Sherlock Holmes – o famoso detetive de cachimbo – já foi vivido e revivido no cinema e na TV inúmeras vezes, o que fez dele uma figura familiar para a maior parte das pessoas. Agora, a estrela é sua irmã mais nova, Enola Holmes, imaginada pela escritora Nancy Springer.
A jovem Enola (interpretada pela atriz Millie Bobby Brown, conhecida pelo papel de Eleven na série Stranger Things) é uma jovem de espírito livre e mente afiada. Seu mundo vira de cabeça para baixo na manhã do seu aniversário de 16 anos, quando sua mãe (Helena Bonham Carter) simplesmente desaparece da face da Terra.
Como se isso não fosse suficiente, seu irmão mais velho, Mycroft (Sam Claflin), quer enviá-la à uma escola de formação de jovens ladies (um internato onde jovens moças aprendem sobre etiqueta, boas maneiras e como ser uma boa esposa e mãe), contrariando os desejos da própria Enola. A jovem Holmes decide matar dois coelhos numa cajadada só e foge de casa com o objetivo de encontrar sua mãe, Eudoria, antes de Sherlock (Henry Cavill) e não ser enviada para o reformatório.

A trama cumpre o seu papel de entreter o espectador, mas uma das questões que podem incomodar alguns são os próprios mistérios e cifras do enredo: os anagramas e jogos de palavras são relativamente simples e fáceis de resolver. Considerando que animações para o público infantil como Gravity Falls: Um Verão de Mistérios (Gravity Falls) e A Casa da Coruja (The Owl House), ambos da Disney, possuem códigos muito mais complexos, é decepcionante ver que o roteiro quer que acreditemos que esses mistérios foram criados para serem desafiantes até para um Holmes.

Por exemplo: quando os irmãos chegam na mansão e vêem seu estado, logo perguntam onde foi parar o dinheiro que Eudoria recebia. Apesar de isso ser óbvio, Enola não perde tempo e nos diz que seja o que for que sua mãe estivesse fazendo com o dinheiro, não era redecorar os cômodos ou contratar professores para a pequena garota.
Esses possíveis defeitos não chegam a atrapalhar a experiência, e Enola Holmes consegue ser um longa divertido e até mesmo emocionar a audiência em certas cenas. Millie Bobby Brown é uma protagonista cativante e esperta sem ser uma irritante sabe-tudo e Louis Partridge nos conquista quase que imediatamente com seu charme natural.
Outro destaque é a performance do ator Sam Claflin: seu Mycroft é tão perfeitamente detestável com sua arrogância e misoginia, que por vezes, era difícil reconhecer o ator por trás do personagem.

Embora seja fácil acreditar em sua inteligência e perceber que ele está deduzindo o mundo a sua volta com cada olhar, sua personalidade mais amigável e carismática – apesar de ser retratada nos últimos volumes escritos por Conan Doyle – pode ser estranha ao espectador, pois a representação mais comum do personagem é como uma pessoa antipática e racional ao extremo.
O contexto histórico ganha importância com o desenvolver da trama, trazendo uma mensagem feminista aparente ao mostrar os esforços do movimento sufragista na Inglaterra do século 19. Os protestos, por vezes violentos, eram os gritos de uma população que clamava em ser ouvida. Em um mundo onde o movimento #BlackLivesMatter nunca foi tão proeminente, o longa mostra que há algo intrinsecamente errado em uma sociedade em que se é necessário utilizar extremos para se ter voz.

A série de livros “Os Mistérios de Enola Holmes” tem seis livros no total, com este filme sendo uma adaptação de “O Caso do Marquês Desaparecido”. Após o imenso sucesso com o público, o diretor Harry Bradbeer disse que adoraria voltar para uma possível continuação, mas nada foi confirmado até o momento. Millie também já revelou estar mais do que disposta para essa possibilidade.
O longa já está disponível na Netflix. Confira o trailer:
*Capa: [Imagem: Reprodução/Netflix]
O filme é incrível do começo ao fim, as referências de assuntos que infelizmente são tão atuais e pertinentes como o machismo e racismo nos faz querer cada vez mais saber o desfecho da história!!!
Bela crítica, parabéns
Muito bom! Bateu até uma vontade de assistir…