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A função de cada nota: a música no cinema atual

Acompanhante do cinema desde o início, a música como trilha sonora desenvolve papéis indispensáveis que tocam o público

Muitos de nós, em algum momento, ao ver os créditos de um filme subindo, já percebemos que determinada cena com um fundo musical marcante havia mexido conosco. Pode ter sido um romance com uma trilha lenta, um momento de suspense com sons graves, o Logan Lerman em cima de uma caminhonete com Heroes tocando ou outra música cantada por Troy e Gabriella em High School Musical (2006). 

Para este que vos escreve, a cena mais marcante foi o epílogo de La La Land — Cantando Estações (La La Land, 2017). Esse não é um dos meus maiores orgulhos.

A verdade é que a música é poderosa. Ela, por si só, é capaz de perturbar, dar medo, comover, abalar, despertar sentimentos e sensações dos quais não esperávamos e criar memórias afetivas. Quando junta-se ao visual, seus poderes se intensificam. Se imaginarmos o cinema como um contador de histórias, a trilha musical (ou a ausência dela) são as expressões, entonações e movimentos feitos por ele. Ela participa da construção da narrativa com múltiplas funções.

“A música contribui bastante com a dramaticidade do filme, e o que não é dito na cena, às vezes, é transmitido para o espectador por ela”, pontuou Maiquele Romero, estudante de Comunicação Social na Universidade Federal da Bahia (UFBA) e cinéfila fervorosa, em entrevista à Jornalismo Júnior.

A trilha musical que marcou Maiquele — e a motivou a escrever o artigo “Música como elemento constituinte da dramaticidade nas narrativas fílmicas” — está presente em Sonata de Outono (Autumn Sonata, 1978). A obra de Ingmar Bergman possui apenas uma canção: Prelúdio Número 2 em Lá Menor, de Frédéric Chopin. A estudante contou que o silêncio no filme representa o afastamento das personagens, enquanto o momento musical transmite a união das duas, que são mãe (Ingrid Bergman) e filha (Liv Ullmann). A cena consegue passar, também, a pressão e o desejo de aprovação sentidos pela filha e a frieza da mãe. Logo, abrange o filme por completo com algumas notas.

Essa conexão entre as duas formas de comunicação é o que torna possível uma cena com um piano, música e Chopin não ser sobre piano, música e Chopin. O papel essencial da música é acentuar a emoção das imagens, é a impressão sonora que reforça a impressão visual e o seu significado. E isso é o que aconteceu nesse filme.

 

Cena de Sonata de Outono em que duas mulheres se sentam de frente a um piano, com uma cortina branca iluminada pela luz do sol
Sonata de Outono trata de uma mãe pianista bem sucedida e sua filha emocionalmente fragilizada. [Imagem: Reprodução/Personafilm GmbH]

 

De dó a si: um panorama da relação entre o cinema e a música

Apesar de não ter uma forma de sincronizar áudio e imagem nos seus primórdios, o cinema sempre esteve junto à música. Desde as primeiras exibições no início do século 20, os filmes possuíam um acompanhamento musical com pianistas ou orquestras nas salas que faziam um concerto, normalmente improvisado, conforme sentiam as imagens.

Em 1927, a máquina Vitaphone, que era capaz de sincronizar o filme a um disco de 33 rotações, passou a ser usada. Com muitos chiados, baixa qualidade e possibilidade de perda total, o sistema pioneiro, além de possibilitar a adição de diálogos e ruídos, tornou permanente a presença da música e a deu funções: ser um elemento climático ou foco da ação, como nos musicais.

Posteriormente, o sistema de sonorização foi aperfeiçoado pelo Movietone, que imprimia o som na própria película, e o laço audiovisual se estreitou. No Brasil, o primeiro filme a utilizar a máquina foi Alô, Alô, Brasil (1935), musical com Carmen Miranda.

Mas, com toda a inovação no cinema sônico, dúvidas sobre a função da música, sua participação na narrativa e até onde ela era apenas um elemento estético surgiram. Lentamente, na prática, tudo foi respondido e milhares de formas de explorar canções apropriadamente em imagens foram utilizadas.

 

Fotografia em preto e branco com dois homens ao lado do Vitaphone, importante invenção para a evolução da trilha musical no cinema
O nome Vitaphone deriva das palavras “vivo” e “som” em latim e grego, respectivamente. [Imagem: Reprodução/Flickr]
Em 1930 e 1940, compositores de teatro, óperas e operetas, especialmente da Europa, entraram nos cinemas. Recebidos de braços abertos, eles rechearam as salas com músicas sinfônicas que sabiam construir climas e com o domínio da trilha em função do gênero. 

Então, em 1950, já havia base para utilizar o som com intuito de ambientar os filmes, e diretores passaram a adotar compositores que estiveram com eles em todas as produções. A balada Smile, composta por Charlie Chaplin, que mais tarde ganharia versos, foi feita em 1936, pois sentiu a necessidade de músicas que se adaptassem a seus filmes.

Em 1960, a música popular é incorporada à trilha, tanto com músicas compostas para o filme ou não. A partitura orquestral, então, passou a se limitar apenas a funções subjacentes com suaves e cativantes melodias, enquanto os compositores populares faziam os espectadores saírem das salas de exibição cantarolando. 

Com isso, em 1960 e 1970, chegou a era de Ouro dos Musicais. Filmes como Amor, Sublime Amor (West Side Story, 1961), A Noviça Rebelde (The Sound of Music, 1965), Funny Girl — Uma Garota Genial (Funny Girl, 1968), Alô, Dolly! (Hello, Dolly!, 1969), Cabaret (1972), The Rocky Horror Picture Show (1975), Grease — Nos Tempos de Brilhantina (Grease, 1978) e Hair (1979) estouraram.

Em 1980, a música pop era explorada de todas as formas nos filmes, até como ambientação, papel antes desempenhado por instrumentais. O rock e o pop eram os principais narradores da ação do filme. A partitura orquestral não deixou de existir, apenas passou a coexistir com a música popular em mesmos elementos, de acordo com a necessidade estética de cada filme. 

Isso proporcionou trilhas musicais riquíssimas, como de E.T. O Extraterrestre (E.T. the Extra-Terrestrial, 1982) e de Cidade de Deus (2002), que não possui trilha original e vai de Cartola a James Brown. A venda de discos com a trilha completa surgiu como um novo modo de explorar a criação e se aprofundou com os álbuns inspirados, como Black Panther: The Album, de Kendrick Lamar.

 

Cena de Cidade de Deus em que um baile acontece. Pessoas se aglomeram sob uma luz azulada
Cidade de Deus conta sobre o crescimento do crime organizado e a vivência nas favelas, incluindo os bailes. [Imagem: Reprodução/Lumière Brasil]

 

Uso harmônico: classificação e modos de aplicação da trilha musical

“Quando falamos sobre trilha atualmente, falamos de tudo que dá emoção e movimento para uma cena. Tanto as trilhas diegéticas como as não-diegéticas. Imagina uma cena de luta sem trilha, apenas com barulho de socos. Você sentiria falta daquela injeção de adrenalina”, comentou Joni, artista independente formado em produção fonográfica pela Belas Artes, em entrevista à Jornalismo Júnior. “E não é só encher linguiça durante uma troca de cena, saca? Tem que ter contexto e fazer referência ao que está acontecendo ali”. 

Foto de Joni, um jovem negro de pele clara, utilizando óculos, uma camisa listrada bege e preta e uma camiseta branca por baixo
Joni, artista independente e revelação do R&B paulista. Seu primeiro EP possui uma narrativa entre as músicas, Romeu e Julitreta é o prelúdio
[Imagem: Reprodução/Instagram/@joniojoni]

Trilhas não-diegéticas são formadas por músicas que são parte da narrativa e que os personagens não ouvem. Já as diegéticas são aquelas que fazem parte da realidade do filme, como A Thousand Miles em As Branquelas (White Chicks, 2004).

Apesar de não ser um grande cinéfilo, Joni revelou que a trilha musical que mais o tocou foi o final de Olhos que Condenam (When They See Us, 2019). O filme para televisão de quatro partes conta a história de cinco jovens negros acusados injustamente em 1989 de estuprar uma mulher no Central Park. A obra encerra ao som de Moon River na voz de Frank Ocean, mostrando o que aconteceu com os meninos após serem libertos em 2002. A música originalmente composta para o filme Bonequinha de Luxo (Breakfast at Tiffany’s, 1961) fala sobre sonhar e buscar um fim melhor. “A cereja do bolo que me emocionou quando ouvi depois de todas as informações poderosas apresentadas e depois do texto que expôs a superação deles”.

A trilha musical é o conjunto de todas as músicas do filme, diferente da trilha sonora, que engloba todos os sons do filme, e pode se dividir, também, em original, gravada ou adaptada. 

O diretor pode se encarregar da produção musical junto ou não de um music editor. Esse profissional apresenta músicas ou um compositor que consiga satisfazer os desejos do cineasta. Há também a possibilidade do diretor entrar em contato com o produtor musical por conta própria, principalmente se for íntimo.

Nas trilhas originais, canções são compostas especialmente para o filme. São trilhas ricas que acompanham movimentos e reações. “Tudo é transmitido pelas letras, pelos instrumentos, acordes que você pensar e na mixagem”, completou Joni. “A concepção visual que temos muda a partir dos timbres, arranjos e intensidade da voz que recebemos. Tudo isso é muito importante para a transmissão de um sentimento. E, claro, o que cada espectador percebe é diferente, e isso enriquece o projeto.”

Joni também pontuou que existem alguns clichês, como: acordes menores para cenas tristes, trítonos nos filmes de terror, metais em cenas de luta e bateria para trazer tensão. Isso só é possível porque a música é uma categoria inferior aos ruídos e aos diálogos na trilha sonora. Logo, normalmente, é feita por último e moldada à vontade dos outros componentes.

Já nas gravadas, o diretor usa músicas já existentes. Elas dão aspecto realista ao filme e são muito utilizadas para chamar atenção do público pela identificação ou grau de familiaridade. “Há um rumor de que a Beyoncé pode fazer a trilha musical da sequência de Pantera Negra (Black Panther, 2018). Eu já tinha interesse, mas fico mais intrigada por ser uma artista que eu gosto bastante”, declarou Maiquele.

Os dois entrevistados concordam que o elemento deve ser usado com cautela. Afinal, mesmo com a licença poética, o contexto de produção da música e a história do filme são diferentes, logo podem causar uma leitura errônea. 

Nas trilhas adaptadas, músicas são recriadas por músicos para participarem da narrativa. Para a estudante e o cantor, esse tipo de trilha musical ganha ainda mais importância em filmes com protagonistas negros e com adaptação de canções de artistas negros do passado.

Maiquele disse que esse resgate cultural do passado e inserção no futuro é o que vemos no afrofuturismo e nos ajuda a entender de onde viemos, qual o contexto em que as pessoas estavam inseridas antes e quão semelhante ele é aos dias atuais, o que é muito importante para o movimento negro. Além disso, é uma forma de homenagear artistas que não tiveram oportunidade de serem premiados e reconhecidos.

“É muito importante relembrar esses sons para uma reeducação musical. Conheci muitas das minhas referências musicais por covers. E, também, porque a música e a arte no geral ajudam as pessoas a se afirmarem e se identificarem com movimentos e pautas. A arte me ajudou a me enxergar como parte de algo de uma forma menos dolorida”, complementou Joni.

 

Cena de Olhos que Condenam em que um rapaz toca um trompete sentado no meio da rua
Olhos Que Condenam foi dirigido por Ava DuVernay e explora assuntos difíceis com maestria. [Imagem: Reprodução/Netflix]
Os diferentes tipos de trilhas podem ser acrescentados aos filmes de diversas formas, como fio condutor, elemento de ficcionalização da história ou até mesmo descrição psicoemocional. Para serem incluídas, há algumas características que as trilhas precisam ter. As diegéticas precisam ser providas de invisibilidade e inaudibilidade. Ou seja, serem subordinadas aos outros elementos da trilha sonora e serem ouvidas e sentidas inconscientemente.

Além de proporcionar continuidade rítmica e formal entre cenas e guiar a atenção dos telespectadores, a música pode ser aplicada em outras classes. As quatro mais utilizadas nos dias de hoje e mais importantes são as informativas, emotivas, descritivas e caracterizadoras.

É informativa quando a música tem a função de esclarecer situações ambíguas, comunicar pensamentos não verbalizados, evocar contexto histórico ou indicar status social. Ela também pode estimular a associação do som com algo da vida pessoal do espectador ou ser um referencial para saber o ponto de vista de qual personagem está sendo transmitido.

São classificadas emotivas canções que sugerem atmosferas psicoemocionais, estabelecem relacionamentos e enfatizam emoções particulares sugeridas na narrativa. Normalmente, as melódicas buscam intensificar as emoções do personagem no interior do telespectador. “Há músicas que até quando não estou assistindo ao filme e estou apenas escutando a trilha musical no Spotify me causam angústia, pois me lembram o que senti quando assisti a cena”, Maiquele assumiu. 

Além disso, segundo o compositor Mauro Giorgetti, “O silêncio como negação absoluta da música, nas circunstâncias adequadas, pode se tornar tão ou mais expressivo e, por vezes, mais dramático que ela própria”. Ou seja, muitas vezes, a ausência de trilha musical pode ser tão emotiva quanto a presença dela, por exemplo, na cena final de Retrato de Uma Jovem em Chamas (Portrait of a Lady on Fire, 2019).

Já as músicas descritivas são aquelas que descrevem um ambiente, uma situação, um lugar, por exemplo, um país ou uma região. Quando filmes estrangeiros desejam representar o Brasil, o samba é usado, como em Rio (2011), que a trilha sonora toda tem influência do ritmo brasileiro. Músicas descritivas são muito presentes para apresentar países latinos.

Por fim, as caracterizadoras ajudam na identificação de um personagem e exploram a personalidade e a singularidade dele. A marcha imperial de Darth Vader em Star Wars é um exemplo. “Além de ser uma jogada de marketing muito boa, também traz uma memória emocional e afetiva grandíssima. Isso dá vida ao personagem e o conecta com o público”, disse Joni.

A prática dessa quarta classificação tem sido ainda mais aprofundada com a ascensão dos álbuns inspirados. Black Panther: The Album, álbum externo inspirado em Pantera Negra, de Kendrick Lamar, além de expor aflições da população negra estadunidense, também traz canções pelo ponto de vista de T’challa.

Spider-Man: Into the Spider-verse (Soundtrack From & Inspired by the Motion Picture), álbum externo de Homem-Aranha no Aranhaverso (Spider-Man: Into the Spider-verse, 2018), traz diversos artistas que examinam a afro-latinidade do personagem principal e seu amadurecimento.

O mais recente, The Lion King: The Gift de Beyoncé, baseado no live action O Rei Leão (The Lion King, 2019), além de trazer artistas e sons africanos para a produção, aprofunda-se em temas que afetaram Simba, como a ancestralidade. Para deixar isso claro, a cantora fez algumas falas do filme como interlúdios.

Ao ser perguntada se essa exploração da trilha musical para lucrar ainda mais com o filme pode ser considerada maléfica, Maiquele, como consumidora, disse: “se está sendo feito com essa consciência social ou está sendo feito de forma a dar visibilidade para pessoas e para temas super importantes, eu acho que é uma coisa bem bacana. Não é criar música só por criar.”

 

Cena de Black is King, que segue a trilha musical de O Rei Leão, em que várias mulheres negras posam usando vestidos em uma sala de madeira
A partir do The Gift, Beyoncé fez um álbum visual chamado Black Is King (2020). O filme é uma releitura de O Rei Leão com exaltação da beleza negra e ancestralidade. [Imagem: Reprodução/Disney+]

Playlists de transmissão de sentimentos: Se a Rua Beale Falasse (If Beale Street Could Talk, 2018) e As Ondas (Waves, 2019)

Quando as primeiras três classes informativa, descritiva e emotiva se juntam, temos trilhas ricas com informações indispensáveis para a obra. Por exemplo, Se a Rua Beale Falasse e As Ondas. O primeiro, dirigido por Barry Jenkins e com músicas originais compostas por Nicholas Britell, pouco importa-se com a forma que o espectador irá se sentir. Eles apenas buscaram informar e descrever como os personagens estavam emocionalmente durante as cenas. 

Dentre os resultados, destaca-se a música Agape, tocada quando o casal principal está feliz e apaixonado. Nela, eles buscaram criar “o som do amor”. A composição conta com cordas e instrumentos de sopro que tentam “tocar o céu de tanta alegria”. A música virou trend no TikTok com vídeos de amor fraternal ou romântico mesmo sem os usuários terem noção do que a canção se tratava, pois sentiram o amor nela.

 

“Em qualquer tipo de transmissão de sensação no meu som, eu me atento a duas coisas: a composição do instrumental e a composição lírica. Ou seja, melodias que transportam o que quero dizer, acordes e sequências dão a cara da sensação e muito cuidado na escolha.”

Joni

 

Outro destaque é a música Eros. Ela é tocada em dois momentos: na primeira relação sexual do casal, Fonny (Stephan James) e Tish (KiKi Layne), e depois, deturpada e em tom mais grave, na cena em que o amigo de Fonny conta sua experiência na cadeia. Britell tentou mostrar como algo bom iria ser transformado em algo ruim durante o filme.

“É algo bastante intenso em ambas as cenas, só que na primeira transborda sentimentos positivos, enquanto na segunda te leva ao seu limite para ver o quanto você aguenta a agonia”, diz Maiquele.

 

Casal de Se a Rua Beale Falasse dançando colados em um salão com tons marrons
Se a Rua Beale Falasse conta a história de um casal afro-americano que batalha contra acusações criminais injustas. [Imagem: Divulgação/Annapurna Pictures]
Em As Ondas, a trilha musical é majoritariamente gravada, com poucos sons originais, e é o fio condutor da narrativa, pois Trey Edward Shults, diretor e escritor, criou uma playlist e a partir dela escreveu a história. Estão presentes no filme músicas de  H.E.R., Kendrick Lamar, SZA, Tyler, The Creator, Amy Winehouse, Kanye West e Frank Ocean. “Se você ouvir as músicas separadas do filme mas na mesma sequência, ali há uma narrativa de acontecimentos”, declarou Shults para o The New York Times. “Alguém me disse que é como se eu tivesse criado um musical, mas é a câmera que está dançando”.

Assim como em Se a Rua Beale Falasse, as músicas não desejam dizer como o espectador deve se sentir, e sim expressar o que os personagens estavam pensando, descrever seus sentimentos e informar o que eles ouvem quando se sentem daquela forma. 

No filme destaca-se Be Above It do Tame Impala, que fica repetindo “tenho que estar por cima, tenho que ser melhor” e representa a pressão em que o personagem Tyler (Kelvin Harrison) está. Outro destaque é I Am a God do Kanye West no clímax do filme, quando Tyler se sente capaz, decidido e desobedece às ordens de seu pai. E, por fim, Pretty Little Birds da SZA, quando a irmã de Tyler, Emily (Taylor Russell) sente-se liberta da culpa que sentia por tudo que aconteceu.

 

Montagem com uma cena do filme as Ondas em que a protagonista aparece com um céu azul de fundo. Ao seu lado, recortes do roteiro em que as músicas que compõem a trilha musical são mencionadas.
A construção do roteiros de As Ondas foi feita totalmente com base e participação de músicas. [Imagem: Reprodução/A24/Screenwriters Network]
A partir dos dois filmes fica claro como o cinema e a música, quando juntos, podem causar grande impacto em seus espectadores. Especialmente porque a música do cinema atinge o hemisfério direito do cérebro, onde processamos imagens, estados sensitivos, ânimo e sensações. A aproximação das duas linguagens de comunicação, além de enriquecer a obra como tem feito desde seus primórdios, possui múltiplas formas de ser aplicada. Tudo isso podemos observar nas duas obras. Certamente, com os avanços do cinema, esse laço se aperfeiçoará e a função da música será diversificada e aprimorada cada vez mais.

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