocar e fazer o espectador refletir sobre a violência às pessoas trans no Brasil. 

O filme suscita duas questões: todos podem sonhar? E se sonham, podem conquistar? De certa forma, ambas são respondidas.

Assim constrói-se a narrativa do realismo fantástico que envolve Gringa, Rita, Tonho, Madalena e o público ao final do filme. Todos juntos em Veneza, navegando pelas águas calmas, ao som de um bolero e ao encontro de Giacomo.

Composta por cores escuras, planos sequência e alternação de cenas entre passado e presente, a trama envolve cada vez mais o espectador no sonho compartilhado, transformando o realismo duro em fantasia, e a fantasia em realidade.

Nota do Cinéfilo: 4, Muito Bom.

O longa estreia no dia 17 de junho nos cinemas. Confira o trailer:

2 comentários em ““Veneza”: a história do sonho compartilhado”

  1. Pelo título do filme o que se imagina é que fosse um retrato de algum acontecimento em que o cinema brasileiro viesse à enobrecer no exterior. Mas essa crítica fez com que eu me interessasse em assistir o filme. Agradeço pelo excelente texto! Parabéns!👏👏

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